Microencapsulação: o Grande Mercado

Edicao Atual - Microencapsulação: o Grande Mercado

Editorial

A maioridade

Com um saldo de sucesso que beira a unanimidade, o Real completou 18 anos nesse mês de julho. A nova moeda trouxe a estabilização da economia e forneceu a base para o cenário de redução da desigualdade na distribuição de renda, verificada nos últimos anos. Ao frear o descontrole de preços, ela deu segurança aos brasileiros no planejamento de suas finanças e elevou seu poder de compra.

O Plano Real foi elaborado em 1993, durante o governo Itamar Franco, sob a batuta do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. O chamado “Plano de Estabilização Econômica” tinha como embasamento, dentre outros aspectos, o controle de gastos públicos, a recuperação da receita tributária, a privatização de estatais e a criação da Unidade Real de Valor (URV), depois substituída pela nova moeda, o Real, que estreou em julho de 1994. Até então, a inflação no país alcançava três ou quatro dígitos todos os anos e a população de baixa renda vivia a rotina de, literalmente, correr até os supermercados assim que recebia seu salário, pois a escalada dos preços era diária, sem tréguas.

Houve muitas mudanças nesses 18 anos, ainda que velhos problemas persistam. É preciso investir em infraestrutura e logística, dar continuidade às reformas trabalhista, previdenciária e tributária (o que, consequentemente, melhorará o ambiente de negócios), além de atender a tantas outras demandas. Contudo, sob o ponto de vista das classes mais pobres, a transformação é incontestável. Há 18 anos, os sonhos de consumo das classes C e D eram os emblemáticos “frango e iogurte”. Hoje, a festejada classe C, como sabemos, tem desejos que seriam impensáveis duas décadas atrás – e ela consegue concretizá-los. A melhora nos níveis de emprego atrelou-se às mudanças de comportamento e à diversificação nos padrões de consumo, gerando novos perfis de consumidores. Naturalmente, as mudanças socioeconômicas observadas nos últimos anos não são mérito apenas da implantação do Plano Real, mas há de se reconhecer o peso de seu legado na história recente do país.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz na matéria de capa a força dos microencapsulados. Presentes no mais variados segmentos da indústria, eles permitem a liberação dos ingredientes ativos de forma controlada, melhorando a performance do produto. A microencapsulação é uma das variantes do processo de encapsulação, abrangendo também as nanocápsulas e as macrocápsulas, desenvolvidas para uso tópico.

Na seção “Persona”, conheça a trajetória de Inês Bloise, profissional cuja carreira no setor cosmético é pontuada pelo dinamismo e pela busca por novos caminhos. Em relação aos artigos técnicos, no campo da cosmética aplicada, a presente edição traz um texto sobre ativos para o preenchimento cutâneo e sobre a aplicação de ultrassom em adiposidades localizadas. Já sobre a área de P&D, há dois trabalhos de revisão, um sobre ativos para higienização das mãos e outro enfocando o uso de ingredientes sustentáveis na formulação de cosméticos.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher 

Ativos para Higienização das Mãos - David R. Macinga, PhD e James W. Arbogast, PhD (Gojo Industries, Inc. - Akron OH, EUA)

A higienização das mãos é um benefício comprovado à saúde pública e essa prática tem crescido globalmente. Enquanto o álcool é o ativo mais testado e comprovado para a higienização das mãos, outros ativos também são empregados, por exemplo, quaternários, triclosan e antimicrobianos naturais. Aqui, os autores reveem os benefícios e as limitações de vários ativos para a higienização das mãos.

Desinfección de las manos es un beneficio comprobado de salud pública que ha crecido a nivel mundial. Aunque el alcohol es el activo más probado y probada que se utiliza para la desinfección de manos, otros activos se emplean, incluyendo compuestos de amonio cuaternario, triclosan y antimicrobianos naturales. Aquí, los autores revisan los beneficios y limitaciones de los diversos activos de desinfectante de manos.

Hand sanitizing is a proven public health benefit that has grown globally. While alcohol is the most tested and proven active used for hand sanitizing, other actives are employed, including quats, triclosan and natural antimicrobials. Here, the authors review the benefits and limitations of various hand sanitizer actives.

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Século 21 – novos desafios no desenvolvimento do segmento cosmético - Maria Aparecida Nicoletti (Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo SP, Brasil) e Andre Rinaldi Fukushima (Curso de Farmácia, Universidade Guarulhos – UNG, Guarulhos SP, Brasil)

Este artigo contextualiza o direcionamento da busca por cosméticos ecologicamente corretos, considerando que os impactos ambientais gerados pelos produtos que têm sido utilizados estão mobilizando segmentos da sociedade na discussão sobre a sustentabilidade e os meios de viabilizar a obtenção de produtos que não comprometam o meio ambiente em toda a sua amplitude.

El articulo aborda la dirección de la búsequeda por cosméticos ecologicamente correctos, considerando que lós impactos ambientales generados por los productos utilizados están movilizando segmentos de la sociedad en la discussión sobre la sustentabilidad y medios de hacer viable la obtención de productos que no comprometan el medio ambiente em toda su amplitud.

The paper contextualizes the direction of the search for ecologically correct cosmetics, considering that the environmental impacts generated by the currently used products are mobilizing segments of society when
discussing sustainability and ways to obtain products that do not compromise the environment in all its amplitude.

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Aplicação do Ultrassom 3 MHz em Adiposidade Localizada - Thaisa Esmani Paulini, Thania Juliani Nogueira eThiago Daross Stefanello (Faculdade Dom Bosco, Cascavel PR, Brasil)

O excesso de adiposidade abdominal não é apenas um incômodo do ponto de vista estético, também é um grave fator para a saúde. O objetivo deste artigo é analisar a ação do ultrassom de 3 MHz na redução da adiposidade localizada abdominal e na redução do perímetro do abdome.

El exceso de grasa abdominal no es solo una molestia en el punto de vista estético, es un grave riesgo para la salud. El objetivo de este trabajo es analizar la acción de los ultrasonidos 3 MHz en la reducción de la grasa ubicada en el abdomen y la reducción del perímetro abdominal.

Excess abdominal fat is not just a nuisance the aesthetic point of view, is a grave risk to health. The aim of this paper is to analyze the action of 3 MHz ultrasound in reducing abdominal fat location, and the reduction of abdominal perimeter.

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Ativos Absorvíveis para Preenchimento Cutâneo: Estado da Arte - Patrícia Severino (Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas SP, Brasil; Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa (FCS-UFP), Porto, Portugal), Rafael Basso (Faculdade de Medicina, Unicamp, Campinas SP, Brasil), Aristóteles Rosmaninho (Departamento de Dermatologia, Hospital Geral de Santo António -Centro Hospitalar do Porto, EPE- Porto, Portugal), Johann W. Wiechers (in memorian) (JW Solutions, Gouda, Holanda), Cibelem I. Benites (Laboratório de Desenvolvimento de Processos de Separação (LDPS), Departamento de Processos Químicos (DPQ), Unicamp, Campinas SP, Brasil), Maria H. A. Santana (Faculdade de Engenharia Química, Unicamp, Campinas SP, Brasil), e Eliana B. Souto (Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa (FCS-UFP), Porto, Portugal; Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, Centro de Genómica e Biotecnologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (IBB/CGB-UTad), Portugal)

Os ativos comercializados para o preenchimento cutâneo podem ser usados com segurança e aplicados isoladamente ou juntamente com anestésico. O refinamento de técnicas para recuperar o volume facial está amplamente disponível, com ativos absorvíveis como o colágeno e o ácido hialurônico, proporcionando aumento na demanda por esses procedimentos de rejuvenescimento porque eles não são invasivos. Esta revisão tem como objetivo descrever as principais características do colágeno e do ácido hialurônico utilizados para o preenchimento cutâneo, bem como as principais técnicas empregadas na aplicação e os produtos comercializados que apresentam esses ativos.

La venta de bienes para cubrir la piel puede usarse de manera segura y se aplica de forma aislada o como complemento anestésico. El refinamiento de las técnicas para restaurar el volumen facial es ampliamente disponible y que activa el colágeno absorbible y ácido hialurónico, proporcionando una mayor demanda de estos procedimientos porque son de rejuvenecimiento no invasivos. Esta revisión tiene como objetivo describir las características principales de colágeno y ácido hialurónico utilizados para cargar dérmica, y las principales técnicas empleadas para la aplicación y los productos comercializados.

Marketed products applied as fillers can be safely used. These can be applied individually or as anaesthetic adjunct. The refinement of techniques to improve facial volume usually employ injectable absorbable actives (e.g. collagen and hyaluronic acid), thus non-invasive rejuvenation procedures are required. This review aims to describe the main characteristics of collagen and hyaluronic acid used for dermal filling, and the main techniques employed for the implementation and marketed products.

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Adolfo Braga Neto
Mediação por Adolfo Braga Neto

A mediação de conflitos no contexto empresarial

A intervenção de um terceiro facilitador do diálogo entre duas ou mais pessoas jurídicas parte da premissa da gestão da controvérsia por intermédio do pressuposto óbvio de que o passado não tem como ser modificado, mas o presente, com o advento do conflito, e o futuro ou não da inter-relação entre as partes dependerão de uma maior reflexão dessas. São oferecidos, neste momento, espaços para o diálogo que evitam desgastes e desperdício de tempo com discussões estéreis, nas quais muitos falam e quase ninguém escuta o(s) outro(s), durante horas e horas improdutivas. Em alguns casos, o cansaço de alguns leva à apresentação de propostas favoráveis para um lado em detrimento de outro. Isso resulta em acertos superficiais sem muita consistência, o que poderá ter como consequência o descumprimento dos compromissos assumidos, acarretando o agravamento da controvérsia ou o surgimento de outras até então latentes.


É justamente sobre o aspecto citado que a intervenção do mediador nas relações empresariais é fundamental, ao aportar o questionamento da inter-relação existente entre os empresários, decorrentes de transações comerciais, imobiliárias, questões societárias, questões entre fornecedor e cliente, contratuais, informais, entre outras. O mediador faz essa intervenção oferecendo elementos de reflexão baseados em fatos da relação entre as partes, no passado e no presente, com o objetivo de construir um futuro, seja com a continuidade da relação, seja com o seu fim. Sua mediação resultará em um modo mais pacífico de resolução do conflito.


A intervenção do mediador acaba promovendo o reenquadramento da questão controversa, ao integrar perspectivas diferenciadas, permitindo a cooperação entre os empresários, e a busca de opções que culminarão nas mais criativas soluções, resultando no cumprimento espontâneo das obrigações assumidas ao longo da mediação e após seu encerramento.


A ansiedade e a pressão por um resultado rápido e imediato são elementos constantes e fatores decisivos e prioritários nas questões empresariais. Por isso, o mediador busca a conscientização acerca de se o que está em jogo são ou foram relações importantes para a consecução de seus negócios, mesmo em operações que envolvam pequenas quantias. Assim, cabe-lhe estar alerta aos discursos fechados das posições apresentadas pelos empresários (ou pelos executivos representantes de empresas), pois essas exposições estão impregnadas de fortes argumentos de convencimento, que encobrem seus efetivos interesses, seus valores pessoais, os valores institucionais, os corporativos e as missões das próprias empresas ou organizações. Esse posicionamento, no entanto, não visa confundir o outro lado. Pelo contrário, deve ser interpretado no sentido de que está baseado na visão ilusória de um discurso estruturado de maneira defensiva, pois parte da falsa premissa de que é a melhor opção para a situação existente ou para as duas ou mais empresas envolvidas na controvérsia.


Convém lembrar que a mediação lida com pessoas, as quais têm sua própria visão a respeito do objeto da controvérsia. Por isso, os empresários, ao defenderem suas posições, expõem aspectos subjetivos que afloram no conflito que estão enfrentando, criando uma perspectiva pessoal parcial e limitadora. Por isso, é importante delimitar, nesses procedimentos, todas as questões subjetivas, não no sentido de separá-las da negociação para facilitar o acordo, como defendem alguns especialistas estrangeiros, mas sim no de identificá-las, acolhê-las e, com a devida relevância, oferecer um encaminhamento no âmbito do processo de mediação.


Deve-se destacar que muitas controvérsias nessas relações são resultantes do descumprimento de cláusulas contratuais. Cabe lembrar, oportunamente, que o contrato, ao ser elaborado, atendeu, no passado, a uma situação econômica específica e a determinadas expectativas dos contratantes ou a determinados interesses. Por isso, eventuais descumprimentos contratuais ocorrem por força de não atenderem ao dinamismo exigido pela economia a que estão intrinsecamente ligados. Por esse motivo, a mediação, nesses casos, tem resultado na elaboração de uma nova relação e no nascimento de um novo contrato, tendo como premissas básicas novas perspectivas das partes, na maioria dos casos, elementos relativos a fatores mutáveis da economia. E o mediador, nesse caso, oferece seus serviços apontando a exigência da abertura dos empresários e de suas empresas a essas mudanças, bem como para a eventual elaboração de um novo contrato que regerá a relação.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Política da Qualidade

Para a implantação efetiva do sistema da qualidade, devem ser preparados procedimentos e estes devem ser documentados em concordância com a política da qualidade.

A abrangência e o grau de detalhamento desses procedimentos que fazem parte do sistema da qualidade dependerão da complexidade do trabalho, dos métodos utilizados e das habilidades e do treinamento do pessoal envolvido na atividade – que são necessários.

Para assegurar que os produtos e serviços atendam às exigências do cliente, as atividades que podem afetar a qualidade final destes devem ser monitoradas. Essas atividades devem ser descritas na forma de manual de procedimentos e compor um retrato fiel de como as atividades serão executadas.

As descrições devem ser atualizadas regularmente, sempre que ocorrerem alterações.

O detalhamento que os procedimentos devem conter será realizado considerando-se: os métodos utilizados, as habilidades necessárias, os treinamentos realizados e as necessidades da supervisão.

O detalhamento excessivo não necessariamente redundará em maior controle da atividade, por isso sempre deve ser evitado.

Essas recomendações estão disponíveis nos documentos básicos do sistema da qualidade, que são: o manual da qualidade e os procedimentos de execução e verificação das atividades. O manual da qualidade indica “o quê” e os procedimentos descrevem “como”.

Já o planejamento da qualidade deve ser consistente, como todos os outros requisitos do sistema da qualidade, e deve ser documentado de modo adequado ao processo, como um todo.

Para desenvolver o planejamento, devem ser seguidos, basicamente, os seguintes passos:

1. Preparação dos planos da qualidade;
2. Identificação e obtenção de controles, processos, equipamentos, dispositivos, recursos e habilidades, necessários para atingir a qualidade requerida;
3. Obtenção da garantia da instalação de serviços associados, procedimentos de inspeção e documentação aplicável;
4. Atualização, quando for necessário, de técnicas de controle da qualidade, inspeções e ensaios, incluindo nova instrumentação;
5. Identificação de qualquer requisito de medição que envolva uma capacidade que exceda o estado da arte conhecido, o que deve ocorrer em tempo hábil para que se possa desenvolver a capacidade necessária;
6. Esclarecimento sobre padrões de estabilidade para todas as características e todos os requisitos;
7. Identificação e preparação dos registros da qualidade.

Antes de submeter uma proposta ou aceitar um contrato, a proposta deve ser analisada. É preciso certificar-se de que as necessidades do cliente estão adequadamente definidas e documentadas.

Se o objeto não estiver documentado por escrito, será necessário certificar-se de que esse foi perfeitamente entendido. Documentar por escrito, descrevendo todos os padrões de trabalho, é o modo mais adequado para atender a esse requisito da qualidade.

Quaisquer requisitos que divirjam desses padrões devem notificados aos departamentos competentes.
As adequações necessárias para atender a esses requisitos da qualidade são:

• Formalizar o procedimento do produto e ou serviço;
• Conhecer os responsáveis pelo produto e ou serviço por meio de interfaces e comunicação;
• Documentar as necessidades;
• Entrar em acordo em relação aos requisitos divergentes;
• Ter capacidade de atender às demandas; e
• Fazer o registro das análises críticas.

Os documentos controlados devem conter: processos e procedimentos de análise crítica, e especificações de produto ou serviço.

As interfaces técnicas e organizacionais entre os diferentes grupos que participam do processo devem ser definidas, e as informações necessárias devem ser documentadas, transmitidas e analisadas criticamente e com regularidade.

Os documentos e dados devem ser analisados criticamente e aprovados, no que se refere à sua adequação, por pessoal autorizado, antes de sua emissão.

Deve ser estabelecida uma lista-mestre de procedimentos para o controle de documentos, identificando a situação da revisão atual de cada um deles. A lista deve estar prontamente disponível, a fim de evitar o uso de documentos não válidos e obsoletos.

O controle de documentos deve assegurar que:

• As emissões dos documentos estejam disponíveis em todos os locais onde são executadas as operações essenciais para o funcionamento efetivo do sistema da qualidade;
• Os documentos não válidos e ou obsoletos sejam prontamente removidos de todos os pontos de emissão ou de uso; e
• Todos os documentos obsoletos que devam ser retidos por motivos legais e/ou para a preservação do conhecimento sejam adequadamente identificados.

Na política da qualidade, a documentação de procedimentos é fundamental para a perfeita implementação dessa política, além de ser servir como registro histórico de sua evolução.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Peelings químicos

O peeling químico consiste na aplicação tópica de determinadas substâncias químicas capazes de provocar reações – desde uma leve descamação até a necrose da derme, com a remoção da pele em diferentes graus.

Quando bem indicado, o peeling pode promover resultados excepcionais, principalmente em relação ao fotoenvelhecimento. O peeling é realizado, preferencialmente, no inverno, para que o excesso de sol não atrapalhe a recuperação da pele.

Os peelings, devido à sua capacidade de promover a troca de pele, são utilizados para o tratamento de algumas alterações, como: manchas de fotoenvelhecimento, manchas como o melasma, acne (evitando a formação de cravos e melhorando as cicatrizes) e envelhecimento cutâneo, pois renova as células, melgorando a flacidez e rugas.

Os peelings químicos também podem ser feitos em outras partes do corpo, como: pescoço, colo, braços e mãos, respeitando as restrições e as características de cada local.

Os peelings são classificados, conforme sua capacidade de penetração, em: superficiais, médios e profundos. Esse critério, porém, não é absoluto, pois um mesmo agente em determinada concentração pode ser superficial para uma pele grossa, sem preparo, e médio para uma pele mais fina, muito preparada.

O peeling superficial age na epiderme, a camada mais superficial da pele, e não ocorrem grandes problemas após sua aplicação. Pode se realizado com as seguintes substâncias:

- Ácido retinoico (3% a 5%): o retinoide, derivado da vitamina A, causa proliferação epidérmica e neocolagênese.

- Ácido glicólico: o α-hidroxiácido, utilizado na concentração de 40% a 70%, tem efeito epidermolítico. É de tempo variado, devendo permanecer na face em média por 5 minutos. Após esse tempo, deve ser neutralizado com água ou substâncias como bicarbonato de sódio, e em seguida lavado.

- Ácido tricloroacético: promove um peeling superficial, de 10% a 30%; médio, de 30% a 40%; ou profundo, de 50%. É o agente mais utilizado para a realização de peelings e pode ser usado em associação com outros agentes. Após sua aplicação, ocorre um “frost” (branqueamento) na face, devido à coagulação intensa das proteínas. Quanto mais intensa, maior será a penetração.

- Ácido salicílico (20% a 30%): agente queratolítico, com aspecto claro transparente e homogêneo. Provoca ardor intenso nos primeiro 2-3 minutos após sua aplicação, devido à precipitação dos sais. Após a precipitação, a dor diminui e não há mais penetração. O produto não é neutralizado, devendo ser lavado. Pode se realizado semanalmente, e é especialmente indicado para peles oleosas e com acne.

- Solução de Jessner: solução alcoólica que mistura um α-hidroxiácido (ácido lático), resorcinol (derivado do feno I) e ácido salicílico. Apresenta coloração clara e tem cheiro característico. Sua aplicação provoca discreto avermelhamento e ardor, e quando aplicada várias vezes, o eritema torna-se intenso, podendo chegar-se a um “frost” verdadeiro.

- Pasta de resorcina: principal ativo é a resorcina (um derivado do fenol). Tem consistência pastosa com presença de grânulos e cor areia. O produto é aplicado com espátula, de forma homogênea em todo o rosto, devendo permanecer de 5 a 20 minutos neste. Poderá ocorrer leve ardor e sensação de formigamento, quando então a pasta deverá ser retirada e o rosto, lavado.

O peeling médio provoca a destruição dos tecidos, removendo parcial ou totalmente a epiderme, atingindo o nível da derme papilar. Apresenta poucos riscos e poucas complicações. Pode ser realizado com os seguintes ativos: ácido glicólico 40% a 70%; ácido tricloroacético 35% + solução de Jessner; ácido tricloroacético 35% + ácido glicólico; ácido pirúvico 60% a 90%; e fenol 88%.

O peeling profundo destrói totalmente a epiderme. Atinge uma profundidade que chega ao nível da derme reticular. Apresenta riscos maiores de complicações, como hipocromias (manchas claras), hipercromias (manchas escuras) e cicatrizes. Pode ser realizado com ácido tricloroacético (50%), e fenol (fórmula de Baker).

A indicação de um médico é a questão mais importante na realização do peeling químico, e cabe a ele, com sua experiência, analisar o tipo de pele, o tipo de lesão e de procedimento a ser utilizado. A pele do rosto, devido à presença maior de folículos sebáceos, regenera-se facilmente, pois esses folículos agem como unidades de reserva essenciais para a cicatrização.

Os pacientes de pele clara são os que correm menor risco de hiperpigmentação ou hipopigmentação. Contudo, os pacientes de pele morena também podem ser submetidos a esses procedimentos, porém nesses casos o preparo da pele deve ser mais longo e os cuidados posteriores, maiores.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Cabelos e envelhecimento

Os cabelos envelhecem acompanhando o ritmo do envelhecimento da pele. Assim os cabelos podem envelhecer de duas maneiras. A primeira, chamada de cronológica, é aquela em que o envelhecimento segue o envelhecimento corporal, causado pelo tempo, que é determinado por fatores genéticos, hereditários e constitucionais.

Com este, ocorre o afinamento da haste e a diminuição da densidade de cabelos no couro cabeludo.

É de se esperar, portanto, que uma pessoa madura tenha menos cabelos que um jovem da mesma raça que esta. Isso sem falar na perda genética dos fios, chamada de calvície.

A outra forma de envelhecimento é causada por agentes externos, como poluição, cigarro, o Sol e tratamentos químicos aos quais os cabelos são submetidos.

Existem mais diferenças entre as raças do que entre os sexos. Os cabelos das pessoas brancas envelhecem mais cedo; das pessoas da raça amarela, numa velocidade intermediária; e os das pessoas negras, mais lentamente.

O primeiro sinal de envelhecimento dos fios é sua mudança de cor (na verdade, é a perda da cor). Esse mecanismo, quando é normal, é determinado por fatores genéticos e familiares. Sempre que não houver um histórico familiar, de envelhecimento prematuro dos fios ou quando ele se instalar muito precocemente (em crianças, por exemplo), deve-se pesquisar se há doenças internas, como a não absorção de cobre.

Os pelos ficam brancos nos homens, primeiro na região da barba, e em seguida, nesta sequência: na cabeça, no tórax e na região genital. É interessante notar que o início da canície (nome científico do branqueamento dos fios) na cabeça se dá na região chamada de temporal.

Nas mulheres, o processo é levemente diferente do que ocorre nos homens: começa nos cabelos e logo depois ocorre na área pubiana.

Os fatores externos que contribuem para o envelhecimento dos cabelos são: expor-se ao Sol, submeter-se a tratamentos químicos com muita frequência (por exemplo, submeter-se a alisamentos ou permanentes toda semana), o hábito de fumar e expor-se exageradamente à poluição.

O cabelo é constituído apenas de proteínas (queratina e melanina). Por isso, sua estrutura pode ser desarranjada pela exposição excessiva à radiação ultravioleta, que pode desnaturar as proteínas, deixando os fios mais frágeis. Quando os tratamentos químicos são realizados em demasia, podem deixar as hastes mais ressecadas e fragilizadas, levando à quebra e à perda da cor. Já a poluição e o tabaco causam a diminuição da luz dos vasos que nutrem os cabelos, fazendo que cheguem menos nutrientes, o que causa o envelhecimento precoce da cabeleira.

Esse processo pode ser adiado com o uso de produtos adequados para hidratar e proteger contra os raios ultravioleta, melhorar a nutrição e retardar o envelhecimento. Outra alternativa é usar com parcimônia tratamentos químicos agressivos, para ter um cabelo mais saudável.

Infelizmente, não há estudos comprovando que produtos tópicos com adição de vitaminas ou sais minerais apresentam penetração nas camadas mais profundas da pele, especialmente na derme, onde estão as matrizes dos fios. Portanto, esses ativos mostram-se inócuos quando são acrescentados a shampoos ou condicionadores.

Até onde se sabe, o único tratamento para a canície é a tintura. Temporária, semitemporária ou definitiva, a tintura tenta devolver aos cabelos a cor que eles tiveram um dia. Nem sempre o efeito é satisfatório no sentido de aparentar ter menos idade, mas hoje, com as novas tecnologias dos pigmentos, tingir os cabelos pode ser até considerado um tratamento.

O que existe atualmente em termos de novidade nesse mercado são produtos que prometem retardar o aparecimento dos fios brancos, estimulando a produção de melanina por mais tempo e evitando a apoptose (morte celular programada) dos melanócitos, mantendo assim a cor por mais tempo. Ainda não há uma massa crítica suficiente para assegurar que são produtos eficazes com o passar do tempo.

Outra alternativa é fazer aplicações de queratina nos fios, com a intenção de aumentar sua espessura.

Um procedimento ainda controverso é o uso do hormônio do crescimento (GH) injetável, que teria como efeito o rejuvenescimento geral do corpo e especificamente dos cabelos, devolvendo-lhe a cor e aumentando a espessura dos fios. É claro que, como esse é um medicamento, só deve ser utilizado com orientação médica especializada.

A maneira mais natural de manter os cabelos saudáveis e retardar seu envelhecimento é manter uma dieta equilibrada. Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, a vitamina A não melhora a condição dos cabelos e seu excesso pode até fazer os fios caírem mais rapidamente.

Uma dieta adequada, rica em ferro, zinco e vitaminas do complexo B é, ainda, o melhor caminho para a manutenção da saúde e da qualidade dos fios. Todos esses elementos suprem as necessidades nutricionais dos cabelos.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Controle de qualidade de embalagens na pequena empresa

Embora a embalagem seja o item de maior valor na composição de custo do produto, muitas empresas não controlam a qualidade das embalagens que recebem porque simplesmente não sabem como fazê-lo, não têm condições de contratar um técnico ou de terceirizar esse trabalho.

Outras empresas não fazem esse tipo de controle porque acreditam que isso não é importante ou que os fabricantes já enviam os itens com “qualidade assegurada”. Estas serão, com certeza, empresas de vida curta, caso continuem pensando dessa forma, pois em um produto cosmético, diferentemente do que ocorre com um medicamento, por exemplo, a embalagem é fator importante na decisão de compra.

É verdade que é impossível iniciar um controle de qualidade de embalagens quando não se tem o conhecimento de como isso deve ser feito. Mas, se não se puder fazer o ideal, que seja feito pelo menos o necessário.

E o que é o necessário?

Primeiro: essa decisão deve vir de cima para baixo – esse é o marco zero para o início do trabalho.

Segundo: se não existir alguém que conheça esse processo, deve-se contratar, por um tempo mínimo, um consultor que explique o básico. Outro caminho é mandar um funcionário ou o próprio dono da empresa fazer um curso sobre o assunto. A Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) disponibiliza um curso com oito horas de duração, no qual o aluno, mesmo se for leigo no assunto, aprende a fazer a implantação desse controle. Esse curso também pode ser feito in company – o que seria melhor, pois todos podem participar.

Se nem uma dessas opções for possível, pode-se pedir auxílio a um fornecedor que tenha o sistema implantado em sua empresa e possa ajudar.
Independentemente de como isso será feito, alguns aspectos deve ser considerados, pois são importantes. São eles:

- Não existe inspeção 100% de cada lote: as inspeções são realizadas por amostragem.

- A definição do plano de amostragem: quando um lote de embalagens chega, quantas unidades devem ser selecionadas para passar pela inspeção? Uma boa inspeção e um bom controle da qualidade das embalagens dependem do plano de amostragem. O plano mais utilizado é o Military Standard 105 D USA, traduzido como ABNT NBR 5429.

- A definição do nível de qualidade aceitável(NQA): vai definir o que a empresa quer em relação à qualidade das suas embalagens. O NQA é definido para cada tipo de defeito encontrado. Os NQAs mais usados são 0,25 para defeito crítico; 1,5 para defeito maior; e 4,0 para defeito menor. Normalmente, usa-se o mesmo NQA para as diferentes famílias de embalagem (plástico, vidro, cartão etc.).

- A classificação dos defeitos encontrados: esse é o fator de maior divergência entre cliente e fornecedor, pois, se um defeito visual (atributos), um deles poderá classificar o defeito como “crítico”, enquanto o outro poderá classificá-lo como “maior”, fato que mudará radicalmente a decisão de aprovação do lote.

- Ter o desenho técnico da peça: isto é, ter um croqui da peça, com suas respectivas medidas e tolerâncias, para poder avaliar os defeitos dimensionais e que são mensuráveis (altura, largura, diâmetro, peso etc.).

- Adquirir pelo menos alguns equipamentos básicos: por exemplo, um paquímetro, para fazer as medições da peça, que são sempre realizadas em mm (milímetro); uma balança semianalítica, para avaliar o peso da peça, principalmente de frascos plásticos; uma régua metálica, para medir as alturas que não puderem ser determinadas pelo paquímetro; e obviamente, uma calculadora, para fazer as devidas contas. Se for possível, adquirir um micrômetro para medir a espessura dos cartuchos (caixinhas), dos rótulos etc.; e uma câmara de vácuo, para fazer testes de vedação nos frascos e impedir que ocorram os terríveis problemas de vazamento.

- Dar autonomia a quem iniciar o trabalho de inspeção: se não houver confiança em que o estiver realizando, não será possível a implantação.
É importante sempre lembrar que, como no início de qualquer processo, vão ocorrer problemas, dificuldades, aparentes complicações, e às vezes até desentendimentos, mas é importante não desistir.

Finalizando, repito que a implantação não pode ser feita por um leigo e a qualidade é a conformidade com as especificações. Isto significa que, para fazer a inspeção, antes é preciso ter a especificação técnica da embalagem a ser avaliada, que normalmente é fornecida pelo fabricante.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Nos tempos da lanolina

A cliente entrou na farmácia e, toda segura de si, disparou à queima-roupa:

-Eu quero um pote de lanolina.

- Lanolina? - respondi surpreso. (Naquela época, não havia restrições para a venda de produtos ou insumos diretamente ao paciente, sem receita médica.)

- Isso, lanolina.

- A senhora poderia me informar como vai usar essa lanolina?

- Vou usar para deixar os lábios mais grossos. (Angelina Jolie ainda era uma jovem atriz iniciante, mas as pessoas já queriam engrossar os lábios.)

- Olhe senhora, a lanolina não é para ser usada para engrossar os lábios.

- Acontece que eu li numa revista feminina que a lanolina é ótima para engrossar os lábios; a gente passa nos lábios como se fosse manteiga de cacau.

- Mas, senhora, não é assim que a gente deve usar a lanolina.

- Mas eu li na revista e quem escreveu a matéria foi um jornalista importante, além do que várias artistas famosas estão usando a lanolina para deixar os lábios grossos. Caso você não tenha lanolina, eu irei a outra farmácia que queira me vendê-la.

Naquele momento, pensei em queimar meu diploma e ir vender “capeta” em Porto Seguro. Também pensei em pegar logo um pote de lanolina e dispensar o produto a ela, sem qualquer crise de consciência. Mas o dever ético falou mais alto.

- Senhora, a lanolina é sebo de carneiro. (Expliquei dessa forma para que ela pudesse.)

- Sebo de carneiro? Como assim?

- Se a senhora permitir, eu lhe mostrarei o que é a lanolina e a senhora vai perceber que é difícil aplicar assim, diretamente, a lanolina nos lábios.

- Tá bom. Eu aguardo.

Fui então ao laboratório e peguei uma ponta de espátula com lanolina. Levei-a, pacientemente, até o balcão e mostrei a lanolina a ela, pedindo-lhe que cheirasse e tocasse o produto como os dedos.

Primeiro, ela pegou um pedacinho entre os dedos e tentou levá-lo aos lábios. Quando a lanolina aproximou-se de seu nariz, o odor repugnante causou-lhe uma peculiar expressão de “nojo”.

- Credo, que coisa horrível! – disse ela, afastando a pegajosa substância do rosto.

- É como eu lhe disse. A lanolina é a secreção sebácea dos carneiros, devidamente purificada para uso em medicamentos e cosméticos. Como a senhora percebeu, a lanolina não pode ser utilizada diretamente nos lábios.

- É que eu li na revista que era bom para engrossar os lábios... Mas não dá para usar isso na boca não.

- De fato, a lanolina não engrossa realmente os lábios, mas ela tem um efeito emoliente e hidratante, muito importantes para evitar o ressecamento e manter os lábios bonitos e saudáveis. Posso preparar um brilho labial contendo lanolina e, usando-o, a senhora poderá desfrutar desses benefícios sem a necessidade de passar por qualquer inconveniente.

- É mesmo? O senhor poderia prepará-lo para mim? Quanto custaria?

Eram os idos de 1989. As farmácias magistrais experimentavam um grande crescimento. Na época, o movimento “naturalista” e o de “culto ao corpo” estavam em seu início.

Quase sempre estávamos envolvidos em orientar os pacientes para os cuidados com a pele e a saúde em geral, mas, vez por outra, éramos questionados sobre as celebridades que, “vira e mexe”, apareciam nas revistas dando receitas mágicas de beleza e emagrecimento.

De lá para cá, parece que as celebridades ganharam mais importância científica do que anos e anos de estudos da ciência cosmética e da medicina. Do dia para a noite, as celebridades ex-grávidas aplicam cremes e ficam “durinhas”, tomam chá disso ou chá daquilo e emagrecem 20 quilogramas em uma semana. Ninguém conta que faz dietas, exercícios, fisioterapias e tratamentos estéticos.

É claro que as revistas são importantes para divulgar as novidades e os lançamentos do mercado, mas elas não podem sobrepujar o conhecimento científico. Algumas vezes, médicos que são meus amigos comentam comigo que os pacientes chegam aos consultórios “exigindo” que eles apliquem o ácido “tal” ou usem a cápsula “de tal” planta. Ou seja, a opinião das celebridades vale mais que toda a prática do médico, numa total inversão de valores.

Nesses mais de 20 anos que se passaram até hoje, muita coisa mudou nas farmácias, mas as celebridades e algumas revistas que publicam fotos e matérias sobre elas continuam a tentar fazer valer sua fama, como se não existissem notícias melhores para serem publicadas.

Na outra ponta, cabe a nós, farmacêuticos, fazer valer a ciência farmacêutica e a cosmetológica, informando, esclarecendo e orientando a população sobre o que é verdade e o que não é.

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