Biodiversidade Brasileira

Edicao Atual - Biodiversidade Brasileira

Editorial

Tempo de fazer mais e melhor

O ano começa com prognósticos pouco animadores a respeito do cenário econômico e dos baixos índices de confi ança por parte de empresários e consumidores. O que fazer diante de indicadores e fatos que minam a ideia de um feliz ano novo? Talvez um dos caminhos seja fazer mais e melhor, buscando inspiração, formas de inovação e usando a criatividade.

No terreno das inspirações, informações sobre tendências e comportamento do consumidor são sempre bem-vindas. A consultoria Trendwatching elaborou um relatório com tendências de negócios para as Américas do Sul e Central em 2015.

Algumas das tendências listadas pela consultoria sugerem servir os consumidores no lugar certo e na hora certa; oferecer “recompensas” divertidas; que as marcas colaborem para integrar pessoas; e que as marcas que estejam presentes nos deslocamentos diários dos consumidores; dentre outras. Com certeza essa será uma pauta interessante a ser desenvolvida pelo nosso colunista de Mercado, John Jiménez.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil traz na matéria de capa informações sobre a biodiversidade brasileira e sua importância para o mercado cosmético. O país que contabiliza mais de 200 mil espécies registradas em seus biomas é fonte de conhecimento e de novas matérias-primas para a indústria cosmética, que investe no uso sustentável dos recursos da biodiversidade. A reportagem também aborda a legislação que regula o acesso aos recursos da biodiversidade, bem como um novo Projeto de Lei, que deve trazer benefícios a empresas e pesquisadores.

Nesta edição você também confere o Balanço Econômico, com a avaliação de profissionais do setor sobre o ano que passou e suas expectativas para 2015. A seção Persona apresenta a trajetória de José Armando Camargo Amarante.

Os artigos técnicos abordam os novos ativos que utilizam a nanotecnologia, incluindo um guideline publicado pela FDA, agência regulatória dos Estados Unidos. Na seção Fundamentos da Cosmetologia, nesta edição iniciamos uma série de artigos sobre o projeto de uma planta de fabricação de cosméticos, apresentando os fundamentos das Boas Prática de Fabricação.

Boa leitura!

Hamilton dos Santos
Publisher

Guideline de Segurança de Nanomateriais em Produtos Cosméticos - Equipe da Division of Dockets Management - FDA (Food and Drug Administration), Fishers Lane, MD, Estados Unidos

FDA com orientações e recomendações à indústria de cosméticos quanto aos aspectos de avaliação de segurança, com uso de ingredientes na forma de nanomateriais.

Este articulo es una reproducción de una guía publicada por el FDA con recomendaciones y orientaciones para la industria de cosméticos, con relación a los parámetros de evaluación de seguridad, en torno al uso de ingredientes en forma de nanomateriales.

This article is a reproduction of the guidelines published by the FDA with suggestions and recommendations for the cosmetics industry, related to the parameters set forth to evaluate the safety in terms of the use of nanomaterials as ingredients.

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Quebrando Paradigmas com a Nanotecnologia - Betina G Zanetti-Ramos (Nanovetores Tecnologia, Florianópolis SC, Brasil)

A aplicação da nanotecnologia em cosméticos faz parte do desenvolvimento de produtos de alto desempenho. Este artigo aborda as vantagens e os desafios encontrados no uso de insumos nanotecnológicos, que vão além das definições regulatórias e passam pela adequação de protocolos clínicos e de metodologias para a quantificação desta nova classe de ativos.

La aplicación de la nanotecnología en cosméticos es parte del desarrollo de productos de alto rendimiento. Este artículo describe las ventajas y los desafíos que enfrentan los científicos en el uso de insumos nanotecnológicos, que van más allá de las definiciones normativas y pasan por la adecuación de los protocolos clínicos y de metodologías para la cuantificación de esa nueva clase de activos.

The application of nanotechnology in cosmetics is part of the development of high performance products. This article discusses the advantages and the challenges faced by the cosmetics chemists in this task to use the nanomaterials that go beyond the regulatory definitions, they are in the clinical protocols adaptation and in the development of new methodologies to measure this new kind of active ingredients.

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Avanços e Desafi os para a Nanotecnologia na Indústria de Proteção Solar - Dr Paul Staniland, Dr Ian Tooley, Dr Robert Sayer, Elizabeth Ryder, Hannah Craney (Croda, Widnes, Cheshire, Reino Unido)

Apesar de serem usadas em aplicações cosméticas há cerca de 30 anos, as nanoformas de TiO2 e ZnO têm sido minuciosamente examinadas com relação aos seus aspectos de segurança. Este artigo aborda os avanços recentes na regulamentação e propostas de recomendações que resultam na melhor compreensão da segurança de certos nanomateriais em aplicações cosméticas.

A pesar de su uso en aplicaciones cosméticas durante casi 30 años, las nano-formas de TiO2 y ZnO se han examinado a fondo en relación con sus aspectos de seguridad. Este artículo describe los recientes avances en la regulación y recomendaciones propuestas que resultan en una mejor comprensión de la seguridad de determinados nanomateriales en aplicaciones cosméticas.

Despite its use in cosmetic applications for nearly 30 years, TiO2 and ZnO nano-forms have been thoroughly examined in relation to their safety aspects. This article discusses recent advances in regulation and proposed recommendations that result in better understanding of the safety of certain nanomaterials in cosmetic applications.

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Doseamento de Formaldeído e Parâmetros Físico-Químicos de Esmaltes de Unha - AD de Aguiar Marques, MG Batista de Azevedo, J de Souza Alencar Falcão (Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande PB, Brasil)

Este trabalho teve por objetivo identificar e validar o método analítico para doseamento do formaldeído em esmaltes de unha e determinar os parâmetros físico-químicos desses produtos.
Os esmaltes analisados foram o padrão Revlon e similares de qualidade desconhecida (tons vermelhos e tons claros).

El estudio objetivó identificar y validar el método analítico para el ensayo de formaldehído en el esmalte de uñas y determinar sus parámetros físico-químicos. Los esmaltes de uñas analizados eran estándar Revlon y similares de calidad desconocida (tonos rojos y tonos claros).

The paper aimed identify and validate the analytical method for assay of formaldehyde in nail polish and determine their physicochemical parameters. The nail polish analyzed were standard Revlon and similar of unknown quality (red shades and light shades).

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Hábitos

Chegou a hora de dar adeus para 2014, um ano intenso, sobretudo por causa do cenário político-social (falta de água em São Paulo, crise da Ucrânia/Rússia, eleições, Copa do Mundo...). No entanto, não antes de darmos uma última olhada no que hoje já é passado, mas que sem dúvida irá asfaltar o futuro.

No meio de dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos trouxe dados estatísticos valiosos sobre o perfil dos domicílios, que, se bem aproveitados, podem nos ajudar a evitar algumas armadilhas escondidas no cenário de 2015.

Uma vez que a família continua sendo a entidade principal do mundo em que vivemos, vale a pena analisar a evolução dos seus padrões de organização em termos de composição e pensar sobre o reflexo que isto pode ter em nossas estratégias.

Um dado que chama a atenção no período estudado, de 2004 a 2013 (10 anos), é que o perfil das famílias mudou definitivamente.

Novas formas de organização estão surgindo, passando a coexistir de maneira mais significativa com formações familiares do tipo “tradicional” (casal com filhos). Os fatores apontados na pesquisa que contribuem para a transformação na organização das famílias brasileiras são: a queda da fecundidade, o envelhecimento populacional, o aumento do número de divórcios, o adiamento dos casamentos e da maternidade, o crescimento do número de pessoas que moram sozinhas - bem como o de casais que optam por não ter fi lhos-, o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho e o aumento do grau de escolarização da população.

O estudo indica que o arranjo familiar mais expressivo é o “arranjo familiar com parentesco”, ou seja, de pessoas que vivem juntas no mesmo domicílio (86,2%, em 2013), seguido pelo “arranjo familiar unipessoal”, ou seja, famílias formadas somente por uma pessoa por domicílio (13,5%).

Nos “arranjos familiares com parentescos”, percebe-se no período uma queda de 13,7% no número de casais com filhos e um aumento de 32,9% na quantidade de casais que optam por não ter filhos. O Rio Grande do Sul é o estado que tem o maior percentual de casais que optam por não ter filhos (23,9%), embora a região Norte tenha sido a que apresentou o maior percentual de variação nos últimos 10 anos (43,1%). O alto percentual evidencia uma dinâmica já mais amadurecida nas demais regiões, que há anos já vinham apresentando esta tendência.

Nos “arranjos familiares unipessoais”, percebe-se um aumento de 35% no período. Estes arranjos são formados principalmente em virtude do aumento da longevidade, o que acarreta um número maior de indivíduos viúvos. Em 2013, dos 9.230 domicílios com esta formação (13,5% do total), 61,7% eram compostos por pessoas com 50 anos de idade ou mais, e, destes, 50,4% eram mulheres.

A taxa de fecundação nacional indica que o número de filhos por mulher no período caiu 26%, passando dos 2,4 filhos/mulher para apenas 1,8. Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais apresentam taxas menores que a média nacional: apenas 1,6%.

Além deste decréscimo relevante, o mesmo estudo indica o aumento do número de mulheres sem filhos entre 25 e 29 anos, que passou de 32,5% para 40,4%, sendo expressivo o percentual de mulheres declaradas brancas e sem filhos (48,1%) em comparação aos 33,8% das declaradas negras/pardas. A escolaridade também influencia na decisão de ter ou não ter filhos: quanto maior o nível de escolarização, menor o percentual de mulheres que optam por tê-los. Na mesma faixa etária, somente 16,3% das menos escolarizadas optaram por não ter filhos, contra 45,5% das mais escolarizadas.

A “geração canguru” (termo usado para designar as pessoas entre 25 e 34 anos que ainda moram com os pais) aumentou de 21,2% para 24,6%. A razão para o fenômeno está mais ligada ao prolongamento dos estudos desta geração - mais escolarizada que a geração anterior – do que com o desemprego, já que a taxa de ocupação destes jovens é alta. Uma vez que a região Sudeste apresenta a maior taxa de ocupação e o maior nível de escolaridade dos jovens nesta faixa de idade, a proporção desta geração canguru é mais expressiva na região: 26,8%, enquanto a média nacional é de 24,6%.

Os hábitos mudaram e o mercado também. O imperador Júlio César (100 a.C. a 44 a.C.), em um momento de reflexão, havia dito: “Hábitos, hábitos, hábitos... O que pode melhor explicar um povo? Hábitos!” Parafraseando-o, eu diria: “O que pode mais pode explicar o mercado? Hábitos!”

John Jimenez
Tendências por John Jimenez

2015 Trends

O ano de 2015 será marcado pelas consequências das crises econômicas, sociais, políticas e ambientais dos últimos anos. Uma das principais tendências de 2015, “Less is more” é fruto de uma nova forma de pensar, a partir da qual se aceita a existência com menos objetos, espaços reduzidos e altos níveis de conectividade e mobilidade.

De millenial a teen. Os millenials já estão entrando na idade adulta e, portanto, o foco das marcas para o segmento mais jovem será dado aos teens. Veremos novas estratégias de marketing e posicionamento para esse nicho.

Antiaging menu. Imagine que você está em um jantar especial, em um novo restaurante. Quando o garçom lhe oferece o cardápio, você lê todas as opções e escolhe como entrada um prosciutto de parmesão, tâmaras e molho hidratante acompanhado de baguete antioxidante. Em seguida, pede uma sopa de tomate detox e, como prato principal, um corte entrecot no ponto, coberto por cinco espécies boosters de colágeno e uma salada cobb com temperos despigmentantes. Finalmente, de sobremesa, você pede um creme brulée anti-proteasa. Em 2015, veremos o auge dos Beauty Restaurants.

Chinese luxury. Um estudo feito em 2014 mostrou que 84% dos consumidores chineses de luxo estão de acordo com que “no futuro, as marcas de luxo chinesas serão tão boas quanto as ocidentais”. A China será a próxima “capital do luxo” e, portanto, no Ocidente, começaremos a ver marcas de luxo e de alto prestígio em cosmética com conceitos orientais “made in China”.

Beard or not beard. A rebelião da barba. “Estar com a barba feita não significa estar bem-arrumado”. Neste ano, veremos a volta do homem das cavernas. Os homens estão dizendo adeus às máquinas de barbear e lâminas. Desde a década de 1970, não víamos tanta barba na televisão e na publicidade. Também veremos um crescimento importante nessa categoria com produtos como condicionadores para a barba.

Lumbersexual. Esta tendência está relacionada à anterior. É a volta dos homens rudes e com barba. Eles projetam uma imagem desleixada, muito longe do já extinto metrossexual. Usualmente vestem calça jeans e camisa xadrez, como se tivessem saído do meio da floresta. É o novo modelo do “urban boy”, hippie e amante da natureza. O termo vem da palavra “lumberkack”, que significa lenhador.

Marsala: cor pantone de 2015. A Marsala é um vinho produzido na Sicília e que conseguiu a Denominação de Origem Protegida em 1969. A cor é um tom marrom terra avermelhado siciliano que dá relevo ao tom orquídea radiante de 2014. Já foi vista em desfiles de moda recentes e aparecerá em muitos produtos cosméticos neste ano. É uma cor unissex, que transmite cordialidade e tem estilo, além de ser atrativa e favorecer todos os tipos de pele. Tem tom, corpo e raízes, assim como o vinho que lhe dá nome.

Men glow: Um recente relatório da Mintel indica que o consumo de autobronzeadores em homens está aumentando consideravelmente. Só no Reino Unido, o mercado se aproxima de 60 milhões de libras.

Pro-ageing – the beauty of being old: Esta tendência procura liberar as mulheres da pressão pela beleza. No mercado veremos uma diminuição dos claims “anti” no segmento adulto, já que há estudos que dizem que essas mulheres não querem se ver mais jovens, mas se ver mais saudáveis. Será o nascimento de um novo idioma cosmético.

SPF Canino: Neste ano, veremos um aumento no lançamento de protetores solares para cães, que têm como objetivo evitar as queimaduras e o amarelamento de seu pelo.

Face-massaging beauty tools: As marcas asiáticas estão inovando em formas, tamanhos e benefícios.

Hair color trends: O vermelho em tons brilhantes e de diferentes tonalidades será tendência em 2015. Crazy red no cabelo será comum em desfiles e apresentações. Os cabelos curtos também continuarão na moda, bem como o corte médio repicado.

Surgery trends: No âmbito das cirurgias, em 2015 estarão em alta o transplante capilar e de sobrancelhas e a blood therapy para benefícios anti-idade em tratamentos faciais.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Boas novas no estilo São Tomé

Enfim uma boa noticia para o setor, se o “sistema eletrônico” assim o permitir: foi publicada a RDC 7/15 que altera a RDC 4/14 e dá novas providências para produtos de HPPC.

Precisamos agora entender, de forma objetiva, o que é “isento de registro”, ou seja, o que será necessário para tal, como proceder, os custos envolvidos e a partir de quando, considerando que os requisitos sanitários não serão alterados para os graus de risco.

É necessário deixar explícito, em boa escrita e na amplitude requerida, a nova condição. Ou seja, além dos novos produtos, como ficam aqueles represados? Aqueles produtos retidos e não liberados, seja por alteração de composição, seja por alteração de fórmula, seja por alteração da embalagem ou na sua apresentação. Ou, ainda, a qualquer outro serviço aplicável aos produtos “isentos” de grau 1 (já que não existe mais a notificação) e também para aqueles de grau 2 que agora estão isentos. Para o grau 2, a exceção é para: protetores solares, repelentes de insetos, produtos infantis, alisantes capilares e o multipropósito álcool gel que ainda deverão ser registrados e publicados no DOU (Diário Oficial da União), previamente à sua comercialização.

Outras dúvidas:

• Como irá ficar o novo procedimento diante do sofrível sistema eletrônico que, após um ano de atividade, apresenta múltiplas deficiências técnicas-operacionais incontroláveis por parte de seus usuários?

• Qual o prazo para regularização do sistema adotado, diante da nova situação e das pendências represadas por questões simples, mas que impedem a liberação destes produtos sua produção e comercialização?

• Como ficarão aqueles produtos que foram registrados sob a condição do recadastramento no novo sistema, e que agora, em sua maioria, tornam-se “isentos de registro” e tiveram suas taxas pagas?

• “Isento de registro” será isento de taxa? ou é somente a isenção da publicar sua aprovação no DOU, cujo custo cabia à Anvisa?

• Como será incrementada a fiscalização ou monitoramento interno e externo para que não sejam ainda mais privilegiados os fabricantes mal intencionados, que concorrem livremente nas prateleiras com aqueles em conformidade?

• Tendo em vista que o antigo processo de registro será mantido para as cinco categorias de produtos, haverá tempo definido para manifestação da autoridade sanitária e ou seu deferimento? Haverá pessoal técnico para atender à demanda ou fica como está, sem previsão, sem técnico suficiente, sem sistema operacional adequado gerando enormes hiatos aos produtores destas categorias, principalmente das sazonais, a exemplo dos protetores solares, como também aos seus consumidores, privados de acesso às novas tecnologias de proteção na época certa?

Paralelo a essa almejada desburocratização, se faz necessário um novo entendimento, igualmente sobre o trato das pendências de regulamentação que se arrastam a longa data (tais como: produtos infantis, testes alternativos, ácido glioxílico, entre outras). Como os novos adendos e regulamentações que surgem e para às quais temos recebido como resposta que a “Agência ainda não têm posição sobre o assunto” embora sejam aplicados nos mercados que temos como referência (base) de nossa regulamentação como é o caso do ácido glioxílico utilizado como alisante, já incorporado a finalidade desta matéria prima no CosIng.

A inovação e a atualização são partes fundamentais dos negócios na área de HPPC e, se há uma exigência legal para produção de produtos e ingredientes regulamentados, que esta siga em regime de atualização diferenciado do atualmente existente, cujo atraso é lamentável, como tem sido no Mercosul.

Se o Mercado do Cone Sul + Venezuela não funciona ou se mantém em um descompasso inaceitável, pelos enormes problemas vividos por nossos parceiros, deveríamos ao menos merecer o mesmo critério de tratamento adotado pela Anvisa quando deseja regulamentar de maneira diferente da regulação desse mercado comum: faz e implementa, como foi o caso dos clareadores dentais, agora, com prescrição médica.

Diferentemente do que se pensa, não estamos tão em linha com as legislações de referência.

Ficar esperando a boa vontade de parceiros não industrializados na área para definições comuns, atualmente, só emperra a evolução do mercado brasileiro.

O Brasil tem o segundo maior mercado mundial de consumo do ocidente e investe forte em inovação, tecnologia de produto e em sua produção, apesar de ter a maior carga tributária e sofrer contínuas ameaças de novos aumentos de impostos diretos e indiretos, geradores de receita para tapar os buracos das contas públicas.

Sempre tivemos o espírito crítico de “crer para ver”, entretanto, depois de tanta decepção penso hoje como São Tomé, ver o que vai acontecer, para crer que vai funcionar o que foi estabelecido.

Um 2016 fantástico, considerando que 2015 será muito difícil pelo que já estamos vendo e sentindo.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

APPCC como Ferramenta para a Melhoria das BPFeC

O título desta coluna pode causar sensação de descrédito em algumas pessoas, pois, como se sabe, na indústria de HPPC (Higiene Pessoal, Perfumes e Cosméticos), algumas técnicas e alguns processos da qualidade são considerados impossíveis de implantar por causa da diversidade de produtos e das características das empresas.

Sabe-se que os órgãos de vigilância sanitária, cada vez mais, têm enfatizado a necessidade de que a segurança dos clientes seja a preocupação maior de todas as empresas.

Como é de conhecimento geral, as BPFeC (Boas Práticas de Fabricação e Controle) são a melhor ferramenta da Qualidade para possibilitar que, quando aplicadas de forma adequada, seja obtido o melhor nível de qualidade dos produtos. Adicionalmente, para que as BPFeC assegurem um nível de qualidade maior, há necessidade de utilizar o sistema APPCC (Análise de perigos e pontos críticos de controle), o qual possibilita obter maior confiança quanto à qualidade dos produtos.

Devo também ressaltar que as pequenas indústrias, ao implantar essa metodologia, podem oferecer produtos com melhores padrões de qualidade.

A implantação do APPCC tem por base aplicar princípios preventivos, proporcionando maior segurança na produção e no transporte dos produtos.

Para a implantação do APPCC deve ser adotada a seguinte metodologia:

• Criar uma equipe.
• Estabelecer a finalidade da análise.
• Elaborar o fluxograma.
• Verificar perigos e prevenção.
• Estabelecer pontos críticos de controle.
• Estabelecer os limites de criticidade.
• Elaborar ações preventivas.
• Criar a documentação do sistema.

Inicialmente devemos conhecer os insumos, do ponto de vista físico-químico, as embalagens e os processos envolvidos. Devemos também realizar uma avaliação física do local da operação. A identificação dos potenciais perigos de cada etapa do processo deve ser realizada pelos componentes da equipe, criando uma tabela na qual constem perigos e o grau de risco de cada um, fato que implica na classificação destes em críticos ou não.

Os controles que por ventura já existam e que possam ser aplicados devem ser considerados. Em algumas circunstâncias, é necessário fazer mais de um tipo de controle para possibilitar que determinado risco seja controlado.

Na indústria cosmética, os processos considerados críticos põem em risco a qualidade dos produtos. Não devemos deixar de considerar que a estocagem também, em alguns casos, pode constituir um ponto crítico, seja pela ação da temperatura e da umidade, seja pelo tipo de empilhamento e de arrumação empregados.

O APPCC não poderá ser efetivo se os processos não estiverem corretamente documentados, pois do procedimento decorre a perfeita compreensão de como cada etapa do processo se relaciona com a anterior e com a seguinte, e qual é o impacto de cada etapa na segurança do processo como um todo.

Eu poderia exemplificar citando o procedimento de limpeza e sanitização, que, se não for implantado objetivando a segurança da qualidade, poderá efetivamente ser um grande ponto crítico de controle.

O procedimento de pesagem também representa um ponto crítico de controle, pois qualquer não conformidade acarreta risco imediato para a qualidade do produto.

Devo ressaltar que os exemplos citados são apenas indicativos de alguns dos possíveis pontos críticos de controle, entre os inúmeros existentes nas empresas de HPPC, pois cada uma tem suas próprias características, as quais impactam diretamente no processo de avaliação de possíveis pontos críticos e de pontos críticos de controle.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Nutracêuticos em cosmecêuticos

Uma das causas do envelhecimento é a oxidação provocada pelos radicais livres, que são moléculas instáveis e reativas.

Para atingir a estabilidade, essas moléculas captam elétrons de membranas e proteínas celulares do DNA e de estruturas citoesqueléticas, causando vários danos irreversíveis, como inflamação e carcinogênese.

A perioxidação lipídica é uma das sequelas geradas pela ação dos radicais livres e destrói as membranas celulares, danificando a superfície cutânea.

Os cremes com substâncias antioxidantes, como as vitaminas C, E e B, são usados para o tratamento da pele fotoenvelhecida.

Existe uma correlação entre a deficiência de vitamina E e o aumento do estresse oxidativo e, por isso, acredita-se em seu alto poder oxidante. As formas de vitamina E tipicamente utilizadas em cosméticos são o acetato de alfa tocoferila e o linoneato de alfa tocoferila. Esses compostos apresentam menor probabilidade de desencadear dermatites de contato e são mais estáveis em temperatura ambiente.

Entre os antioxidantes solúveis apenas em água, há grande destaque para a vitamina C. Atualmente, a vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, está sendo extensamente estudada em relação a sua atividade antioxidante. Sua aplicação tópica é usada para prevenir contra os danos causados pelo sol para o tratamento de melasma, estrias e eritema pós-operatório em pacientes tratados com laser.

Quando as preparações de vitamina C são expostas aos raios ultravioletas ou ao ar, a molécula rapidamente se oxida e se torna inativa, inutilizando a preparação. A vitamina C se tornou um aditivo popular de muitos produtos pós-sol, pois ela interfere na geração de espécies de oxigênio reativo induzida pelos raios UV pela reação com o ânion superóxido ou o radical hidroxila. A vitamina C, um forte antioxidante por si só, também reduz - e, portanto, recicla - a vitamina E oxidada de volta à sua forma ativa, de modo que as capacidades antioxidantes da vitamina E são amplificadas.

As preparações tópicas de ácido ascórbico podem ser formuladas em base aquosa ou lipídica. O palmitato de ascorbila tópico, uma forma lipídica, não causa irritação e é comprovadamente fotoprotetor e anti-infl amatório. O maior problema das formulações com ácido ascórbico, entretanto, é sua instabilidade frente à exposição ao ar e à radiação UV, o que as torna inativas horas após a abertura do frasco.

Vitaminas do complexo B, existentes em muitos alimentos, também são utilizadas em cosmecêuticos com propriedades antioxidantes.

A niacimida (B3) tem propriedades anti-inflamatória e fotoprotetora, sendo usada em produtos para tratamento de acne e melasma. A vitamina B3 é bem tolerada na pele, e seu uso prolongado melhora rugas faciais.

O pantenol (B5) é utilizado de forma tópica para o tratamento de feridas e queimaduras. Seu mecanismo de ação está relacionado com a produção de coenzima A, que é um poderoso antioxidante.

Entre os novos antioxidantes, o chá verde tornou-se popular nos países ocidentais devido ao seu provável efeito antioxidante e anticarcinogênico. Os efeitos estão relacionados aos compostos polifenólicos em seu conteúdo, também conhecidos como epicatequinas. Muitos estudos ainda estão sendo realizados, mas acredita-se que o componente polifenólico responsável pelos efeitos bioquímicos ou farmacológicos seja o (-) epigalocatequina-3-galato.

As isoflavonas que derivam da soja (nutracêutico) também são utilizadas no tratamento da pele. Este alimento, através de várias frações, pode provocar o clareamento da cútis, além de hidratar e estimular o colágeno. O mecanismo de ação é explicado pela ocupação dos receptores estrogênicos, substituindo sua ação hormonal. As peles envelhecidas e no pós-menopausa são beneficiadas por este ativo sem efeitos colaterais.

Finalizando, percebemos uma relação muito interessante entre os outros nutracêuticos e cosmecêuticos agindo tanto de forma interna (nutrientes) como de forma externa, cremes com antioxidantes para o benefício da pele fotoenvelhecida.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Carência de eventos sobre embalagens

Mais um ano se foi. Outro chega e nele depositamos todas as nossas expectativas e esperanças, mesmo com certo desapontamento e certa desconfiança depois dos resultados das eleições. Para o nosso setor, tínhamos e temos a impressão de que, se o resultado fosse outro, estaríamos agora respirando um pouco melhor. Mas política não é o nosso foco e tampouco entendemos o que se passa na cabeça de nossos representantes.

Fazendo um balanço do nosso mercado, vendo os eventos que acontecem ao longo do ano e pensando tecnicamente nas carências e oportunidades, deparei-me com algo que sempre comento, porém que não tinha tido ainda a oportunidade de me aprofundar um pouco mais. Achei então que agora era a hora de abordar esse tema.

Trata-se dos eventos técnicos sobre embalagens, na forma de palestras, seminários e congressos ou mesmo de um curso específico.

Antes, vamos dar uma olhada no que acontece no dia a dia de um desenvolvimento de produtos: o briefing (definido pela área de marketing), a sequência do desenvolvimento, passando pela escolha de ativos, fragrâncias, conservantes, sensorial, testes de segurança, estabilidade, eficácia e tantas outras etapas importantes.

Onde entra o teste de compatibilidade com a embalagem? Tenham a certeza de que essa preocupação está bem no final e, em muitas empresas, ela nem existe.

Foi pensando nisso que cheguei à conclusão de que o pessoal de pesquisa e desenvolvimento de produtos (P&D), precisava ter mais contato com os fabricantes de embalagem.

O foco dos eventos que temos atualmente é quase cem por cento voltado para matérias-primas. No entanto, a parte mais cara do produto, que é a embalagem, fica em segundo plano, inclusive em eventos específicos.

Seria muito importante se o pessoal de P&D pudesse ter acesso aos profissionais de embalagem, e estes, representando suas respectivas empresas, falassem, por exemplo, sobre os diferentes tipos de plásticos, suas características e incompatibilidades, o processo de injeção e sopro... Também valeria a pena falar sobre a questão da decoração, abordando o que é um hot stamping, quais são as possibilidades e restrições e que universo é esse que embeleza uma embalagem. Seria interessante, ainda, abordar as mesmas questões referentes ao silk screen e à serigrafia.

O próprio teste de compatibilidade, que é um dos mais importantes entre os que têm a embalagem como foco, mereceria mais destaque: como é feito? Quais são os parâmetros? É possível terceirizar?

Bisnaga é outra embalagem que não sai de moda, mas houve um tempo em que fugíamos dela por carência de fornecedores, o que não acontece hoje, porém as quantidades mínimas e a as restrições na decoração ainda assustam.

Destaco que acabou de entrar no mercado um fabricante que veio para suprir essa necessidade, e seu ponto forte é a diversidade de tipos e de aplicadores e a beleza das decorações, com quantidades mínimas que atendem à pequena empresa.

Rótulos autoadesivos compõem outro item que merece sempre uma atenção especial e um contato mais estreito entre o fornecedor e o pessoal de desenvolvimento de produtos, por serem usados na embalagem primária com riscos de incompatibilidades, de descolar, desbotar, apagar a gravação etc

Mais uma grande carência é um evento que fale sobre registro e patentes para embalagens. Seria interessante abordar como são feitos, quem faz, quanto custa, quanto tempo demora, quais são os riscos de não patentear uma embalagem e também os prós e contras de usar uma embalagem standard (padrão) de mercado.

Vale lembrar também dos problemas com as embalagens para maquiagens e da invasão dos fornecedores asiáticos.

Não poderia deixar de citar aqui os caminhos para desenvolver uma embalagem: marketing, criação e design.

O controle de qualidade de embalagens, que muitas empresas não fazem por não saber nem por onde começar, seria assunto para um curso mais específico e com mais tempo de duração.

É importante enfatizar que precisam estar no contexto o pessoal de marketing, os próprios profissionais de embalagem e também os compradores. Nas empresas de pequeno porte, o comprador precisa ter uma noção técnica, mesmo que básica, sobre as embalagens que sua empresa utiliza, já que ele precisa orçar e comprar.

A carência existe, e o público também. Resta focar e preparar um bom e profissional seminário sobre nossas embalagens para cosméticos.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Farmácias e drogarias renovam esperanças

Não seria maravilhoso ler o título de uma notícia como: “Farmácias passarão fazer assistência primária à saúde no Brasil”?

Sempre que um novo ano se inicia, renovam-se nossas esperanças por um mundo melhor, um país melhor, uma cidade melhor e uma família melhor... Enfim, por nos tornarmos pessoas melhores.

Por pior que seja o cenário econômico que os analistas preveem, esta esperança parece estar conosco desde o primeiro brinde do ano novo e pelo menos até o carnaval.

Em 2015, os cenários se apresentam, no mínimo, nebulosos. Falta de chuva, racionamento de água e de energia, dificuldades para obter crédito, corrupção generalizada e impune... Enfim, tudo se parece com uma imensa nuvem negra.

Nem tudo! Em meio às dezenas de notícias e e-mails que leio diariamente, uma notícia publicada em 13/01/2015 na newsletter da Cosmetics & Toiletries despertou minha atenção: Farmácias e drogarias lideram ranking sobre experiência do consumidor.

Aí está uma notícia realmente boa para começar o ano.

Segundo nota publicada, a Consultoria Sax realizou o estudo CX Index Brasil, que analisou as experiências dos clientes com empresas do ramo de serviços. Foram avaliados bancos, lojas, restaurantes, eletroeletrônicos, drogarias e farmácias, telefonia fixa e móvel, planos de saúde, internet, companhias aéreas, hipermercados e TV por assinatura.

Os clientes avaliaram pontos como eficiência no atendimento, facilidade e cortesia no relacionamento, satisfação no contato, intenção de continuidade no relacionamento e predisposição para indicar a empresa a amigos e conhecidos.

O mais interessante de tudo são os resultados: o setor de farmácias e drogarias ficou em primeiro lugar na satisfação dos clientes (com uma média de 8,10), superando setores como restaurantes (7,89), bancos (7,27) e planos de saúde (7,21). Das Top 20 empresas que proporcionam boas experiências aos clientes, o setor de farmácias e drogarias teve três empresas citadas.

Quando pensamos no varejo farmacêutico de 20 ou 30 anos atrás, fica um pouco difícil imaginar como este setor pode chegar ao nível de profissionalismo de hoje.

Vários fatores contribuíram para que as farmácias e drogarias se tornassem ilhas de excelência no atendimento: o elevado grau de concorrência, a profissionalização do setor, a regulamentação rigorosa e, principalmente, o aumento do nível de exigência do consumidor.

Vamos comparar o segmento de farmácias e drogarias com dois segmentos bem conhecidos e que ficaram em posições piores no ranking da pesquisa Sax: os planos de saúde e o atendimento das empresas de telefonia.

Quando você liga para uma empresa de telefonia para tentar resolver um problema, você ouve uma gravação antipática dizendo para você digitar um monte de números. Depois, quase sempre o atendimento automático não resolve seu problema e você é transferido para uma atendente - às vezes simpática - que também não consegue resolver seu problema. Ou seja, o atendimento até existe, mas ele não resolve o problema.

Quando você liga para um plano de saúde, você é atendido, mas, quase sempre, serão necessários diversos procedimentos burocráticos ou a espera de “liberações, autorizações e peritagens” para que o plano autorize procedimentos aos quais você tem direito legal. Ou seja, o atendimento existe, mas ele demora para resolver seu problema.

Analise agora o setor de farmácias ou drogarias. Você se dirige ao balcão (ou às gôndolas), solicita seus medicamentos ou outros itens e, rapidamente, tem aquilo que precisa. Mesmo nos casos em que há certa burocracia, como os medicamentos controlados ou aqueles previstos em programas de acesso a medicamentos (como o Farmácia Popular), o atendimento sempre é rápido.

Se analisarmos profundamente, veremos que o setor de farmácias e drogarias faz aquilo que deve ser feito por qualquer empresa ou entidade que atua com o público: atende com a devida atenção.

Infelizmente, no Brasil muitas empresas e entidades públicas esqueceram-se de fazer o básico, que é atender bem seus clientes, resolvendo seus problemas ou encaminhando-os para soluções efetivas. Em alguns casos, parece que, após a venda do serviço, atender o cliente passa a ser um transtorno sem fim.

São de empresas como as do setor de farmácias e drogarias que o Brasil precisa. Empresas assim renovam as nossas esperanças de que podemos transformar o cenário do ano de 2015, de tenebroso para radiante.

Parabéns ao segmento de farmácias e drogarias! Quem sabe, ao continuarmos nos aprimorando em nosso atendimento e profissionalismo, possamos um dia dar a notícia que abre esta coluna.

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