Benchmarking

Edicao Atual - Benchmarking

Editorial

 que esperar de 2011?

Os magos da economia preveem que, em 2011, o Brasil deverá manter, pelo segundo ano consecutivo, vigoroso crescimento econômico da ordem de 4,5%. A dúvida é: no primeiro ano do novo governo, o País conseguirá superar os obstáculos para consolidar um novo ciclo de crescimento dinâmico e sustentável?

A ameaça de ocorrer inflação a qualquer tentativa de baixar os juros; o câmbio sobrevalorizado, com risco de provocar desindustrialização; os gargalos de infraestrutura, que exigem montante considerável de investimentos; o crescente déficit em conta corrente; e a elevada carga tributária são fatores que inibem a sustentabilidade do crescimento.

Se não bastasse tudo isso, nossa economia ainda poderá sentir os reflexos da lenta recuperação dos países desenvolvidos.

É esperar para ver!

Nesta Cosmetics & Toiletries (Brasil), “Benchmarking em busca do melhor”, o tema da capa, mostra como obter bons resultados praticando aquilo que deu certo.

Esta edição apresenta três artigos técnicos sobre protetores e proteção solar – assuntos de grande importância para nossa indústria e nosso mercado. Outro interessante artigo fala sobre as nanopartículas, assunto, igualmente, bastante atual. Complementam a pauta os abstracts de trabalhos premiados no Congresso da IFSCC, realizado em Buenos Aires, Argentina.

Maria Rita Pereira Lemos de Resende é o personagem em “Persona”. Cosmetóloga, fisioterapeuta e pesquisadora, ela é exemplo de dedicação profissional na arte de ensinar.

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Suspressão do Estado Singlete: Garantia e Fotoestabilidade - Craig Bonda e Anna Pavlovic (The HallStar Company, Chicago, IL, Estados Unidos) Kerry Hansonand e Chris Bardeen (Universidade da Califórnia, Riverside, CA, Estados Unidos)

Quanto mais rapidamente um fotoestabilizador agir, menores serão as chances de ocorrerem reações químicas destrutivas. Nesta pesquisa, os autores descrevem um novo fotoestabilizador, o etil-hexil metoxicrileno, que suprime a excitação do estado singlete dos filtros UV. Os dados mostram como esse produto pode definir um novo padrão para a fotoestabilização do butil-metóxi-dibenzoil-metano (avobenzona), mesmo na presença de metoxicinamato de etil-hexila.

Cuanto más rápido un fotostabilizador actuar, menos serán las oportunidades para las reacciones químicas destructivas. Aquí, los autores describen un nuevo fotostabilizador, etilhexilo metoxicreleno, que actúa apagando el estado singulete excitado de filtros UV. Los datos muestran cómo este material establece un nuevo estándar para la fototostabilización de avobenzona, incluso en la presencia de metoxicinamato octilo.

The faster a photostabilizer works, the fewer opportunities for destructive chemical reactions. Here, the author describes a new photostabilizer, ethylhexyl methoxycrylene, which acts by quenching the singlet excited state of UV filters. The data shows how this material sets a new standard for the photostabilization of avobenzone, even in the presence of octyl methoxycinnamate.

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Materiais Pequenos, Menores e Nanomateriais: um Benefício Invisível - Johann W Wiechers, PhD (JW Solutions, Gouda, Holanda)

Apesar de os nanomateriais estarem sendo utilizados em cosmético há muito tempo, os consumidores creem que esses materiais podem se constituir num risco para a saúde, devido à sua possível penetração na pele. O presente artigo avalia os benefícios, assim como a penetração, na pele, das nanopartículas usadas em cosméticos.

Aunque los nanomateriales han sido usados en cosméticos desde hace algún tiempo, los consumidores creen que pueden constituir un riesgo para la salud debido a su posible penetración en la piel. El presente artículo evalúa los beneficios, así como la penetración en la piel de las nanopartículas usadas en cosméticos.

Although nanomaterials have been used in cosmetics for some time, consumers believe they may constitute a health risk due to their posaible penetration into the skin. The present article evaluates the benefits as well as the skin penetration of nanoparticles used in cosmetics.

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Fotoproteção Capilar: Efeitos da Radiação nas Fibras - T Santana Balogh, C A Pedriali, R Miranda da Gama, T Mary Kaneko, A Rolim Baby, M V Robles Velasco (Faculdade de Ciencias Farmacêuticas - USP, São Paulo, SP, Brasil) R T Villa, V Bedin (Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pel

A radiação UV danifica a fibra capilar, reduzindo a força e a elasticidade, ressecando-a, deixando áspera a textura, promovendo a perda da cor, aumentando a fragilidade e reduzindo o brilho. Esses danos podem ser minimizados com o uso da fotoprotetores capilares. Este artigo descreve os principais danos provocados pela radiação ultravioleta aos cabelos e os principais meios de fotoproteção.

La radiación UV daña la fibra capilar, reduciendo la fuerza y elasticidad, secado, dejando la textura áspera, promoviendo la pérdida de color, aumentando la fragilidad y reduciendo el brillo. Eses daños pueden ser minimizados con el uso de protectores solares para los cabellos. En este artículo se describe los graves daños causados por la radiación ultravioleta para el cabello y los principales medios de hacer frente a la foto protección.

The UV radiation damages the hair fiber, reducing the strength and elasticity, drying, leaving the rough texture, promoting the loss of color, increasing frailty and reducing gloss. This damage can be minimized by the use of sunscreens. This article describes the major damage caused by ultraviolet radiation to the hair and the principal means to protect it.

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Protetores Solares (Artigo de Revisão) - Emiro Khury e Edna B. Souza (EK Consultores Ltda., São Paulo SP, Brasil)

Mudanças na regulação dos protetores solares sugerem novas discussões sobre metodologias de avaliação da eficácia e como os novos filtros solares demonstram sua influência no desempenho dos produtos. Neste artigo, os autores iniciam uma discussão sobre a necessidade de proteção contra os raios infravermelhos e revisam os fundamentos de sustentação do desenvolvimento de protetores solares estáveis e eficientes.

Los cambios en la regulación de los protectores solares sugieren discusión sobre las metodologías para evaluar la eficacia y la forma en que los nuevos protectores solares han demostrado su influencia en la eficacia del producto. En este artículo, los autores inician un debate sobre la necesidad de protección contra los rayos infrarrojos y la revisión de los fundamentos que apoyan el desarrollo de los protectores solares estables y eficaces.

Changes in regulation of sunscreens suggest further discussion on methodologies for evaluating the effectiveness and how the new sunscreens have demonstrated its efficay on product performance. In this article, the authors begin a discussion on the need for protection against infrared rays and review the fundamentals that support the development of stable and effective sunscreens.

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Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

G20 e a Proteção ao Consumidor

Nos dias 11 e 12 de novembro, a cúpula do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do Planeta, realizou uma reunião em Seul, Coreia do Sul, para discutir políticas econômicas e financeiras, principalmente referente aos desequilíbrios cambiais que afetam o comércio mundial – e o bolso do consumidor!

Preocupada com os consumidores do Planeta, a entidade internacional Consumers International (CI) - apoiada pelas 220 organizações de consumidores, dos 115 países que representa – pressionou os líderes mundiais para que os direitos do consumidor na contratação de serviços financeiros estivessem na pauta de discussões desse encontro da cúpula.

Apesar de essa pauta não ter sido discutida no encontro, os líderes do G20 reconheceram que existe a necessidade de que seja abordada a proteção do consumidor financeiro, no próximo evento, que deverá acontecer no final de 2011.

De fato, o ponto n° 41, do Plano de Ação de Seul, destaca que é preciso melhorar a proteção dos consumidores e solicita ao Conselho de Estabilidade Financeira (FBS, sigla em inglês para Financial Stability Board) que trabalhe com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e com outras organizações internacionais, para explorarem esse tema durante a próxima reunião, e informar quais são as opções para avançar na proteção dos consumidores financeiros, por meio da escolha informada, que inclui divulgação, transparência e educação, proteção contra fraudes, abusos e erros, assim como o recurso e a assistência jurídica.

A iniciativa da CI, que mobilizou todas as entidades representadas em seus respectivos países, consistiu na reivindicação para que o G20 criasse um grupo de especialistas encarregado de elaborar recomendações para garantir, aos consumidores de todo o mundo, o acesso a serviços financeiros mais estáveis, justos e provenientes de mercados competitivos.

Para isso, foi proposta a adoção de normas mínimas, como:

- Estabelecer termos de contrato e encargos justos para produtos e serviços financeiros

- Promover concorrência efetiva nos mercados de serviços financeiros

- Desenvolver uma organização permanente para coordenar e estabelecer padrões internacionais referentes à proteção do consumidor) financeiro

- Divulgar informações sobre produtos financeiros

- Assegurar que os Estados atuem como defensores do consumidor financeiro
Sem dúvida, essa campanha é de suma importância, pois o setor financeiro merece muita atenção no que se refere à proteção ao consumidor.

Segundo estimativas, cerca de 150 milhões de consumidores de serviços financeiros são incluídos na economia mundial a cada ano, sendo que a maioria deles pertence a países onde a educação financeira e a proteção do consumidor estão em estágio inicial. Daí a importância de uma padronização!

A inclusão financeira justa e inovadora significa melhorar o acesso aos serviços financeiros, dos consumidores, por meio de uma difusão sadia e segura, baseada numa política de formação e em normas regulatórias.

Enquanto a reunião de 2011 não chegar vamos acompanhar e esperar que o G20 adote medidas eficazes para garantir a proteção dos consumidores...

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Validação das BPF e C

Como se sabe, a Portaria n°348 da Anvisa, de 18 de agosto de 1997 (publicada no D.O.U. de 20/4/1998) apresenta o Guia de Inspeção e as diretrizes sobre as Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPF e C), para as indústrias de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, que, entre outras, estabelece os quesitos para validação.

Pouco tem sido divulgado sobre esses quesitos voltados à indústria cosmética e, consequentemente, poucas empresas estão em condições de realmente realizar qualquer tipo de validação.

A validação, como é considerada nos processos da qualidade, é um procedimento fundamental para que qualquer atividade e sua resultante sejam realmente seguras.

A definição comumente aceita para validação é “o estabelecimento de evidências documentadas que fornecem um alto grau de confiabilidade de que um processo produzirá, de forma consistente, um produto que atenda às especificações e aos atributos pré-determinados de qualidade”.

A efetiva aplicação do processo de validação é constituída pelas seguintes etapas:

- Qualificação do projeto

- Qualificação de instalação

- Qualificação operacional

- Qualificação de desempenho do processo

- Qualificação de desempenho do produto
A partir do que foi exposto, pode-se deduzir qual é a complexidade do processo e quais são os requisitos para que cada uma das etapas seja realizada e a validação seja obtida.

Apenas para exemplificar, caso exista a necessidade de validar o sistema de água, a primeira etapa é a avaliação do projeto de instalação, o que em muitos casos simplesmente não existe. Muitas vezes, o equipamento é comprado e instalado sem que sejam apresentados e avaliados os requisitos do usuário; simplesmente o fornecedor entrega o equipamento e a instalação é feita sem o cuidado de seguir qualquer norma técnica específica existente.

Outra dificuldade que se apresenta no processo de validação de equipamentos é que, na indústria de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, dificilmente um equipamento é destinado a um único produto, o que dificulta enormemente o estabelecimento de parâmetros de controle operacional.

Deve-se também considerar que, em muitos casos, as instalações elétricas e hidráulicas, entre outras, são executadas sem que previamente tenha sido elaborado um projeto ou mesmo tenha sido avaliadas e qualificadas antes de ser colocado em operação.

Outra dificuldade que se apresenta, na implantação do processo de validação nas indústrias, é a inexistência de profissionais com conhecimentos para elaborarem os planos de validação, qualificação e parametrização.

A qualidade dos materiais empregados para a construção dos equipamentos muitas vezes não obedece aos critérios normativos em relação ao tipo, à solda e aos testes de avaliação funcional de equipamentos periféricos qualificados, como motores, variadores de velocidade, instrumentação, entre outros.

A validação, como definida na documentação, é a base para qualquer processo e, portanto, pode ser realizada de três formas, conforme definido pela RDC n° 134, da Anvisa, de 13/7/2001:

- Validação prospectiva: ato documentado, baseado na execução de um plano de testes, o qual ateste que um novo sistema, processo, equipamento ou instrumento ainda não operacionalizado satisfaz às especificações funcionais e às expectativas de desempenho.

- Validação simultânea ou concorrente: ato documentado realizado durante a produção rotineira.

- Validação retrospectiva: ato documentado, baseado na revisão e na análise de registros históricos, atestando que um sistema, processo, equipamento ou instrumento já em uso satisfaz às especificações funcionais e às expectativas
de desempenho.

Ao optar pela validação, a empresa deverá estabelecer a seguinte ordem de atividades:

- Formação de equipe

- Atribuição de responsabilidades

- Conhecimento e identificação do processo e do projeto

- Identificação dos requisitos críticos da qualidade

- Definição dos critérios de aceitação para os requisitos

- Identificação de interfaces em relação ao processo

- Planejamento

Para concluir, se efetivamente houver obrigatoriedade de realizar a validação, pode-se prever que existirão grandes dificuldades a serem superadas.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Recursos humanos - competências e habilidades

E uma de minhas colunas, abordei os primeiros passos da toxicologia e seus desdobramentos científicos. Entretanto, nos últimos 15 anos, os assuntos técnicos, científicos e regulatórios envolvendo a toxicologia e a cosmetologia vêm sendo discutidos com veemência.

Corroboram com essas informações: no período de 1911/2010 foram divulgadas 94.251 e 53.084 publicações, respectivamente, para assuntos de toxicologia e cosmetologia (Pub-Med-11/2010).

Não fiquei nada surpreso. Ainda mais seguro fiquei, quando recente publicação listou 96 títulos de periódicos, em circulação, relacionados a assuntos de toxicologia (Brazilian Journal of Toxicology 20(1-2):29-37, 2007).

Os números estão aí. Somente eles serão suficientes para sustentar de maneira eficiente a formação de recursos humanos voltados à área de segurança de ingredientes e produtos cosméticos? Certamente, a resposta será não. Então, o que fazer? Eis, a seguir, alguns possíveis caminhos, mesmos que tortuosos.

Em se tratando de uma área do conhecimento que contempla ensinamentos multidisciplinares distribuídos em uma longa cadeia multiprofissional, torna-se inimaginável pensar em matrizes curriculares para tão diferentes cursos de graduação, cujos conteúdos programáticos pudessem abordar a segurança de ingredientes e produtos cosméticos.

Na graduação, resguardado e priorizado o âmbito profissional, medida alternativa, viável, seria a inclusão de disciplinas optativas, especialmente nas universidades públicas, uma vez que nas privadas entra em cena o fator custo.

Os recém-egressos dos cursos de graduação, ainda inseguros até com a própria e brusca mudança de vida, sentem-se acanhados para fazer grandes voos, pois tudo é muito diferente do que vivenciaram e aprenderam e, ou, deixaram de aprender nos bancos escolares. Um caso a parte: são pouquíssimos os alunos que tiveram a oportunidade de realizar estágios curriculares supervisionados em ambientes que tratam do assunto segurança de ingredientes e produtos cosméticos.

Ainda assim muitos jovens, por razões diversas, como os estímulos recebidos dos mestres, notícias veiculadas na imprensa falada e escrita, informações dos colegas que já estão no mercado de trabalho e sua participação em eventos científicos, não desistem e vão à luta, mesmo sabendo que alguns obstáculos deverão ser superados.

Uma alternativa bastante conciliadora para os recém-egressos consiste em nortearem seus caminhos com a busca das competências e habilidades, mediante esforço pessoal, superar as dificuldades do dia a dia, armazenar energias para os finais de semana marcar presenças em cursos de especialização, jornadas e eventos científicos, ter na cabeceira textos e revistas especializadas, e, acima de tudo, ter princípios éticos, que são indispensáveis para o sucesso profissional.

Fatores próprios e pertinentes a cada profissional também poderão levá-los a outros caminhos necessários à sua formação profissional – por exemplo, cursos de pós-graduação. No Brasil, a maioria dos cursos estão sendo altamente conceituados pelos órgãos regulatórios, formando um bom número de mestres e doutores.
Essa notícia é excelente.

Mas, quando pensamos nessa importante área do conhecimento- segurança de ingredientes e produtos cosméticos – assunto que é de interesse sanitário -, por incrível que pareça ainda não contamos com nenhum curso específico. Por outro lado, a toxicologia já está contemplada com excelentes cursos de pós-graduação, porém, salvo melhor juízo, nenhum deles ainda mostrou vocação para adotar a segurança de ingredientes cosméticos como linha de pesquisa.

Qual a solução?

A inexistência de cursos de pós-graduação nessa área poderia ser solucionada utilizando-se a infraestrutura dos cursos de pós-graduação em toxicologia e a de cursos correlatos, mediante a integração desses cursos com docentes de cosmetologia. Com todo esse aporte, o Brasil poderia pensar em somar mais um instituto destinado à avaliação de segurança de ingredientes cosméticos aos 122 institutos de ciências e tecnologia, que já foram criados graças a uma parceria entre o Governo Federal e as fundações estaduais de amparo à pesquisa.

Os países desenvolvidos já contam com vários institutos que tratam da avaliação de segurança de ingredientes e produtos cosméticos, que trabalham de forma inteligente, pois assumem compromissos com suas próprias linhas de pesquisa, bem como avaliam compromissos futuros.

O instituto ora sugerido, em pouco tempo, estará lado a lado com aqueles sediados nos grandes centros mundiais.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Além da proteção solar

A pele é o único órgão do corpo humano que sofre dois tipos de envelhecimento: o cronológico intrínseco e o fotoenvelhecimento ou extrínseco.

O primeiro é regido pelo relógio biológico, havendo mudanças genéticas, químicas e hormonais. O segundo é causado pela exposição cumulativa à radiação solar. Há diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento, que são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares.

No envelhecimento ocasionado pela idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com atrofia da epiderme e da derme, menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento, a superfície da cútis é áspera, nodular, espessada e com inúmeras manchas e rugas profundas bem demarcadas.

A luz solar, por meio dos comprimentos de onda UVA e UVB, causa danos progressivos às várias estruturas da pele, como: DNA, queratinócitos, melanócitos, vasos, fibras, glândulas, entre outras. A agressão crônica e progressiva vai acumulando-se até se tornar perceptível em forma de manchas, rugas, flacidez e câncer de pele.

A proteção solar é essencial para preservar a pele e prevenir o envelhecimento, já que a radiação ultravioleta é responsável por cerca de 80 a 90% do envelhecimento observado na pele.

A fotoproteção solar constitui importante medida para prevenir e tratar o envelhecimento cutâneo. Ela deve ser iniciada na infância, sendo necessário realizar a educação da criança, em relação aos horários indicados de exposição, que desde essa fase da vida deve evitar o Sol entre as 10 e as 15 horas, nas situações de exposição intensa.

O fotoprotetor deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada 2 horas. Além disso, roupas e chapéus também devem fazer parte da proteção. O filtro solar deve ser passado em toda a superfície cutânea, numa quantidade equivalente a 2 mg/cm2.

Existem dois tipos de filtros solares: o filtro químico e o filtro físico. O primeiro interage quimicamente com a radiação ultravioleta e a transforma em calor. O segundo protege por meio de uma barreira que promove a reflexão dos raios ultravioleta.

Os produtos cosméticos com filtro também podem ter outros princípios ativos, como hidratantes, vitaminas, antioxidantes e clareadores. Hoje, também vale salientar o papel dos reparadores celulares, pois também desempenham papel importante na fotoproteção, corrigindo alterações do DNA.

O DNA (ácido desoxirribonucleico) é uma molécula presente no núcleo de todas as células dos organismos vivos, cuja principal função é armazenar a informação necessária para a síntese de moléculas celulares. O DNA abriga todas as informações do código genético.

A radiação UV pode também danificar o DNA por causa de sua interação direta com os ácidos nucleicos, ou indiretamente por meio de espécies reativas do oxi­gênio (ROS), as quais foram previamente afetadas pela radiação. Essas mesmas espécies podem ser geradas de forma extrínseca, por meio da absorção da radiação UV na pele. A ge­ração de ROS também ocorre durante o metabolismo celular oxidante, que leva à oxidação de bases nitrogenadas, normalmente guaninas, podendo resultar em mutações. Sendo assim, essas mutações podem ocorrer independentemente da exposição solar. Além da oxidação da guanina, mais frequentemente ocorre a formação de dímeros de ciclobutano pirimidina (CPO), formados pela absorção direta de fótons de UV sem intermediário de ROS. A formação desses dímeros por meio de uma reação fotoquímica ocorre em frações de segundo e não pode ser interrompida por antioxidantes, pois não gera radicais livres.

Os danos ao DNA causados pela radiação UV levam à ativação de novos genes e à liberação de sinais de estresse, incluindo a interleucina (IL-1), o fator de necrose tumoral alfa (TNF) e o IL-10, que também ativam novos genes. Essas citocinas liberadas agem na própria célula e em células distantes. Entre os genes que são ativados há aqueles para as metaloproteases-1 (MMP-1) que degradam o colágeno. O efeito é a degradação do colágeno, uma das marcas da pele fotoenvelhecida. Os filtros solares podem prevenir parte do dano ao DNA, mas não podem evitá-lo completamente.

As endonucleases são enzimas que atuam reconhecendo sequências de pares de bases específicas em moléculas de DNA com mutações, clivando-as nesses pontos. São altamente específicas: cada tipo de enzima reconhece e corta apenas determinada sequência de nucleotídeo.
Um mecanismo importante de defesa é denominado “reparo por excisão de nucleotídeos” ou NER (em inglês, nucleotide excision repair). Esse mecanismo fisiológico permite a remoção de mutações ocorridas no DNA, que são causadas pela exposição à radiação UV relacionadas à criação de dímeros de timina.

Dessa forma, produtos com enzimas, como as endonucleases, corrigem danos celulares causados pelo Sol (RUV) que não tenham sido evitados com o uso do filtro solar.

Essas formulações completam a capacidade de o produto proteger a pele, evitam o fotoenvelhecimento e o câncer de pele.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Couro cabeludo

O couro cabeludo é a parte da pele do corpo onde se concentra a maior quantidade de pelos, em termos de densidade, chamados de cabelos. Ele tem características especiais e deve, portanto, ser tratado como tal. Apresenta uma pele de cor rosada (dependendo da raça da pessoa) e sem alterações.

A pele do couro cabeludo tem espessura intermediária, entre a pele da pálpebra, que é a mais fina, e a da região da nuca, que é a mais espessa. É o local de assentamento de, aproximadamente 150.000 folículos pilosos, cada um com uma haste pilosa e uma glândula sebácea. É, portanto, um local de intensa atividade metabólica na produção do sebo e na atividade do ciclo capilar, contemplando as fases anágena, catágena e telógena dos fios. É uma área homogênea e, quando saudável, não apresenta alterações.

O que pode aparecer de errado no couro cabeludo?
Qualquer alteração de volume no couro cabeludo deve ser avaliada pelo médico, pois pode ser uma simples verruga, um cisto sebáceo ou até mesmo um tumor. Se houver alteração da cor e não de volume, deve-se prestar atenção se essa cor é avermelhada ou arroxeada, pois isso pode indicar alteração vascular. Caso haja sangramento, essa alteração deve ser examinada com urgência, devido ao risco de perda exagerada de sangue! A presença de um hemangioma (alteração vascular) pode ser, hoje, rapidamente tratada com laser.

Com relação às descamações, elas podem ser uma simples pitiríase furfurácea (descamação natural da pele do couro cabeludo) ou um quadro de dermatite seborreica (caspa). Pode ainda, em casos mais graves de descamação, ser um quadro de psoríase, doença que pode aparecer apenas no couro cabeludo ou no corpo todo.

Infecções bacterianas podem aparecer também, mas são mais raras e seguidas de calor no local, de vermelhidão e de dor.

Áreas sem cabelo podem ser consequencia de alopecia areata (pelada) ou de outras doenças chamadas de alopecias cicatriciais (como a pseudopelada de Brocq e o lúpus).

Em crianças, podem ocorrer quadros de infecção por fungos (micoses), o que não ocorre em adultos. Se um adulto apresenta micose no couro cabeludo é porque, provavelmente, ele tem algum problema de deficiência de imunidade.

Quando um profissional não médico, como um farmacêutico, tricologista, cabeleireiro ou visagista, observar alguma alteração no couro cabeludo do paciente, o ideal é perguntar a ele se tem conhecimento da lesão. Discretamente, em local reservado e não em público, o profissional deve lembrar ao paciente que aquela alteração pode ser algo mais importante do que ele está pensando, e sugerir-lhe passar por consulta médica.

As doenças do couro cabeludo podem ser classificadas em três grupos: as genéticas ou metabólicas, as sistêmicas e as infecciosas ou adquiridas.

As genéticas ou metabólicas podem englobar os tumores e as alterações da perda de cabelo, como as peladas ou as alopecias cicatriciais.

As sistêmicas são aquelas que são a representação de uma doença interna, como uma doença autoimune ou lupus eritematoso.

As infecciosas são as causadas por fungos (só em crianças), bactérias ou vírus.

Apenas as infecciosas são transmissíveis, pois qualquer contato pode passar um fungo, uma bactéria ou um vírus, por meio da manipulação, com as mãos, de instrumentos de trabalho não esterilizados adequadamente. 

Existem normas especiais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a esterilização de equipamentos e instrumentos de salões de cabeleireiro. O ideal é que se tenha uma autoclave (e não apenas uma estufa) para a realização desse processo.

O mais importante, como tudo o que se relaciona com a nossa saúde, é lembrarmos que sempre é melhor prevenir do que tratar as doenças, e que não devemos nunca negligenciar qualquer cuidado com ela.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Síndrome de fim de ano

Por que faltam embalagens?

Estamos vivendo novamente a euforia do fim do ano – produções em alta, contratações, dois turnos, três turnos... É a repetição do filme que vemos ano a ano. Nosso setor historicamente produz, em média, 40% no primeiro semestre e 60% no segundo. Obviamente, isso ocorre em função do aquecimento da economia devido às compras de Natal impulsionadas pelo pagamento do décimo terceiro salário, pelo consumo em função de compras para viagens nas férias, entre outros motivos.

Outras datas, como Dia dos Namorados e Dia das Mães, também alavancam vendas, mas, embora isso ocorra no primeiro semestre, o volume dessas vendas nunca conseguiu superar o das vendas de final de ano.

O lado bom do aumento de vendas no final de ano está no atendimento de maior número de pedidos, no fato de as fábricas ficarem movimentadas, no aumento do faturamento, e, para muitas empresas, em ser essa a hora de colocarem as contas atrasadas em dia.

O lado desagradável dessa história está nos atropelos, na vontade e na necessidade de não perder nenhuma venda, na desordem e, em alguns casos, na ganância acima de qualquer custo e qualidade.

Como a indústria cosmética é na verdade a ponta final da cadeia, ela depende da ponta inicial, que são os fornecedores basicamente de matérias-primas e embalagens.

Nessa dependência, é crucial fazer o planejamento e a programação de pedidos com os fornecedores, porém, por mais que isso aconteça ou em muitos casos não aconteça, presenciamos o que podemos chamar de “síndrome de fim de ano”, ou seja, a falta dos insumos e, no foco desta coluna, de embalagens.

Entra em cena, então, a cobrança feita aos fornecedores, as brigas, o estresse e o desgaste.
O que percebemos é a falta de bom planejamento e a timidez de empresários com relação ao provável (e histórico) crescimento de dois dígitos no faturamento do setor nesta época do ano. Alguns empresários têm medo de fazer um estoque de embalagens maior, receio de que as vendas não aconteçam e de que as duplicatas vençam, tirando seu sono. O que percebemos também é que sempre existe aquela certeza de que, se as vendas acontecerem, os pedidos para os fornecedores poderão ser reforçados e a empresa será atendida, ou, às vezes, até se imagina que acontecerão problemas, mas que uma pressão maior poderá resolvê-los.

Na verdade, o que acontece na prática, todos os anos, é que essa conta não fecha e a história se repete, ou seja, todos pensam da mesma forma e na hora em que mais se precisa de embalagens, elas não estão disponíveis. O prazo para atender um pedido, que era de 15 ou 20 dias, passa para 30, 40 ou até 60 dias, pois o fornecedor também tem sua programação e também depende de insumos. A consequência, para a ponta da cadeia, é a falta de produtos, a perda de vendas e a sensação de incompetência.

Tenho certeza de que muitos que lerão essa coluna vão dizer: ele está falando da minha empresa. Digo isso porque vejo, ano a ano, esse fato acontecer em boa parte das empresas, e esse é o lado interessante da vivência, dos cabelos brancos, da experiência.

De quem é a culpa disso? O que fazer? Como evitar a síndrome de final de ano?

Com certeza, isso passa por duas necessidades: primeiro a de acreditar no histórico do setor, depois a de acreditar nas características que devem ser inerentes ao empresário, como a ousadia, a vontade de sair da zona de conforto, o investimento que ele deverá fazer, o passo adiante que precisará dar e a vontade de crescer.

O lado ruim dessa síndrome de final de ano é a urgência em se fazer a inspeção das embalagens e a aprovação, muitas vezes, de lotes que em condições normais de vendas e produção não seriam aprovados. É a velha história “tem urgência, precisa, aprova. Não tem urgência, reprova”. Com isso, em muitas empresas a qualidade vive em função da necessidade do momento dessas empresas, e com certeza ela cai muito nessa época de final de ano, na qual a falta e o atraso na entrega de embalagens são normais.

O que precisamos é fazer “do limão uma limonada”, sendo assim, não devemos mudar as regras do jogo da qualidade em função da urgência, mas, sim, ver o que é possível fazer. No caso de uma reprovação, é sempre possível negociarmos para que o fornecedor faça a seleção prévia (nos casos possíveis) na própria casa do cliente. Se a urgência for muito grande, a ponto de se perder venda, a própria empresa pode fazer uma seleção dos defeitos, previamente ou em linha.

Há de se levar em conta dois aspectos importantes: primeiro o de que isso não pode virar rotina, segundo o de que nem todo defeito é motivo da reprovação do lote, mas passível de seleção. Em muitos casos, o lote tem de ser realmente devolvido, sob pena de comprometimento da qualidade do produto final.

Em resumo, vamos assistir a esse filme ainda muitas vezes e, embora continuemos a repetir o erro ano a ano, vamos pelo menos tentar minimizá-lo e torcer para que essa síndrome se repita no ano que vem, pois ela é o sinônimo de crescimento do setor.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Quando o Mar Morto estava doente

Quando iniciei minha carreira como farmacêutico, era muito comum as farmácias com manipulação prepararem cosméticos para pacientes. O paciente chegava ao balcão e conversava com o farmacêutico, que atenciosamente preparava um “xampuzinho” para a caspa ou um “creminho” hidratante, de acordo com os mais rigorosos critérios técnicos, científicos e legais vigentes na época. Algumas farmácias expunham produtos nas prateleiras das farmácias ou ofereciam um folheto com a sua “linha própria” de cosméticos.

Era um tempo em que supermercados vendiam itens de primeira necessidade, farmácias vendiam apenas medicamentos e perfumaria, e postos de gasolina vendiam apenas combustível.

Esse tempo passou. Hoje, postos de combustível vendem de tudo (inclusive combustíveis) e supermercados também vendem de tudo, inclusive itens de primeira necessidade.

E, até cerca de um ano atrás, as “farmácias” vendiam de tudo, até medicamentos.

Nos supermercados, as marcas próprias tomaram as prateleiras, o que é “uma realidade”. Até mesmo grandes redes de drogarias e farmácias já estão adotando o conceito de marcas próprias.

E, no decorrer desse tempo, como ficaram as farmácias com manipulação?

Para a maioria delas, o tempo não passou.
Salvo exceções, a maioria das farmácias não acompanhou as tendências de outros ramos do comércio. Com o aumento das restrições determinadas pelos órgãos regulatórios, os farmacêuticos encontram grande dificuldade para preparar cosméticos sem prescrição.
Como as farmácias poderiam retomar a preparação de cosméticos de forma a satisfazer aos clientes, aos desejos criativos do farmacêutico magistral e às modernas práticas de comércio?

Basicamente, há três possibilidades:

Fazer os cosméticos da mesma forma que antes e correr os riscos da ilegalidade;
Criar uma linha de cosméticos e montar uma indústria para produzi-los com marca própria; ou Criar uma linha de cosméticos e contratar uma indústria prestadora de serviços de fabricação (terceirização).

Obviamente, não podemos concordar com a primeira opção, pois a prática da ilegalidade é inaceitável.

Assim, criar uma linha de cosméticos com marca própria pode ser bem interessante, ou seja, devemos considerar as possibilidades “2” e “3”.

Quando pensamos que o Brasil é um país com clima variado e etnias muito diferentes, as marcas próprias das farmácias podem ser um grande diferencial em termos de cosméticos: produtos com formulações diferenciadas, adaptadas à realidade de cada região ou etnia, que não são oferecidos pelas grandes marcas que atuam em nível nacional.

O primeiro passo é identificar claramente as necessidades particulares da região. Depois, com o auxílio de consultorias, deve-se avaliar como será feito o investimento para o desenvolvimento, a produção e a comercialização da linha de cosméticos, de modo que o negócio seja viável.

Ao longo dos anos, tenho vivenciado situações de empresas que optaram, logo no início, por montar uma indústria para fornecer cosméticos de “marca própria” às respectivas farmácias. Nem sempre essa opção se mostra viável, ou quando ela se mostra viável, consome consideráveis recursos financeiros e o empenho pessoal do farmacêutico empreendedor.

A não ser que o objetivo seja competir no mercado como indústria cosmética, há um risco considerável em montar uma indústria para atender apenas às necessidades de uma farmácia. Uma indústria precisa de escala de produção, para ser lucrativa. Como dono de farmácia, você compraria uma marca de seu concorrente? Quase sempre, a resposta será “não”. Assim, haverá dificuldades para a indústria sobreviver fornecendo apenas a um comprador.

Ao meu ver, a melhor opção para uma farmácia iniciante na área de marca própria é a terceirização. Logo no início, ela poderá trazer grandes vantagens.

Primeiramente, o farmacêutico não precisará investir em uma nova empresa, atender às necessidades legais e sanitárias, comprar equipamentos ou funcionários. Seu foco será o desenvolvimento e a criação de uma linha “com sua cara”, focada em seus pacientes.

Muitos dirão: “Mas minha demanda é muito pequena, será que é possível tercerizá-la”?

A resposta é sim.

Hoje, há empresas de terceirização que podem produzir quantidades pequenas de cosméticos, a partir de 200 ou 300 unidades por produto. Geralmente, essas empresas oferecem também serviços para o desenvolvimento de embalagens, rótulos e o trâmite dos produtos na Anvisa.

Isso permite melhor utilização dos recursos e do tempo dos profissionais envolvidos. O farmacêutico – em conjunto com a terceirista – define a formulação. A terceirista cuida da produção, liberando o profissional para que ele se foque em seu negócio: na farmácia, no atendimento dos pacientes e na divulgação de sua nova linha de produtos.

Por exemplo, podem ser terceirizados: protetores solares (com a vantagem adicional da garantia do FPS), xampus, cremes, produtos corporais e perfumes.

Depois, uma vez consolidado o negócio, será possível pensar em montar uma empresa para a produção de uma marca própria, e até mesmo de uma marca totalmente nova. Tudo isso alicerçado pela credibilidade da farmácia.

Há muitas empresas de sucesso que trilharam esse caminho e ingressaram na modernidade. Quem não fez isso, deveria fazer. Afinal, já foi o tempo em que o Mar Morto estava doente.






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