Cosméticos Eróticos

Edicao Atual - Cosméticos Eróticos

Editorial

Encontro marcado

O chamado à urna a cada dois anos, felizmente, faz parte da vida dos brasileiros. E ainda que todos saibam da importância do voto e que considerações a respeito do exercício da democracia sejam mais frequentes em ano de eleições, é válido (em nome das gerações que nem sempre puderam exercer esse direito e das que virão) voltar ao tema.

Transformações econômicas e socioculturais, ainda que aconteçam a passo lento, entre avanços e recuos, estão relacionadas às escolhas da sociedade. As decisões de governantes interferem diretamente em nossa rotina e podem representar ganhos ou retrocessos na qualidade de vida das pessoas. É imprescindível acompanhar, com olhar crítico, tudo que ocorre ao nosso redor. A conscientização é um caminho sem volta e que, certamente, nos torna melhores a cada confronto com a urna.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz, na matéria de capa, informações sobre o mercado de cosméticos eróticos. Apesar de não constituir uma categoria específi ca de produtos sob o ponto de vista da legislação, esse segmento conquista um número crescente de consumidores e representa mais da metade das vendas no setor de erotismo no Brasil. A reportagem também aborda as características da formulação desse tipo de produto e apresenta exemplos de produtos disponíveis no mercado.

A seção Persona apresenta a trajetória de Josineire Melo Sallum, gerente geral de cosméticos da Anvisa. Em Panorama, saiba mais sobre o potencial do Nordeste, região que se destaca como mercado consumidor e que atrai investimentos de empresas do setor.

Os artigos técnicos enfocam assuntos relacionados a testes de hidratação da pele e de avaliação dos cabelos; há uma proposta para tornar o LESS mais verde, uma revisão sobre o uso de parabenos e um relatório do desenvolvimento de gloss labial contendo extratos de pepino, de menta e de pimenta. As formulações de fixadores capilares são apresentadas nos Fundamentos da Cosmetologia.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Linguagem do Consumidor versus Linguagem Científica - Trefor Evans, PhD (TA Evans LLC, Plymouth, MA, EUA)

Neste artigo, o autor descreve por que é importante que o químico formulador de produtos cosméticos entenda a forma como o consumidor expressa suas necessidades e possa traduzir essa mensagem para uma linguagem científica.

En este artículo el autor describe la importancia del químico formulador de productos cosméticos para saber entender la forma en que los consumidores expresan sus necesidades y ser capaz de decodificar este mensaje a un lenguaje científico.

In this article the author describes how important it is for the cosmetic chemist to understand the way that consumers express their needs and to be able to translate this message into a scientific language.

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Claims para Hidratação - Chris McLeod (HPCI Media, Londres, Inglaterra)

Neste artigo o autor descreve a metodologia utilizada para avaliar as propriedades hidratantes e emolientes de produtos cosméticos, com o propósito de comprovar os apelos na rotulagem.

En este artículo el autor describe la metodología utilizada para evaluar las propiedades hidratantes y emolientes de productos cosméticos, con el propósito de probar las apelaciones en el rotulado.

In this article the author describes the methodology used to evaluate the moisturizing and emollient properties of cosmetic products, for the purpose of supporting the claims on the label.

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Tendências Tecnológicas: Lauril Éter Sulfato de Sódio mais Verde - Danielle Carvas Carraça, Suzana Borschiver, Daniel Weingart Barreto (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Rio de Janeiro RJ, Brasil)

Os desafios da inovação são enormes para o setor de HPPC, incluindo a colocação de novos produtos no mercado e a associação destes à sustentabilidade. O objetivo deste artigo é realizar um mapeamento tecnológico do lauril éter sulfato de sódio, de modo a ajudar a identificar oportunidades de torná-lo mais verde.

Los desafíos de la innovación son enormes para el sector HPPC, incluyendo la colocación de nuevos productos en el mercado y asociación en sostenibilidad. El objetivo de este artículo es realizar un mapeo tecnológico de LESS, de modo de ayudar a identificar oportunidades para que sean más verde.

Innovation challenges are huge for HPPC the sector, including placement of new products in the market and associations for sustainability. The objective of this article is to realize that LESS technology mapping helps identify opportunities that are greener.

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Etnia e Elipticidade de Cabelos: Um Estudo Preliminar - Ali N Syed PhD, Tomas N Ventura Jr., Maliha N Syed Avlon Industries Inc. Melrose Park, IL, EUA

Os cuidados com cabelos étnicos abordam diferentes composições dos fios de cabelo que demandam produtos exclusivos. Esta análise abrangente sobre as dimensões de fibras capilares de cabelos lisos, ondulados e crespos serve de base para que os desenvolvedores de produtos possam formular produtos para atender às necessidades únicas de cada tipo de cabelo. Este estudo examina a elipticidade de cabelos caucasianos, brasileiros, hispânicos e de negros norte-americanos.

El cuidado del cabello étnico aborda composiciones de fibras diversas que requieren productos exclusivos. En esta revisión exhaustiva en dimensiones de las fibras del cabello entre recta, forma y pelo rizado/coily sirve de base a partir del cual los desarrolladores de los productos pueden diseñar productos para satisfacer las necesidades específicas de todos los tipos de cabello. El presente estudio examina la elipticidad de cabellos raza caucásica, y de brasileños, hispanos y afro-americanos.

Ethnic hair care addresses diverse fi ber compositions that require unique products. This comprehensive review in hair fiber dimensions among straight, way and curly/coily hair which serves as a basis from which product developers can design products to cater to unique hair type needs. The current study examines the ellipticity of Caucasian, Brazilian, Hispanic and African-American hair.

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Conservantes no Cenário Cosmético: Histórico e Tendências - F de Freitas Nunes, K Siqueira Machado, MJ Karas (Equilibra - Instituto de Capacitação e Especialização, Curitiba PR, Brasil)

Os conservantes têm a função de aumentar a vida útil dos produtos cosméticos. Escolhê-los é uma etapa decisiva do desenvolvimento do produto. Vários conservantes marcaram a história da ciência cosmética, entretanto muitos tiveram sua segurança contestada, como os parabenos. Atualmente, o mercado está buscando alternativas em substâncias com ação conservante natural.

Los conservantes están destinados a aumentar la vida útil de los cosméticos y la elección es una etapa crucial del desarrollo de los productos. Varios conservantes han marcado la historia de la ciencia cosmética, sin embargo algunos tuvieron su seguridad puesta en duda, como los parabenos. Actualmente, el mercado está buscando alternativas a las sustancias con acción conservante natural.

Preservatives are used to increase the shelf life of cosmetics and their choice is a crucial stage of product development. Several preservatives marked the history of cosmetic science, however many had their safety questioned such as parabens. Currently the market is looking for alternatives with natural preservative actions.

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Antioxidante de Polpa de Pepino e Extratos de Menta e de Pimenta para Gloss Labial - Natália H Martini, Bruna A Marçal, Fernanda F Navarro, Cristina M Franzini (Farmácia, Faculdade de Farmácia, Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras SP, Brasil)

O objetivo deste trabalho foi desenvolver e realizar a avaliação antioxidante da formulação de um cosmético para os lábios utilizando polpa de pepino e extratos de menta e de pimenta.

El objetivo era desarrollar y llevar a cabo la evaluación del efecto antioxidante de una formulación cosmética de un gloss labial que contiene pulpa de pepino y extractos de menta y chile.

The aim was to develop and perform an assessment of the antioxidant effects of a cosmetic formulation of lip gloss containing pulp of cucumber and extracts of mint and hot pepper.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Por onde andou a economia no primeiro semestre?

Como um termômetro, a balança comercial ajuda a medir a temperatura do mercado do ponto de vista da importação e exportação de bens. Por isso, é importante dar uma olhada em seus dados periodicamente e cruzá-los com as informações internas da empresa, a fim de verificar se estamos em linha com os nossos planos de crescimento. Segue uma análise simplificada da balança comercial do primeiro semestre de 2014.

No acumulado do período, a balança comercial apresentou um déficit de US$ 2,5 bilhões, o que representa -2,5% - um pouco menor que o ano anterior (-3,1%), porém ainda na mesma linha negativa. No período, as exportações retraíram 2,6%, e o mesmo aconteceu com as importações quando comparadas ao mesmo período do ano anterior.

A China (com 21,6%), os Estados Unidos (com 11,6%) e a Argentina (com 6,7%) continuam sendo os grandes destinos das exportações. No entanto, o maior percentual de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado foi o dos Estados Unidos (11,4%), enquanto o percentual de crescimento das exportações para a Argentina foi negativo (-19,8%). De forma mais abrangente, tivemos retração nas exportações para América Latina (mesmo excluindo os países do Mercosul), União Europeia, Oriente Médio e África.

Os produtos manufaturados, que no semestre representaram 34,4%, foram os que mais retraíram no período (-10,2%).

As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram crescimento nas exportações (4,8% e 3%, respectivamente), enquanto as demais apresentaram queda: 9,6% no Sul, 4,4% no Sudeste e 2,5% no Nordeste.

No que diz respeito às importações, a China (com 16,3% do total), os Estados Unidos (com 15,6%) e a Argentina (com 6,2%) continuam sendo os grandes países de origem de produtos importados. No entanto, o maior percentual de crescimento das importações em relação ao mesmo período do ano passado foi o da China (5,5%), ao mesmo tempo em que os negócios com a Argentina retraíram (-19,4%). De forma mais abrangente, tivemos retração nas importações da União Europeia, da América Latina e do Oriente Médio.

O crescimento das importações da Europa Oriental e dos Estados Unidos se deve a itens como medicamentos e instrumentos médicos, entre outros - e o mesmo motivo justifica as retrações com a União Europeia, a América Latina e o Oriente Médio. Ainda assim, no período, a conta de medicamentos para medicina humana e veterinária, que representa 3,04% dos produtos importados, retraiu 2,41%, perfazendo um total de US$ FOB 3,4 bilhões.

Com respeito aos bens de consumo, decresceram os de bens não-duráveis (-2,3%), tendo como justificativa a retração de produtos de toucador (-12,6%), produtos farmacêuticos (-9,6%) e produtos alimentícios (-1,7%).

Para garantir uma balança comercial favorável e um aumento real na corrente de comércio, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDICE), Mauro Borges, colocou como estratégia, no último dia 7 de agosto, o multilateralismo (em vez do regionalismo), o fortalecimento comercial com os três grandes players globais (Estados Unidos, União Europeia e China) e a integração produtiva com os países da América Latina. Ações neste sentido são as aproximações do Mercosul com a União Europeia, os acordos de cooperação com o National Institute of Standards and Technology (NIST) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) para as harmonizações técnicas e de certificação de conformidade e a criação do Novo Banco de Desenvolvimento pelos BRICS (grupo formado pelos países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem a proposta de equacionar os problemas de infraestrutura de exportações das nações com vista ao fomento entre o bloco.

O Banco Central prevê uma inflação de 6,39% para dezembro de 2014, acima da meta de 4,5%, e uma taxa Selic de 12%. As expectativas dos empresários para a realização da reforma fiscal neste ano têm sido pessimistas. O item independe de qualquer variável externa, mas ainda não foi resolvido. O fato é que, sem uma taxa de juros menor e uma política fiscal mais branda, não há como investir no aumento da mão de obra e na melhoria do parque industrial.

Não podemos nos esquecer de que este é um ano de eleições, e a Copa já deixou o seu legado. O importante é não perder de vista os números e acompanhá-los de perto, a fim de corrigir as estratégias adotadas com o intuito de obter os resultados planejados.

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Cosmerotics

Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey), o famoso romance erótico de 2011, da autora britânica E. L. James, que descreve a relação entre Anastasia Steele, uma recém-formada jornalista, e Christian Grey, um jovem magnata de negócios, destaca-se pelo erotismo explícito de suas cenas. Atualmente é um best-seller, com 31 milhões de cópias vendidas no mundo inteiro. Pode-se falar em um “antes” e um “depois” de seu lançamento, já que um estudo realizado no ano passado mostrou que esse livro mudou as práticas sexuais de muitas mulheres em diversos países. Esse fenômeno social propiciou que muitos de seus leitores tentassem novos métodos com seus companheiros. A título de curiosidade, em agosto de 2013, os bombeiros ingleses precisaram resgatar centenas de pessoas envolvidas em acidentes eróticos causados por todo tipo de objetos caseiros, além de pessoas presas por algemas.

A cosmética erótica, então, desempenha um papel importante nessa tendência, com diferentes tipos de produtos, como velas e óleos de massagens com aromas diversos, bálsamos e fragrâncias afrodisíacas, banhos de espuma sensuais, hidratantes biológicos, cosméticos comestíveis, texturas ice-hot etc. Em geral, podemos classificá-los em dois grupos: os produtos desenhados para a sedução e os elaborados para a ação.

Os aromas, geralmente afrodisíacos, também têm uma função importante e podem ter toques de almíscar, argán, jojoba, macadâmia, ginkgo, ylang-ylang, pétalas de rosa, flor de laranja, menta e gengibre. Entre os sabores, é comum encontrar chocolate, morango, framboesa e baunilha, entre outros. A cosmética erótica oferece um leque de possibilidades, como pintar o corpo com um pincel e chocolate, lubrificá-lo com géis de sabores, decorar as zonas íntimas com pós comestíveis de diferentes cores, fazer massagens com essências estimulantes etc.

Nesse contexto, o Brasil é o maior mercado erótico da América Latina, e as cifras de 2014 indicam que, a cada mês, são vendidos 8,5 milhões de produtos, entre os quais se incluem objetos, lingerie e cosméticos. É um segmento com muito crescimento e há empresas que duplicaram suas vendas em pouco tempo. O setor moveu em 2012 aproximadamente 495 milhões de dólares, o que representou um significativo crescimento em relação a 2011. Isso graças ao surgimento de novos consumidores posicionados na classe C. De fato, o Brasil é um dos países com mais inovações nesse ramo.

O erotic branding se refere ao processo necessário para construir uma marca no mercado sensual. Representa o auge do branding sexy em cosmética e pode ser visto com frequência em novos nomes, mais atrativos e sugestivos, por meio dos quais as empresas estão acrescentando sexo a suas marcas. Aqui, a publicidade e o erotismo caminham de mãos dadas porque geram mais impacto e conseguem seduzir com mais facilidade o consumidor. Embora pareça que já vimos tudo, ainda falta mercado para cobrir e alguns segmentos nicho como oportunidade. Gerar polêmica é uma boa estratégia, porque essas campanhas são as mais virais e as mais lembradas pelo consumidor. Contudo, as marcas devem ser cuidadosas e não cair em censuras que possam afetar sua reputação.

A ecologia erótica é uma das tendências que nasceu na França e que vem se expandindo para outras regiões. O erotismo ecológico é o novo prazer responsável e, como exemplo, temos cápsulas afrodisíacas biológicas, vibradores sem plásticos nocivos e livres de ftalatos, lubrificantes 100% naturais, bálsamos com azeites naturais e vibradores recarregáveis por meio de minipainéis solares, entre outros, incluindo materiais de embalagem 100% recicláveis. Também há camisinhas éticas sem pegada de carbono, fabricadas com látex natural proveniente de florestas cultivadas de forma sustentável. Estamos vendo no mercado lançamentos de marcas orgânicas de cosméticos eróticos. O “green business” agrada aos amantes e também aos defensores da natureza. Calcula-se que a erótica verde possa mover 15 bilhões de dólares por ano no mundo inteiro.

A ginecologia cosmética, que consiste na aplicação dos princípios cirúrgicos ginecológicos com os da cirurgia cosmética e da medicina estética, tem aparecido com maior frequência nos congressos e nas revistas especializadas. Estamos vendo tecnologias empregadas em procedimentos para o rejuvenescimento da face, como ácido hialurônico, lipossomas e vitaminas, começarem a migrar para tratamentos em zonas íntimas.

Cosmerotics = cosmética erótica que embeleza e estimula. É uma mistura fascinante de sabores, texturas estimulantes e efeitos insinuantes. A nova cosmética do amor abre as portas a um variado mundo de experiências, com ideias frescas, divertidas e glamorosas. Definitivamente, uma oportunidade para inovar!

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Passo a passo do desdobramento da composição de blends

Eu já escrevi anteriormente sobre as várias fórmulas de uma mesma formulação, ou melhor, sobre as várias maneiras de se escrever uma mesma formulação. Eu me deparei com esta questão durante os trabalhos de desenvolvimento do software RTC. Confesso que, mesmo com muitos anos de atuação na indústria, eu não tinha definições, nem parâmetros estruturados de forma clara para que eu pudesse me basear ao montar a matriz que seria aplicada no software. Apesar da fundamental importância de se conhecer bem estes critérios, não encontrei na literatura técnica capítulos que tratem especificamente do assunto. Não tive escolha. Fui obrigado a desenvolver um conceito para utilizar no software.

Agora, com o novo sistema de peticionamento de notificações e registro, todos os técnicos estão enfrentando a mesma dificuldade. Aproveitando a experiência vivida, elaborei um passo a passo para gerar a formulação desdobrada, que denominei “formulação quantitativa consolidada”. Você poderá seguir as etapas descritas abaixo montando uma planilha eletrônica.

1. Monte a fórmula original (aquela usada no laboratório de desenvolvimento) com os ingredientes totalizando 100% (padrão centesimal).

2. Identifique blends e ingredientes com ativo menor que 100%, que chamaremos adiante de “ingredientes desdobrados”.

3. Monte a composição centesimal de cada blend e de cada ingrediente com teor de ativos menor que 100%. Chamaremos estes ingredientes de “ingredientes internos”.

4. Insira os ingredientes internos na formulação, em uma coluna ou linhas adicionais.

5. Insira uma coluna com os respectivos “INCI name” de todos os ingredientes, deixando em branco o campo referente à linha onde estão registrados os ingredientes desdobrados.

6. Insira uma coluna denominada “Resultante”.

7. Preencha a coluna “Resultante” da seguinte maneira:

- Ingredientes não desdobrados: com a quantidade a ser pesada
- Ingredientes desdobrados: resultado da operação (quantidade do ingrediente desdobrado na fórmula) x (quantidade do ingrediente interno)/100.

8. Gere uma fórmula desdobrada substituindo os ingredientes desdobrados por seus ingredientes internos.

9. Ordene por ingrediente a fórmula obtida no passo 8.

10. Provavelmente, haverá ingredientes repetidos. Neste caso, crie uma coluna totalizando estes ingredientes.

11. Consolide a formulação por ingrediente, eliminando as linhas repetidas de cada ingrediente e registrando o resultado da soma obtida no passo 10 no campo referente à quantidade do ingrediente repetido que foi mantido.

12. Ordene por quantidade, iniciando pela maior.
Após realizar todas estas etapas, você deve gerar a fórmula qualitativa utilizando os itens extraídos da coluna “INCI name”. Em seguida, complete o conteúdo com a inclusão dos alergênicos presentes em essências e aromas, se estes estiverem presentes na formulação. Quando houver mais de uma essência ou aroma, lembre-se de calcular a quantidade de alergênicos separadamente para cada um e consolidar o total somando os itens iguais.

Cabe ressaltar que, além dos blends, é necessário fazer o desdobramento dos ativos que têm teor de ativo menor que 100%. Especificamente nestes casos, não se esqueça de verificar se, nos processos já peticionados de produtos que apresentam ingredientes deste tipo, as quantidades foram calculadas corretamente.

Como os aplicativos montados a partir de planilhas eletrônicas não são validáveis, é recomendável que você confira todos os cálculos e registre esta conferência.

Tome cuidado para que todo o procedimento seja realizado com muita atenção, porque erros cometidos geram grandes problemas. Todos estes eventos são motivos para indeferimento, interdição, recolhimento e destruição de produtos. Em outras palavras, estresse e prejuízo. E mais: prepare-se para demonstrar para a fiscalização porque a formulação usada na produção é diferente da que foi peticionada.

Eu tenho um arquivo com um exemplo de uma formulação fictícia, mostrando cada um dos passos acima. Se você se interessar, basta pedir pelo e-mail.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Protocolos de Validação

No próximo dia 25 de outubro vencerá o prazo de um ano, estabelecido pela RDC nº 48/13, da Anvisa, para que as empresas finalizem os protocolos dos processos existentes para limpeza, metodologia analítica, sistema de água e sistema informatizado.

Desde a publicação dessa RDC, em minha atividade de consultoria identifiquei que a maior dificuldade encontrada pelas empresas para elaborar os protocolos é saber efetivamente o que poderá ser validado, em função das reais condições existentes nas empresas.

Como sabemos, a validação é a fase final de uma sequência de atividades denominadas qualificação, que envolvem projetos, instalações, operação, performance e produto.

Essas atividades, a princípio, referem-se a equipamentos e instalações que impactem na qualidade dos produtos e estejam contemplados em pelo menos um dos quatro processos a serem validados.

Os tópicos mencionados na RDC nº 48/13 que devem constar nos protocolos são:

- atividades pré-validação;
- lista de equipamentos e seu status de qualificação;
- qualificação das instalações;
- diagrama de fluxo do processo;
- procedimento do processo;
- lista de parâmetros críticos do processo e excipientes críticos;
- amostragem, testes e especificações;
- critérios de aceitação;
- tratamento de desvios.

Para os processos de limpeza, sistema de informática, metodologia analítica e sistema de água, quando me refiro à possibilidade de validação, isso quer dizer com que exatidão e em quais condições, equipamentos e ambientes, esses processos serão submetidos aos testes de validação.

Se as condições físicas e ambientais não permitirem reproduzir os resultados dos testes, a validação não será viabilizada.

Em minhas atividades de consultoria e nos cursos que ministro pelo país, percebo que outra grande dificuldade encontrada pelas empresas para elaborar o protocolo é como superar as dúvidas quanto às características de equipamentos ou de locais que possibilitem uniformizar a amostragem e, posteriormente, a realização das análises necessárias para a validação do processo. Exemplificando: para validar a limpeza de um equipamento é fundamental que a superfície em contato com o produto esteja em condições de conservação semelhantes às da superfície original, quando o equipamento era novo. Se a quantidade de resíduos depositados criar camadas sobre camadas, na superfície interna do equipamento, a validação da limpeza será impraticável.

Outro exemplo que deve ser mencionado é relativo ao sistema de água, o qual, dependendo de suas características, simplesmente impossibilita a sua validação. Explicando melhor, em alguns sistemas de água são usados materiais inadequados na construção dos equipamentos, das tubulações etc., que não permitem o seu contato com a água e existem projetos de concepção, desses sistemas, que não permitem sua desmontagem, sua limpeza etc.

Considero que a mais fácil de todas as atividades é a validação da metodologia analítica, pois o protocolo será basicamente uma revisão do que tem sido feito, sem a necessidade da qualifi cação dos equipamentos de laboratório utilizados para as metodologias.

Espero que esses comentários possam ser orientações úteis para o leitor que esteja trabalhando na elaboração dos protocolos.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Cabelos e erotismo

Sabemos da importância dos cabelos na aparência humana e nas relações interpessoais. Quando se trata de afinidade entre pessoas, os cabelos desempenham um papel essencial na atração sexual entre os humanos. Desde sempre, eles tiveram importância para definir status social, tanto no Egito Antigo, quanto no Império Romano e nas cortes de justiça na Inglaterra.

Os detratores da monarquia na França renascentista diziam que o que se gastava de farinha para polvilhar as perucas da sociedade real da época numa única festa daria para alimentar a população de Paris por um mês!

Quando falamos de cabelos relacionados ao erotismo, precisamos avaliar algumas variáveis. Estudos realizados nos Estados Unidos mostram que as mulheres loiras exercem mais atração nos homens que as ruivas e morenas. Num estudo antropológico de campo, uma modelo com peruca morena, depois ruiva e, por último, loira permaneceu no balcão de um bar de solteiros por algum tempo antes de ser abordada por algum frequentador. A loira esperou apenas 5 minutos, a ruiva, 15, e a morena, quase meia hora!

O mesmo teste foi desenvolvido numa estrada onde a mesma modelo com as três perucas diferentes fingia que seu carro havia quebrado e esperava no acostamento pedindo para que alguém parasse e a ajudasse. Outra vez a loira teve o melhor resultado em relação ao tempo. Ficou apenas 3 minutos até que alguém parasse! A ruiva veio logo após, com 15 minutos, e a morena demorou mais de meia hora para receber ajuda.

O que isso mostra? Uma abordagem simplista poderia nos indicar que os cabelos loiros, que atraíram esses homens da pesquisa, sempre atraíram mais do que os de outras colorações. Historicamente, isso também é comprovado, uma vez que temos relatos de tempos antigos de descolorações de cabelos para que ficassem aloirados, e, no mercado de tinturas, os tons de loiro ainda são os mais vendidos.

Outro atrativo dos cabelos, além da cor, é o odor. Uma das maiores dificuldades de nossos formuladores é fixar as fragrâncias nos fios. Com estruturas queratinizadas e muito expostas ao meio ambiente, esse processo torna-se muito difícil, e qualquer tentativa acaba sendo inútil, uma vez que a volatilidade dos perfumes é muito grande.

Odores podem ser atrativos sexuais quando bem direcionados, mas também podem exercer um papel inverso quando mal empregados.

Os feromônios - aquelas substâncias produzidas pelas glândulas sudoríparas do tipo apócrinas, que despejam o seu produto num folículo piloso antes de sair para o corpo - sempre tiveram um papel importante na atratividade pessoal, tanto que algumas empresas alegam tê-los em seus perfumes justamente com esta intenção. Infelizmente, não há na literatura científica um embasamento que possa sustentar esta afirmação.

Finalmente, os produtos de estilo entram na questão. Hoje em dia, temos a “ditadura” dos lisos, após o advento das escovas progressivas e de seus produtos alisadores, que levaram os cachos e caracóis para o ostracismo.

Produtos que facilitam o penteado, como os leave-on ou leave-in, são procurados para facilitar a penteabilidade e, com isso, alterar a aparência dos cabelos, deixando-os mais atraentes.

Cada tipo de penteado vai identificar uma personalidade diferente, tanto para homens quanto para mulheres.

Cabelos masculinos no estilo militar indicam virilidade e a presença do macho na comunidade, assim como cabelos longos e esvoaçantes vão indicar feminilidade e atratividade nas mulheres.

O importante é que os cabelos, apesar de serem um anexo da epiderme e, portanto, da pele, fazem parte do corpo humano e devem ser tratados como tal.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Estojos de maquiagem em papel

Não raras vezes tenho abordado as dificuldades que o mercado brasileiro de cosméticos encontra para conseguir suas embalagens de maquiagem, notadamente nos estojos compactados. As grandes empresas do passado conhecidas como especialistas na fabricação dessas embalagens, em sua maioria, fecharam as portas, foram vendidas ou estão passando por sérias dificuldades financeiras.

Na verdade, o tempo é cruel com quem não se atualiza, não acompanha os passos do crescimento e do desenvolvimento desse mercado, principalmente quando a concorrência de fora esmaga e deixa sem fôlego os nossos empresários. Basta olhar para setores como os de brinquedos, roupas e sapatos, entre outros.

Quem tem alguns cabelos brancos vai se lembrar da explosão de consumo do batom Boka Loka, marca da Davene, fabricado na época pela YGA (braço da Natura, que fabricava e terceirizava boa parte da maquiagem produzida no Brasil). As embalagens desse batom, que batia a marca de 1 milhão de unidades fabricadas por mês, eram de um fornecedor local, brasileiro. Isso para pegar apenas um exemplo de que o nosso mercado dava conta da sua demanda sem necessidade de buscar algum fornecedor lá fora, primeiro porque não existia a facilidade e o conhecimento que se tem hoje e segundo porque era muito difícil fazer uma grande importação como essa de um país tão distante. Além disso, na época não existia no exterior um preço competitivo para essa operação, além, é claro, do demérito de usar uma embalagem chinesa.

Os tempos mudaram, o mercado mudou, as margens hoje estão bem próximas do zero e os asiáticos viram as oportunidades, ou melhor, nós mostramos essas oportunidades para eles e o resultado é o que vemos hoje. Até o menor fabricante de maquiagem tem hoje sua embalagem com “grife” chinesa.

Situação ainda difícil, não pela dificuldade de encontrar, comprar e trazer essas embalagens, mas porque o mercado cosmético de uma maneira geral parece que resolveu parar para pensar. Plagiando o político, nunca na história desse país se ouviu tanta choradeira, tanta desesperança em relação ao crescimento anual do nosso mercado cosmético na casa dos dois dígitos.

O lado bom é que a crise faz surgir a necessidade de se reinventar para sobreviver. Vendo por esse lado, alguns fabricantes de embalagens cartonadas resolveram inovar e fazer do limão uma limonada. Existe dificuldade com estojo plástico de maquiagem? Vamos fazer de papel. Então se lançaram nesse mercado, quase sem conhecimento sobre o assunto, sem concorrentes em que pudessem se inspirar, a não ser alguns poucos lá de fora.

Com esse pensamento, nasceu o estojo de maquiagem de papel compactado. Obviamente ainda com qualidade a desejar - já que nenhum projeto nasce perfeito -, com preço também ainda nada competitivo - pois a produção ainda é quase artesanal -, mas com uma luz no fi m do túnel para resolver o problema, considerando que de papel nós entendemos bastante, vide exemplo dos nossos cartuchos e das nossas gráficas, modelos para o mundo e com matéria-prima disponível em território nacional.

No exterior, já há algumas empresas que trabalham com papel para fabricar esses estojos, notadamente na Itália. Como essa tecnologia já existia há mais tempo por lá, as embalagens são incríveis, tanto que algumas empresas no Brasil já as importam e as utilizam em seu portfólio de produtos. Por outro lado, o que elas têm de maravilhosas têm de preço salgado, nada competitivo.

Outro ponto negativo desse estojo de papel é que não se pode usar, por exemplo, para um compactado de pancake, já que ele demanda uma esponja para molhar antes de aplicar o produto. E umidade e papel obviamente são incompatíveis.

Mas, como disse antes, nenhum projeto nasce perfeito. É preciso arredondá-lo para torná-lo viável e competitivo. O que importa mesmo é que já temos, com produção local, um estojo para maquiagem feito de papel em substituição aos conhecidos estojos de plásticos, em sua maioria poliestireno (PS) - que necessita de moldes caros e demorados, o que não acontece com os estojos de papel. Com isso, o tempo para a criação e a produção de um estojo para maquiagem passa a ser imediato se comparado com o de plástico.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Brincadeira de criança

Quem nunca brincou com um brinquedo de montar? Em casa, na escola ou com os filhos (quando voltamos a ser crianças), a maioria de nós já teve essa experiência.

Neste universo, dois brinquedos se destacam: o Lego e o Playmobil. Sem querer fazer juízo de qual deles é o melhor (poderíamos ficar aqui por páginas e páginas sem qualquer conclusão), certamente podemos afirmar que eles são essencialmente diferentes.

O Lego geralmente é composto por blocos encaixáveis com os quais você pode criar infinitas formas, exercitando bastante a sua criatividade e sua imaginação. Eventualmente, personagens e cenários podem ser colocados no jogo.

Já o Playmobil é composto por cenários e personagens com os quais se pode criar infinitas histórias, exercitando bastante a imaginação e a criatividade.

Resumidamente, com o Lego você cria do zero e, com o Playmobil, você imagina a partir de cenários.

Professor, alguém lhe falou que esta é uma coluna sobre manipulação dermatológica e não sobre brinquedos?

Então tá. Vamos relacionar as coisas.

Nas farmácias magistrais, frequentemente somos solicitados a manipular produtos dermatológicos, para os quais temos que combinar fármacos com veículos apropriados, que atualmente denominamos de bases dermatológicas.

Da mesma forma que os brinquedos de criança, as bases dermatológicas podem ser divididas em “bases Lego” e “bases Playmobil”.

As “bases Playmobil” são aquelas bases prontas, que a farmácia já compra de distribuidores ou fabricantes, algumas vezes também chamadas de bases concentradas.

As “bases Lego” são aquelas produzidas pela própria farmácia, com componentes que ela combina conforme sua necessidade e competência; essas bases também são denominadas bases próprias.

Basicamente, os dois tipos servem bastante bem à finalidade desejada, qual seja, um veículo para incorporação de fármacos ou ingredientes cosméticos prescritos por um médico.

Mas, quando se analisa melhor, vemos que os dois tipos de base, apesar de terem a mesma finalidade, têm papéis diferentes.

As bases concentradas devem ser utilizadas tal e qual se apresentam e geralmente permitem apenas a adição de água, algum solvente compatível e os fármacos. Da mesma forma que o Playmobil, essas bases oferecem diferentes cenários (aniônico, não iônico, loção, gel, shampoo, condicionador etc.) nos quais o farmacêutico pode incorporar diversos ativos. Para fazer isso, ele deve conhecer a natureza dos ativos e os componentes da base, de modo a tornar mínima a possibilidade de interações e incompatibilidades. Estas bases atendem a um grande leque de possibilidades e permitem manipular o medicamento com praticidade, eficiência e redução de custos.

Mas e se você quiser brincar com uma história diferente? Por exemplo, se você comprou o Playmobil do Hospital, provavelmente não conseguirá usar os mesmos cenários e personagens para brincar com o Playmobil dos Bombeiros.

Ou seja, as bases concentradas circunscrevem a sua criatividade para os limites para os quais foram criadas, não permitindo muita personalização ou individualização. Por exemplo, se você quiser transformar uma base não iônica em uma base com toque seco (ou vice-versa), poderá até adicionar alguns componentes, mas o resultado não será o melhor possível. Caso você queira um creme aniônico com toque seco, terá que comprar a base específica.

Do outro lado, as bases próprias podem ser montadas conforme a farmácia necessita. Utilizando o mesmo conceito dos blocos de montar, uma base própria pode ser pensada para atender a uma demanda específica de uma farmácia, respeitando as características regionais e individuais da terapia. Por exemplo, podemos preparar uma base isenta de conservantes ou isenta de ésteres ou derivados de lanolina e ainda assim ter excelentes características reológicas e sensoriais. Essas bases também podem ser deixadas prontas para uso posterior, conforme a legislação vigente, e podem também ser aditivadas para melhorar suas características reológicas e sensoriais. Como se sabe a sua composição qualitativa e quantitativa, ficamos totalmente seguros para incorporar quaisquer ativos que desejarmos. A desvantagem é que, se você quiser guardar estas bases, terá de providenciar alguns testes de estabilidade.

Em suma, com as bases prontas temos muita praticidade, mas limitamos a nossa criatividade; com as bases próprias exercitamos nossa criatividade, mas perdemos um pouco em praticidade.

Hoje, algumas empresas fornecem bases dermatológicas prontas realmente diferenciadas, que podem trazer muitas vantagens na individualização de terapias e que podem – e devem – ser utilizadas. Por outro lado, será que vale a pena comprar bases convencionais – e ter suas bases idênticas a de tantas outras farmácias concorrentes?

A melhor ideia neste caso é fazer como as crianças: vamos juntar o Lego e o Playmobil e brincar com os dois?

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