Beleza de dentro para Fora

Edicao Atual - Beleza de dentro para Fora

Editorial

"Eles têm fome de quê?"


A ascensão da classe C vem roubando a cena nos últimos anos, quando o assunto é o poder de compra do consumidor brasileiro. Ainda que o tema pareça recorrente, fruto da notória melhoria nas condições de trabalho e renda em nosso país, o fato é que essas transformações se intensificam e influenciam as estratégias adotadas pelas empresas para atender a essa demanda.


De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Data Popular, que ouviu 18 mil pessoas em 26 estados, a classe C tem um potencial de consumo de R$ 1 trilhão por ano. São brasileiros que investem prioritariamente em serviços (23,16%), alimentos e bebidas (18,49%) e em saúde e beleza (8,32%).


Esse contingente avançou em todas as regiões do Brasil. O crescimento mais significativo aconteceu no Nordeste (50%). O estudo aponta que essa parcela da população já soma 104 milhões de pessoas, de um total de aproximadamente 193 milhões.


Outro levantamento, feito pela consultoria e-bit, destaca que aproximadamente 60% dos internautas que realizaram compras por meio do comércio eletrônico no primeiro semestre deste ano pertencem à classe C.


Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz, na matéria de capa, os benefícios proporcionados pelos nutricosméticos. Esses suplementos, elaborados para nutrir a pele, os cabelos e as unhas, ganham destaque entre os consumidores brasileiros, sob a premissa de um corpo saudável por dentro e bonito por fora. Um interessante artigo técnico desta edição, coordenado pelo prof. Pedro Alves da Rocha Filho, da USP de Ribeirão Preto, aborda esse promissor nicho de mercado. O estudo apresenta dados relevantes, colhidos numa pesquisa feita no campus da universidade. Apesar de o termo “nutricosmético” ainda não ser muito conhecido, uma grande parcela de pessoas tem interesse nesse tipo de produto: 84% da amostra acreditam no conceito “você é o que você come”.


A seção “Persona” apresenta a trajetória de empenho e dedicação de Jadir Nunes. Dono de uma carreira bem-sucedida no setor, ele vem cumprindo um papel especialmente relevante na cosmetologia nacional.


Os demais artigos técnicos abordam o uso de antioxidantes na prevenção de rugas, um novo ativo para o cuidado dos cabelos e do couro cabeludo, e finalmente uma interessante pesquisa bibliográfica sobre o potencial alergênico dos preservantes usados em cosméticos.


Boa leitura!


Hamilton dos Santos
Publisher

Antioxidantes na Prevenção de Rugas - Eric S. Abrutyn (TPC2 Advisors Ltd., Estados Unidos)

O conteúdo de umidade, o conteúdo de colágeno e a resposta imunológica da pele são os principais fatores que causam a formação de rugas. Os antioxidantes podem ajudar a reduzir as linhas finas e as rugas, ajudar na regeneração das células, na pigmentação da pele, a mitigar os efeitos da psoríase, auxiliar o sistema imunológico saudável e estimular o colágeno.

El contenido de humedad, el contenido de colágeno, y la respuesta inmunológica de la piel son los principales factores que causan la formación de arrugas. Los antioxidantes pueden ayudar a reducir las líneas finas y las arrugas, ayudar a la regeneración de las células, ayudar en la pigmentación de la piel, a mitigar los efectos de la psoriasis, a apoyar el sistema inmunológico saludable y a estimular el colágeno.

Moisture content, collagen content and immune responsiveness of skin are the main factors causing wrinkle formation. Antioxidants can assist in reducing fine lines and wrinkles, support cell regeneration, help skin pigmentation, mitigate psoriasis effects, support a healthy immune system and stimulate collagen.

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Nutricosméticos: Uma Análise de Consumidores - Talita Pizza Anunciato, Vânia Passarini Takahashi, Pedro Alves da Rocha Filho (Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto SP, Brasil)

Os nutricosméticos têm sido objeto de muitas investigações científicas e, por vezes, apontados por especialistas na área da beleza como mais uma invenção de marketing. O presente trabalho apresenta informações sobre o tema e investiga o nível de conhecimento sobre nutricosméticos de uma população do campus da Universidade de São Paulo-USP de Ribeirão Preto SP.

Los nutricosméticos han sido objeto de muchas investigaciones científicas y muchas veces han sido señalados por expertos en belleza como una invención del marketing. Este trabajo presenta información sobre el tema e investiga el nivel de conocimiento sobre los nutricosméticos de una población dada.

Nutricosmetics have been subject of several scientific investigations and, sometimes, pointed out as a marketing invention by beauty experts. This paper presents information of nutricosmetics and investigates the level of knowledge about nutricosmetic of a given population.

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Alternativa Natural para a Saúde do Couro Cabeludo e a Beleza dos Cabelos - O Freis, M Sabadotto, L Danoux, L Bailly, V Basocak, A Rathjens (Laboratoires Sérobiologiques (BASF Beauty Care Solutions), Levallois-Perret, França)

Os autores reportam o desenvolvimento de um complexo natural que visa mitigar dois dos principais distúrbios do couro cabeludo: a caspa e a oleosidade. Além disso, esse complexo proporciona resultados perceptíveis no que se refere à beleza dos cabelos.

Los autores reportan el desarrollo de un complejo natural que tiene como objetivo mitigar dos de los principales trastornos del cuero cabelludo: la caspa y el cuero cabelludo graso. Además, este complejo ofrece resultados visibles como la belleza del cabello.

The authors report the development of a natural complex that aims to mitigate two of the major disorders of the scalp: dandruff and oily scalp. In addition, this complex provides noticeable results as the beauty of hair.

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Potencial Alérgico de Conservantes Cosméticos - Marilucia Rita Pereira, Thaís De Lucca Machado, Angela Erna Rossato, Indianara Reynaud Toreti Becker, Juliana Lora (Curso de Farmácia, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma SC, Brasil)

Os conservantes estão no grupo de matérias-primas cosméticas que mais causam reações alérgicas aos consumidores. Este artigo traz uma revisão bibliográfica de estudos realizados com conservantes e seu potencial alergênico, buscando uma classificação do conservante de maior para o de menor probabilidade de causar uma dermatite alérgica de contato.

Los conservantes son parte del grupo de materias primas cosméticas que más causan reacciones alérgicas a los consumidores. En este artículo se presenta una revisión de los estudios realizados acerca de conservantes y su potencial alergénico, en busca de una clasificación de la más alta a la menor probabilidad de un conservante causar una dermatitis alérgica de contacto.

Preservatives are among the group of cosmetic raw materials that mostly cause allergic reactions to consumers. This article presents a review of studies conducted with preservatives and their allergenic potential seeking a classification from the higher to the lower preservative probability of causing an allergic contact dermatitis.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Acompanhando o ciclo de vida do produto

Você já ouviu falar em matriz BCG? Essa é a sigla de um método de análise de compostos de produtos, também conhecido por “portfólio de produtos ou negócios”, desenvolvido pela consultoria Boston Consulting Group, que nos ajuda a entender o grau de atratividade de determinado segmento de mercado e a posição da empresa dentro dele. O método produz uma “matriz de crescimento-participação” relativa do mercado, que tem em seu eixo vertical a expectativa da taxa de crescimento do mercado e no eixo horizontal a expectativa de participação relativa da empresa no mercado.

Dessa forma, a matriz produz quatro grandes áreas, classificando os mercados em estudo em: “Estrelas” (mercados com alta taxa de crescimento e alta participação de mercado relativa); “Abacaxis” (o oposto do anterior, ou seja, mercados com baixa taxa de crescimento e baixa participação de mercado relativa); e duas outras situações de mercado conhecidas por “Pontos de Interrogação” (alta taxa de crescimento, mas baixa participação relativa de mercado) e “Vacas Leiteiras” (baixa taxa de crescimento, porém alta participação relativa de mercado).

Todas as empresas possuem em seu portfólio produtos que se encaixam em um ou alguns desses quatros tipos de mercado. De acordo com o modelo proposto pela BGC, uma empresa competitiva deve ter um portfólio de produtos equilibrado entre esses tipos de mercado, de modo que tenha o maior número de produtos classificados como “Estrelas” (produtos inovadores) e, dentro do possível, o mínimo de produtos classificados como “Abacaxis”, cujo tempo de vida deve ser o menor possível (tomadores de recursos). É necessário investir em produtos do tipo “Pontos de Interrogação” (mercados com promessas de alta taxa de crescimento, porém ainda com baixa participação no mercado, sendo uma incógnita se esses produtos poderão tornar-se “Estrelas” ou “Abacaxis”). Segundo o método de análise, é preciso administrar os recursos dos produtos do tipo “Vacas Leiteiras”, que são os geradores de caixa e financiadores dos produtos “Estrelas” e “Pontos de Interrogação”, pois estes são produtos que apresentam alta participação de mercado, principalmente em mercados já maduros em termos de participação relativa.

Com essa ideia em mente, fica fácil entender que o ciclo de vida de um produto começa como um “Ponto de Interrogação”, e que este naturalmente deveria tornar-se um produto “Estrela”. Porém, ele pode tornar-se diretamente um produto “Abacaxi” (situação indesejada) e, após um período de acomodação da concorrência no mercado, com o lançamento de produtos similares, pode tornar-se um produto “Vaca Leiteira”, até que a introdução de um novo produto empurre o antigo para a zona dos produtos “Abacaxis”.

Talvez você se pergunte: “Mas, como homem de desenvolvimento de produto, eu preciso saber disso?”. A reposta a essa pergunta depende única e exclusivamente de você. O que se pode dizer é que os produtos se comportam dessa maneira dentro dos mercados. Conhecer o comportamento dessa curva, entendendo-a e acompanhando-a, fará de você um homem de bancada mais interessante do que apenas um formulador de produtos. Fará que você entenda porque sua organização decidiu retirar determinado produto de linha e investir em outro. Ter esse entendimento possibilitará a você dar suporte à manutenção dos produtos “Vacas Leiteiras”, para que eles fiquem por mais tempo nessa posição, o que ajudará a gerir o custo de matérias-primas, em vez de investir tempo tentando salvar produtos “Abacaxis”.

A título de exemplo, tente fazer uma análise dos produtos de sua empresa juntamente com o seu homem de marketing. Escolha um segmento específico de negócios, como o de protetor solar, e que seja representativo dentro da sua organização. Obtenha estimativas da taxa de crescimento de mercados do segmento cosmético (cabelo, infantil, protetor solar, corpo, perfume etc.) por meio de estudos feitos por empresas fornecedoras de estudos de mercados. No departamento de marketing você poderá obter o percentual de participação da empresa frente aos demais concorrentes e, no departamento de vendas, o percentual do faturamento dos produtos que compõem o mercado de protetores solares. Procure obter duas séries de dados para as duas últimas variáveis. Desse modo, você poderá acompanhar o movimento do produto dentro da matriz. Faça desse exercício uma análise periódica.

Com isso, você ampliará sua visão de negócio e aumentará seu entendimento sobre os caminhos da sua organização e do mercado em que ela atua.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Política da Qualidade e as BPF e C

A Qualidade, conforme foi conceituada pelo dr. Walter Masing, físico alemão falecido em 2004, um dos chamados papas da Qualidade, “é influenciada pela cultura da empresa em relação a produtos e serviços que são oferecidos ao mercado, mas também pela atitude frente à qualidade de todas as atividades existentes dentro da empresa”.

Como se sabe, não existe processo de Qualidade sem que, fundamentalmente, seja estabelecida a denominada Política da Qualidade da organização, independentemente do tamanho desta.

A palavra “política” tem origem na Grécia antiga, cujos habitantes definiam a forma pela qual a cidade seria administrada pelos prepostos da população.

No atual estágio da Qualidade, definimos “política” como as definições formais que posicionam a empresa relativamente acerca dos conceitos mais importantes da administração das atividades, orientando os responsáveis pelas decisões, em relação aos objetivos da Qualidade com uniformidade de propósitos.

A política define três formas do “que”:

- Orientação: o “que” pode ser feito;

- Imposição: o “que” deve ser feito;

- Restrição: o “que” não deve ser feito.

A Política da Qualidade deve estar devidamente documentada e divulgada, de modo a ser do conhecimento de todos os envolvidos, possibilitando que, na ausência de qualquer elemento, as decisões possam ser tomadas de forma que o Processo da Qualidade não sofra solução de continuidade.

Já abordamos, em ocasiões anteriores, a importância da comunicação para o Processo da Qualidade. Nesta oportunidade, iremos ressaltar que princípios da Qualidade devem, obrigatoriamente, constar do documento no qual se explicita a Política da Qualidade, conhecido como “Manual da Qualidade”.

O “Manual do Sistema de Gerência da Qualidade” descreve as políticas da qualidade usadas na empresa e a estrutura geral da companhia, assim como os métodos para a manutenção do sistema de gerência da qualidade. São eles:

- Rotinas do sistema da qualidade: são utilizadas para especificar “quem faz o que”, “quando isso é feito” e “qual documentação é usada para verificar que a atividade da qualidade foi executada como fora estabelecido”.

- Instruções de trabalho: são usadas pela empresa para detalhar como tarefas particulares devem ser realizadas onde a ausência dessas instruções poderia afetar de forma adversa a qualidade.
Em particular, os dois tipos de instrução de trabalho, a seguir, são utilizados:

- Instruções relacionadas ao sistema, que suplementam as rotinas fornecendo-lhes instruções detalhadas sobre como conduzir controles específicos, inspeções ou testes, ou como preparar materiais ou documentos.

- Instruções contratuais específicas, como diagramas, listas de material, cartões de fluxo, inspeções especiais, testes, instruções de processamento ou embalagem etc., traduzindo requerimentos contratuais específicos em documentos de trabalho.

- Registros e formulários: utilizados pela empresa, fornecem garantia/evidência de que a qualidade do produto ou serviço requerido foi atingida, e de que o sistema da qualidade da empresa está sendo bem implementado.

Formulários referem-se a marcas, rótulos, folhas pré-impressas, selos e outros meios de identificar o status do material, produto, equipamento, e de outros instrumentos usados na empresa, para atingir os requerimentos especificados.

Voltaremos a este assunto nas próximas edições, para abordar os requisitos mínimos para a elaboração do Manual da Qualidade.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Skin care: produtos regulares x cosmecêuticos

Os produtos para skin care podem ser muito diferentes, a partir de sua concepção e sua finalidade. Eles podem variar de hidratantes simples até os chamados “cosmecêuticos” e, obviamente, terão atributos bem diferentes, certo? Nem tanto. Certamente, eles terão a eficácia em patamares bem distintos, mas todos terão de ser estáveis e seguros.

Estabilidade, segurança e eficácia são os três atributos técnicos fundamentais de um produto, e devem ser bem estudados em seu desenvolvimento, não somente sob o aspecto de saúde pública, mas também considerando suas implicações econômicas e financeiras. Qualquer produto – cosmecêutico ou regular – que não apresentar o nível adequado de segurança e estabilidade pode resultar em grandes prejuízos. Temos de assumir, conscientemente, que essa avaliação é uma responsabilidade inerente ao setor de desenvolvimento e deve ser criteriosamente considerada na hora de decidir aprovar uma formulação e encaminhá-la para a fabricação.

Portanto, ao se conceber um produto para skin care, no tocante aos atributos técnicos fundamentais, o que irá variar são os requisitos de eficácia, mas isso não significa que produtos regulares não tenham de funcionar a contento. A maximização da eficácia de qualquer produto é um ponto a ser atingido porque aumentará as chances de transformá-lo em sucesso de vendas.

Cosmecêuticos exigem padrões mais rígidos, mas produtos regulares devem ser bem trabalhados. É inegável o fato de que os produtos de alto desempenho têm, supostamente, uma composição mais complexa e, logicamente, mais sensível, o que determina que os testes e os parâmetros de avaliação dos atributos fundamentais sejam mais rigorosos, assim como deve ser mais trabalhosa a montagem das suas formulações, uma vez que deve ser usado um número maior de ingredientes e, provavelmente, em percentuais mais elevados.

Se o cosmecêutico faz parte de um sistema de skin care, com vários produtos aplicados em uma sequência pré-determinada, todas as formulações devem ser consonantes. No entanto, na formulação de todos os tipos de produto deve haver uma preocupação com os aspectos da fisiologia da pele e com o modo de funcionamento do produto, desde a sua aplicação até a sua remoção. Mesmo que haja uma diferença significativa entre os resultados obtidos com o uso de cosmecêuticos e produtos regulares, estes últimos podem ser bem eficazes se forem observados esses dois princípios.

No que se refere aos antioxidantes para a formulação – em skin care –, quando se fala em antioxidante há de se diferenciar aqueles que protegem a formulação daqueles que protegem a pele. Se a formulação tem ingredientes que podem ser oxidados, ela terá de ser protegida para que se mantenha funcional e própria para o consumo. Essa proteção pode ser providenciada pela adição de substâncias específicas, como os sequestrantes e os filtros solares, pelo uso da embalagem adequada, e pelas características físico-químicas da formulação.

Antioxidante para a pele não é luxo. É uma necessidade em skin care. A oxidação é um processo metabólico que leva à produção de energia necessária para as atividades essenciais das células. Porém, o metabolismo do oxigênio nas células também leva à produção de radicais livres, que podem provocar danos extensivos. Já é consensual que o chamado estresse oxidativo está associado ao desenvolvimento de muitas doenças crônicas e degenerativas, e está envolvido no processo de envelhecimento. Já está cientificamente comprovado que uma das maiores causas do envelhecimento cutâneo é a desorganização do mecanismo de defesa antioxidante.

Estima-se que cerca de 80% dos sinais visíveis do envelhecimento são provocados pelos raios ultravioleta e pelos radicais livres. Portanto, é muito adequado que produtos para skin care ofereçam proteção antioxidante. Isso pode ser feito com a inclusão de fotoprotetores e de substâncias que tenham propriedades antirradicais livres. Mesmo em produtos regulares, que têm limitação de custo, a proteção antioxidante pode ser obtida por meio da adição de vários extratos vegetais. Temos de lembrar que os antioxidantes são espécies reativas e que, para funcionar, devem estar em quantidades adequadas, em formulações bem balanceadas e bem preparadas, com perfil físico-químico adequado, uma vez que outras substâncias presentes na composição, o modo de preparação e as características físico-químicas podem desativar essa ação desejada.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Antioxidantes no tratamento do envelhecimento cutâneo

O envelhecimento caracteriza-se pelo desgaste dos vários setores do organismo humano, gerando funcionamentos inadequados, que culminam em alterações incompatíveis com a vida. São muitas as teorias que tentam explicar o mecanismo do envelhecimento, mas nenhuma delas compreende, satisfatoriamente, a gênese completa desse processo.

A teoria dos radicais livres também pode explicar o desgaste de vários órgãos do corpo humano. Os radicais livres são moléculas que, em sua órbita externa, apresentam elétrons solitários ou não pareados, sendo, portanto, instáveis ou reativos.

Para atingir a estabilidade, essas moléculas captam elétrons de outras moléculas químicas e de componentes vitais, como DNA, elementos citoesqueléticos, membranas e proteínas celulares. A peroxidação lipídica, uma das sequelas geradas pela ação dos radicais livres, causa danos às membranas celulares e leva ao envelhecimento da pele, à aterosclerose e a outros sinais de envelhecimento. Além do envelhecimento cutâneo, as espécies reativas de oxigênio estão implicadas nos processos de fotoenvelhecimento, carcinogênese e inflamação.

Os radicais livres são formados naturalmente pelo metabolismo humano, mas fatores como a poluição do ar, o tabagismo, a exposição à radiação, a falta de exercícios físicos, a ingestão de álcool, processos inflamatórios e a ingestão de certas drogas ou materiais pesados podem também ser fontes de espécies reativas, como superóxidos, ânion hidroxila, peróxido de hidrogênio e unidade simples de oxigênio.

O mecanismo de defesa antioxidante do organismo tem como principal função inibir ou reduzir os danos causados às células pelas espécies reativas de oxigênio. Existe uma grande variedade de substâncias antioxidantes, as quais podem ser classificadas em função da sua origem ou localização em: antioxidantes dietéticos e antioxidantes intra e extracelulares. O mecanismo de ação dos antioxidantes permite ainda classificá-los como antioxidantes de prevenção, que impedem a formação de radicais livres, varredores, que impedem o ataque de radicais livres às células, e de reparo, que favorecem a remoção de danos à molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares danificadas.

Nesses mecanismos, vários micronutrientes, como vitaminas e oligoelementos, têm papel importante na proteção contra agentes envelhecedores. Os antioxidantes mais conhecidos são as vitaminas C e E. Os antioxidantes solúveis em gordura são encontrados na porção lipofílica da membrana celular e entre eles estão a vitamina E e a CoQ10.

Dentre os antioxidantes solúveis apenas em água, há grande destaque para a vitamina C. Atualmente a vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, está sendo extensamente estudada em relação à sua atividade antioxidante. Sua aplicação tópica é usada para prevenir os danos causados pelo sol e para o tratamento de melasma, estria alba e eritema pós-operatório em pacientes tratados com laser.

Quando as preparações de vitamina C são expostas aos raios ultravioleta ou ao ar, a molécula rapidamente se oxida e se torna inativa, inutilizando a preparação. A vitamina C se tornou um aditivo popular de muitos produtos pós-sol, pois ela interfere com a geração de espécies de oxigênio reativo induzida pelos raios UV pela reação com o ânion superóxido ou o radical hidroxila. A vitamina C, um forte antioxidante por si só, também reduz (e, portanto, recicla) a vitamina E oxidada, que volta à sua forma ativa, de modo que as capacidades antioxidantes da vitamina E são amplificadas.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Cabelos e Antioxidantes

Antioxidantes ajudam a afastar os danos que os radicais livres podem causar às células do corpo, incluindo aqueles encontrados em seus cabelos. As células saudáveis são essenciais para o crescimento dos cabelos, e ter uma dieta rica em vitaminas antioxidantes pode ajudar a prevenir a perda dos fios, que resulta de danos ambientais e deficiências nutricionais.

Quando seu corpo processa o alimento que você come ou é exposto a agressões ambientais, como o fumo do tabaco, os radicais livres se formam. Eles, além de serem danosos às células, também podem contribuir para o desenvolvimento de câncer e de outras doenças. Antioxidantes são substâncias que podem ajudar a eliminar os radicais livres e, portanto, prevenir os danos que estes podem causar. Em termos de saúde do cabelo, os antioxidantes podem ajudar a manter seus folículos, bem como manter a integridade das membranas das células – o que contribui para o crescimento adequado dos fios.

Alguns antioxidantes que possuem estreita afinidade com os cabelos são:

- Vitamina C – tem várias funções relacionadas ao crescimento do cabelo, incluindo a manutenção do tecido conjuntivo da pele como um todo. Como um antioxidante, atua para proteger as células, tanto nos folículos como nos vasos sanguíneos do couro cabeludo, promovendo o crescimento saudável dos fios. Adultos do sexo masculino necessitam de 90 mg dessa vitamina por dia, e as mulheres adultas, de 75 mg por dia. No entanto, para promover uma pele e pelos saudáveis, uma dose diária de 100 a 200 mg é recomendada. Você pode tomar essa vitamina como um complemento ou consumi-la em alimentos, como frutas cítricas.

- Vitamina E – os radicais livres podem comprometer a integridade das membranas celulares em seus folículos capilares, tornando-as instáveis e, potencialmente, diminuir o crescimento do cabelo. A vitamina E trabalha para prevenir esse retardo, por meio do reforço das membranas celulares e evitando que os radicais livres ataquem seus folículos. A dose terapêutica para a saúde e o crescimento do cabelo é de 50 a 400 UI por dia, embora a ingestão diária recomendada deste antioxidante seja de apenas 22,5 UI. Embora suplementos estejam disponíveis, a melhor maneira de obter vitamina E é por meio de alimentos como ovos, sementes de girassol, óleos vegetais prensados a frio, aspargos e inhame.

- Vitamina A – é outro antioxidante que mantém os radicais livres longe dos folículos do cabelo. A deficiência dessa vitamina pode levar ao ressecamento dos fios e o seu excesso pode levar à perda de cabelo. A dose diária recomendada para a saúde do cabelo é de 5000 a 25000 UI por dia. No entanto, a ingestão diária recomendada é de 3000 UI para adultos do sexo masculino e 2333 UI para mulheres adultas, e o limite máximo tolerável pelo organismo desse antioxidante é de 10000 UI por dia. Situações excepcionais podem exigir a presença de uma concentração maior dessa vitamina na dieta, mas isso deve acontecer apenas com orientação médica. Ovos, óleos de fígado de peixe, produtos lácteos e vegetais amarelos ou laranja são boas fontes de vitamina A.

O tipo mais comum de perda de cabelo é a calvície de padrão masculino ou feminino, também chamada alopecia androgenética ou AGA. Embora alguns estudos sugiram que os antioxidantes possam ajudar a tratar a queda de cabelo, a pesquisa clínica é ainda insuficiente. Os antioxidantes podem neutralizar os radicais livres e proteger contra inflamações e doenças degenerativas.

Pesquisa clínica publicada no Journal of Alternative and Complementary Medicine sugere que uma combinação de beta-sitosterol e extrato da planta medicinal saw palmetto pode reduzir a perda de cabelo em homens com calvície de padrão masculino ou alopecia androgenética (AGA). Beta-sitosterol é um antioxidante encontrado em plantas e grãos. Saw palmetto é extraído das bagas da Serenoa repens, e contém ácidos graxos e antioxidantes. Um centro de pesquisas localizado no estado do Colorado, nos Estados Unidos, conduziu um estudo do tipo placebo-controlado, duplo-cego com 60 homens saudáveis com AGA ligeira a moderada. Eles descobriram que, com essa combinação, 60% dos participantes apresentaram melhora na queda de cabelo. Pesquisa publicada no Journal of Investigative Dermatology descobriu que o extrato de hortênsia retardou a fase catágena do ciclo do cabelo. Hortênsia é uma planta ornamental, usada para fins medicinais na medicina tradicional chinesa.

Faltam ainda estudos clínicos que comprovem todos esses efeitos, mas o caminho está aberto!

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Embalagens chinesas: mitos e verdades

Em minhas colunas tenho falado, normalmente, dos bons produtos cosméticos brasileiros, das facilidades para desenvolvê-los e da preocupação dos nossos técnicos, sempre antenados com o que há de mais novo no mundo em termos de princípios ativos.

Por outro lado, sempre quando falo de embalagens não consigo dar o mesmo enfoque a esse assunto, considerando as dificuldades que encontramos e que são claramente percebidas nos pontos de venda, principalmente em relação às maquiagens, nas quais a embalagem usada é a injetada.

Com a dificuldade de produção e a pouca oferta de boas embalagens nacionais para maquiagem, vemos uma desenfreada invasão de embalagens asiáticas. Obviamente, essa invasão não nos traz frascos para shampoos, sabonetes líquidos, loções hidratantes nem tampouco potes para cremes, pois são embalagens sopradas de menor preço e com moldes de fácil confecção. Além de não haver interesse por essas embalagens, em função do exposto acima, elas estariam transportando “ar”.

A invasão, na verdade, é de embalagens para batom, pó (blush, sombra, pó compacto etc.), rímel, delineador, brilho labial e até alguns vidros para cremes e colônias.

Estreitando um pouco mais o leque e para focar no assunto, título deste texto, falarei especificamente de estojos para batons e pós. Isso porque eles representam a grande carência e necessidade do mercado e, consequentemente, são os itens que as empresas asiáticas mais têm trazido e oferecido ao Brasil.

Falo em embalagens chinesas porque os chineses compõem a maioria dos fornecedores. Porém, nesse “pacote” asiático encontram-se também as embalagens coreanas, japonesas e até indianas.

Como em qualquer segmento no Brasil, e lá fora não é diferente, existem os bons, os maus e até os péssimos fabricantes, seja sob o aspecto qualidade, seja sob o ponto de vista legal. Aliás, temos a mania de valorizar os produtos importados em detrimento dos nacionais. Exemplo disso são as pessoas que viajam para a França e trazem um “perfume francês” acreditando terem comprado o melhor perfume do mundo. Na França, terra da cosmetologia e do perfume, também há perfumes ruins.

Primeiro precisamos desfazer o mito de que quando falamos em embalagens chinesas para maquiagem, estamos falando necessariamente de preços baixos, diversidade e beleza de embalagens, mas de péssima qualidade. É óbvio que isso é verdade quando se trata de empresas que se enquadram no perfil que citamos acima, ou seja, de maus fornecedores – que até fazem uso do trabalho infantil, atuando totalmente à margem da lei. Esse talvez seja o grande mito e o grande temor dos candidatos a clientes dessas empresas aqui no Brasil.

Qual é o lado bom e verdadeiro dessa história? O lado bom é que lá também existem produtos de preço baixo, lindas e diversificadas embalagens e de excelente qualidade.

Diante dessas duas possibilidades, o que fazer para não cair nas mãos de um mau fornecedor? O caminho e a resposta são: conheça o fornecedor.

Para conhecê-lo existem algumas possibilidades, mesmo para empresas de pequeno porte. A primeira delas é selecionar alguns fornecedores que fabricam essas embalagens e programar uma visita às suas fábricas. A segunda é participar de “missões” que saem do Brasil com esse objetivo, ou seja, o de conhecer fabricantes de embalagens. Outra opção é fazer esse trabalho de conhecimento dos fornecedores por meio de distribuidores locais, sem necessariamente ter de viajar para a China e conviver com o drama do entendimento da língua.

Sempre quando preparo essa coluna, cito acontecimentos que vivo ou vivi no meu dia a dia de homem de fábrica. Recentemente, fizemos uma grande compra de estojos de maquiagem de uma empresa chinesa, por meio de um conceituado distribuidor brasileiro. Surpreenderam-me a formalidade e a seriedade do fabricante, os detalhes e as exigências dos padrões e a especificação técnica de cada peça e, por fim, a excelente qualidade do que recebi.

Diante disso, achei que deveria compartilhar, com as pessoas que querem comprar embalagens chinesas, que, tanto lá como aqui, existem problemas de toda ordem, cabendo a nós saber como escolher e fazer a compra do fornecedor certo e sério. A qualidade, até então fantasma dessas negociações, passa a ser o ponto forte dessas embalagens.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Farmacêuticos verdes

Calma. Ninguém precisa expor-se aos raios gama e virar o “Incrível Hulk”. Também não é necessário pegar carona num disco voador para fazer intercâmbio em Marte. Nesta edição, voltada aos cosméticos orgânicos, iremos conversar um pouco sobre como as farmácias com manipulação podem diferenciar-se ao abraçar a “bandeira verde” e a sustentabilidade.

A meu ver, quando pensamos em um cosmético orgânico alguns requisitos são indispensáveis, entre eles:

Ser obtido utilizando-se o maior número possível de matérias-primas de ocorrência natural; o ideal seria utilizar todas as matérias-primas de ocorrência natural.

Ser obtido utilizando-se matérias-primas oriundas de fontes renováveis.

Ser obtido utilizando-se preferencialmente matérias-primas de origem vegetal.

O processo de fabricação deve adotar práticas para reduzir ao máximo seu impacto no meio ambiente e nas pessoas envolvidas nele.

A empresa deve adotar práticas de reciclagem de materiais e embalagens após seu uso pelo consumidor.

Por tratar-se de uma atividade conceitualmente diferente da realizada na indústria cosmética, a manipulação dos medicamentos com finalidade cosmética em farmácias precisa superar muitos desafios.

O primeiro deles é fazer a formulação com produtos de ocorrência natural, com os obtidos de fontes renováveis e com os obtidos de origem vegetal. Em uma indústria cosmética é possível fazer estudos de pré-formulação, escolhendo ingredientes que possuam essa característica. Devido à grandeza da escala, as indústrias podem negociar com fornecedores e obter os componentes dos veículos, adjuvantes e ativos de origem natural (ou idêntica à natural), com preços acessíveis.

Nas farmácias, isso é bem mais difícil: por exemplo, ao atender a uma prescrição o farmacêutico não sabe quais componentes serão necessários, e a decisão sobre quais adjuvantes serão ou não adicionados ao veículo terá de ser tomada “na bancada”. Assim, no caso de um farmacêutico necessitar adicionar polissorbato à formulação, deixará de cumprir com o requisito proposto.

Matérias-primas de origem vegetal e obtidas de fontes renováveis para uso como veículos já estão disponíveis, há algum tempo, para a indústria cosmética. Apesar de ativos dermatológicos de origem vegetal estarem disponíveis há bastante tempo para as farmácias, a oferta de insumos naturais para o preparo dos veículos ainda está dando seus primeiros passos; já é possível encontrar colágeno, queratina, lanolina e glicerina vegetais; e certamente muitos outros virão. Enquanto isso não acontece, devemos utilizar o que é possível.

Se, por um lado, ainda há dificuldade em se obter matérias-primas e insumos, por outro lado o processo de manipulação em farmácias pode aproveitar-se amplamente de práticas sustentáveis.

Para isso, é necessário modificar o comportamento de proprietários, farmacêuticos e colaboradores. Por exemplo, deve-se reduzir a emissão de papéis na confecção de orçamentos; utilizar papéis reciclados; reaproveitar papéis impressos, como rascunho; adotar ordens de manipulação eletrônicas (imprimindo-as apenas quando for legalmente necessário); utilizar aquecimento elétrico em vez de gás; aproveitar ao máximo processos naturais de ventilação (reduzindo o uso do aparelho de ar-condicionado); usar energia solar para aquecimento da água de uso geral; fazer uso de sanitizantes com menor impacto ambiental, mas com igual eficácia; comprar equipamentos que consumam menos energia; aproveitar a iluminação natural; e assim por diante.

Outra atitude importante é cuidar adequadamente da destinação do lixo. Nesste ponto, as farmácias são legalmente obrigadas a possuir um plano de gerenciamento de resíduos, aplicável aos resíduos de saúde. Entretanto, é preciso também dar atenção ao lixo potencialmente reciclável, exemplificado por frascos, bombonas, papéis e outros recipientes utilizados no processo de manipulação ou na rotina diária da farmácia e de seus colaboradores.

Por fim, é preciso também estender essas práticas aos consumidores e aos pacientes. O primeiro passo é utilizar embalagens recicláveis para o acondicionamento dos produtos: mais vidro e alumínio, e menos plástico. Outra atitude simples e de grande impacto é criar, nas farmácias, postos para o descarte adequado de embalagens utilizadas em medicamentos e cosméticos – que, a rigor, não deveriam ir para o lixo convencional. Por meio de ações de esclarecimento ao público, é possível criar uma “cultura de retorno”, por meio da qual a farmácia dará destinação adequada a cada embalagem utilizada, conforme requisitos sanitários.

As práticas de sustentabilidade e a opção por produtos renováveis não devem ser encaradas apenas condiderando-se a relação imediata de custo e benefício. É preciso haver a consciência de que, caso não nos tornemos “farmacêuticos verdes”, talvez, num futuro não muito distante, nossos descendentes jamais saberão o que é viver num “Planeta Verde”.


Coluna publicada anteriormenre na edição set/out 2010






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