Produtos Halal

Edicao Atual - Produtos Halal

Editorial

Amor antigo

Especialistas acreditam que o futebol brasileiro se reinventou depois do fiasco de 2014. A Copa do Mundo da Rússia, que só começa em 14 de junho, começou a apresentar efeitos em algumas estatísticas econômicas já no início do ano.

Dados do IBGE referentes à produção industrial de fevereiro, por exemplo, apontaram um crescimento de 15,6% na categoria Bens de Consumo Duráveis, sobre fevereiro do ano passado. Dentro desta categoria, a chamada linha marrom, que inclui televisores e aparelhos de som, teve um aumento de 41,1% em fevereiro, na comparação anual.

Além do tradicional aumento nas vendas de aparelhos de TV, a Copa do Mundo traz à tona sentimentos como determinação, união e – especialmente neste mundial – superação. O futebol está profundamente enraizado na cultura nacional e presente em todas as esferas da sociedade. Seus princípios táticos e expressões são usados em analogias para quase todo tipo de situação – no fracasso, na concretização de uma meta, na desistência, na importância de “jogar” em equipe...

A relação tem altos e baixos, mas é inevitável continuar torcendo pela seleção, assim como é imprescindível continuar “vestindo a camisa” de nossas causas e projetos.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil aborda, na seção Enfoque, a chamada pele 3D. Com características similares à pele humana, os modelos reconstruídos em laboratório estão entre os métodos alternativos aos testes realizados em animais para o desenvolvimento de cosméticos, que serão proibidos no país a partir de 2019. Em Persona, apresentamos a trajetória de Mara Augusto.

Os artigos técnicos destacam cosméticos halal consumidos pela população muçulmana de cerca 2 bilhões de pessoas, equivalente a um quarto da população mundial; o início de uma série de artigos que descreve como o cabelo é danificado; cosméticos com recursos da nanotecnologia para aplicações na estética, entre outros. Nesta edição o leitor encontra, também, a programação completa do 31º Congresso Brasileiro de Cosmetologia.

Hamilton dos Santos
Publisher

Cosméticos Halal - Luigi Rigano, PhD (ISPE srl, Milão, Itália)

Para os muçulmanos, as regras adicionais para cosméticos são comandadas por uma única fonte, o Corão, e representam considerações sobre segurança, relacionadas aos cuidados com o próprio corpo. A certificação halal, de que trata este artigo, é, em sua essência, a especificação da cuidadosa supervisão de todos os ingredientes das fórmulas e dos detalhes de produção, e a sua garantia vem ganhando o interesse de um número crescente de consumidores.

Para los musulmanes, las reglas adicionales para los cosméticos son obligatorias por una fuente única, el Corán, que implica consideraciones de seguridad relacionadas con el cuidado específico del cuerpo. La certificación Halal, descrita aquí, es esencialmente un sinónimo de la supervisión cuidadosa sobre todos los detalles de los ingredientes de una fórmula y sobre la producción, y su garantía ha ganado interés de un número creciente de consumidores.

For Muslims, additional rules for cosmetics are mandated by a unique source, the Quran, which implies further safety considerations related to the specific care of one’s body. Halal certification, outlined here, is essentially a synonym for the careful supervision over all formula and production details, and its guarantee has gained interest from an increasing number of consumers.

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Como o cabelo é danificado? – Parte 1 - Trefor A. Evens, PhD (TRI Princeton, Princeton NJ, EUA)

Este artigo é o primeiro de três que explora as maneiras de captar e quantificar as diferentes formas de danos aos cabelos. Neste artigo, o autor iniciar a abordagem dos danos à superfície dos cabelos, ou à cutícula, ao mesmo tempo que são examinadas as implicações desse fato.

Este artículo es el primero de tres que explora formas de capturar y cuantificar las diferentes formas de daño al cabello. Aquí, comenzamos con daño a la superficie del cabello, o cutículas, mientras también exploramos las implicaciones de esta ocurrencia.

This article is the fi rst of three that explores ways of capturing and quantifying the different forms of hair damage. Here, we begin with damage to the hair surface, or cuticles, while also exploring the implications of this occurrence.

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Cosméticos Nanotecnológicos com Aplicação na Estética - Jaqueline Zachert, Renata Vidor Contri (Universidade do Vale do Taquari – Univates, Lajeado RS, Brasil)

A nanotecnologia está tornando os cosméticos cada vez mais eficazes e estáveis. Devido aos seus altos custos de produção, a presença desses produtos ainda é discreta no mercado. Este estudo teve por objetivo avaliar produtos da nanotecnologia com
aplicação na estética. Foram observadas máscaras, fluidos, séruns e cremes tanto para a área facial quanto para a corporal.

La nanotecnología está haciendo los cosméticos cada vez más eficaces y estables. Debido a los altos costos de producción, la presencia de estos productos sigue siendo discreta en el mercado. Este estudio tuvo por objetivo evaluar productos nanotecnológicos con aplicación en la estética. Se observaron máscaras, fluidos, séruns y cremas tanto para el área facial como para el cuerpo.

Nanotechnology is making cosmetics increasingly effective and stable. Due to the high production costs, the presence of these products is still discreet in the market. This study aimed to evaluate nanotechnological products with application in aesthetics. Masks, fluids, serums and creams were observed for both facial and body areas.

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Proteção Solar mais Segura – Parte 2 - John Stakek (CoValence Laboratories, Inc. Chandler AZ, EUA); Shyam Gupta, PhD (Bioderm Research, Scottsdale AZ, EUA)

Pesquisas recentes têm se concentrado nos meios utilizados pela natureza para proteger os organismos vivos contra a ação do Sol, desde os plânctons e as cianobactérias chegando aos seres humanos. Com os sistemas de aplicação tópica apropriados, alguns desses biomecanismos podem apresentar benefícios aos consumidores e às estratégias de marketing.

Investigaciones recientes se han centrado en las formas de la naturaleza de proteger los organismos vivos de los daños de Sol, eses organismos son el plancton y las cianobacterias, y los humanos. Con los sistemas de administración tópica adecuados, algunos de estos biomecanismos pueden ser beneficiosos para los consumidores y para las estrategias marketing.

Recent research has focused on nature’s ways of protecting living organisms, from plankton and cyanobacteria to humans, from the sun. With the proper topical delivery systems, some of these biomechanisms may prove beneficial t o consumers and marketers.

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John Jimenez
Tendências por John Jimenez

Maskmetics

Masks, masks, masks… Existem de todas as formas, cores, cheiros, texturas, aromas e sabores! Também se encontram em leave-on e rinse-off. Amamos a inovação e as máscaras, que são um formato cosmético que permite criar muitos novos tipos de texturas e experiências. Elas seguem em tendência, e o papel das indie brands é fundamental nesta categoria.

Go-go gadgets e Portable Beauty: Essa tendência faz com que os avanços tecnológicos em skin care estejam mais disponíveis. Esse ano estamos vendo novos lançamentos de light-therapy e photon-therapy masks, com novidades em materiais, tipos de luz e benefícios antienvelhecimento em tempo e resultados. Há, ainda, lançamentos muito interessantes que solucionam problemas relacionado com acne.

Sheet masks: Com uma diversidade de benefícios imediatos foram convertidas num dos tipos de máscaras mais relevantes para os consumidores que buscam efeitos rápidos. Hidrogéis, géis, patchs, polímeros e materiais que também podem garantir um toque seco, permitindo criar novidades no efeito sensorial ao entrar em contato com o produto. O rápido desenvolvimento desta categoria tem feito com que este tipo de máscara migre rapidamente para outras áreas, como os lábios, os seios, os cotovelos, o pescoço, as unhas, as mãos (em formato de luvas), décolletage, quadris, coxas e inclusive para a pele da barriga de mulheres grávidas e para as mulheres depois do parto, tendo uma ação inteligente sobre as estrias, que é a liberação controlada dos ativos.

Foot masks: A variedade de formas na categoria das máscaras para os pés nos permite desfrutar cada vez mais dos novos benefícios. Estamos vendo máscaras em forma de meias com ação de peeling inteligente, que proporcionam uma alta suavidade e um efeito “nova pele”. Pés lisos e suaves em poucos dias.

Shaker masks: Não é um formato novo, mas estamos vendo mais variedade no perfil sensorial, em texturas e efeitos que incluem diversas sensações e temperaturas... Shake & shot skin care.

Multimasking: Essa é uma das tendências mais interessantes em masks. Devido à alta especialização que está conseguindo essa categoria, é comum ver o uso de diferentes tipos de máscaras (geralmente com cores diferentes) para o mesmo rosto. No multimasking, podemos ver até seis tipos diferentes de produtos usados ao mesmo tempo e em diferentes zonas. A combinação das máscaras agora é uma arte, porque todas as peles não experimentam os mesmos problemas.

Glitter masks: É o novo efeito WOW!!! em termos de máscara. Pode-se encontrar os modelos transparentes com glitter de grande tamanho e diversas cores que produzem um efeito ótico divertido e muito diferente quando são aplicadas. Esse ano vimos o lançamento de uma série de glitter masks inspiradas no personagem My Little Pony.

Jelly masks: Novos materiais polimétricos permitem criar todo um mundo sensacional, ultrassensorial e divertido neste mundo de máscaras, inclusive algumas comestíveis.

Powder masks: interessante modelo que pode vir em forma de saleiro, para usar em pó ou para reconstrução. É novidade porque permite incorporar altas concentrações de alguns ativos.

Corset masks: Máscaras que imitam o gesso, endurecem quando secam e são retiradas de uma vez só. Uma das suas maiores propriedades é o efeito lifting.

Magnetic masks: As máscaras com efeito magnético que se retiram com um ímã seguem crescendo no mercado e nos surpreendendo com os seus efeitos sensoriais.

Bubble masks: Interessante variedade de máscaras que geram bolhas oxigenantes quando são aplicadas sobre a pele. Geram um efeito que lembra algodão e nuvens. São ultrassensoriais e proporcionam alta suavidade.

Aluminum masks: O novo formato que está causando furor. Agora o alumínio está saltando da cozinha ao skin care. Máscaras de dupla capa de alumínio que permitem concentrar altas quantidades de ativos.

Sleeping masks: Tendência que nasceu há alguns anos e que segue nos presenteando com um novo mundo de texturas e benefícios enquanto dormimos.

Butter masks: Lançamento recente que inclui texturas 100% lácteas. Seu alto conteúdo lipídico promete uma hidratação extraordinária.

Fitness masks: Alinhado com a tendência Athelisure, vemos como as máscaras que suportam o conceito slimming e firming estão ganhando participação de mercado.

Wine masks: Perfeitas para os apaixonados por vinhos, levam extratos de diferentes tipos de vinhos e uvas e prometem ação antioxidante superior e benefícios anti-idade.

Ice cub masks: Interessante formato que simula cubos de gelo e que também pode ser usado frio.

24K masks: Modelos de máscaras ultraluxury que contam com ouro de 24K em sua composição.

We are loving skin care masks… Maskmetics = masks + cosmetics. As máscaras se tornam uma das categorias mais promissoras em skin care. As novas rotinas em diferentes geografias também estão incluindo diversos tipos de máscara. Os consumidores querem novas experiências com novos modelos e, portanto, representam uma grande oportunidade de inovação e diferenciação.

Assuntos Regulatórios por Artur João Gradim

Balanço Anvisa 2017. Tire as suas conclusões

A Anvisa publicou relatório com o balanço das atividades de 2017, que pode ser acessado pelos interessados, na íntegra, no portal da agência.

Entre os resultados alcançados envolvendo nosso setor, 43.680 novos produtos foram regularizados e 2.699 foram registrados, correspondendo às cinco categorias que estão sujeitas a esse requerimento – protetores solares, produtos infantis, repelente para insetos, alisantes, ondulantes e gel antisséptico para as mãos. Há predomínio, em volume, dos produtos infantis que, em breve, também não mais estarão mais sujeitos ao registro prévio, com exceção dos protetores solares e os repelentes indicados para o público infantil.

Dessa forma, mais de 90% dos produtos de HPPC são pré notificados e não estão sujeitos a registro, razão pela qual podemos afirmar e concluir serem de baixo risco.

O que espanta é que, sob o foco sanitário, à luz da RDC nº 153/17, que dispõe sobre a classificação do grau de risco para as atividades econômicas sujeitas à vigilância sanitária, para fins de licenciamento, a fabricação e o comércio atacadista dos produtos de HPPC são considerados de alto risco.

Considerar que os produtos de HPPC como de alto risco, os equipara aos medicamentos que também são classificados dessa forma. Em contraponto, há o fato de os fabricantes e distribuidores de matérias-primas para cosméticos e para saneantes estarem dispensados da Autorização de Funcionamento de Empresas (AFE), conforme foi estabelecido pelo Artigo 5º, inciso IV da RDC 16/14, e da licença de funcionamento, pelo menos no estado de São Paulo, por conta da Portaria CVS nº 1/17. Desconheço que tal prática seja seguida pela vigilância sanitária de outros estados.

A resolução RDC nº 16/14, que dispõe sobre os peticionamentos de Autorização de Funcionamento (AFE), equiparou, ou seja, colocou no mesmo patamar, os requerimentos dos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos aos dos medicamentos.

Posto isso, a meu ver, essas resoluções merecem passar por uma reavaliação para que haja um posicionamento mais objetivo das autoridades sanitárias em relação ao setor de HPPC. Isso deve ser feito considerando que a operação do site industrial e a distribuição de seus produtos, por um lado, são consideradas atividades de alto risco e, por outro, 90% dos produtos produzidos e distribuídos são notificados ou, melhor dizendo, dispensados de registro.

Entretanto, apesar de meus parcos conhecimentos da dinâmica dos medicamentos, sei que todos os fármacos são submetidos a uma rigorosa avaliação pela Anvisa, fato que demonstra que somente 784 medicamentos, produtos biológicos e insumos farmacêuticos ativos foram registrados no ano de 2017, diante dos 43.680 produtos de HPPC isentos de registro, colocados no mercado.

Quanto à meta da Anvisa e dos estados de implantar o monitoramento de mercado para produtos de HPPC, o qual, pelo que se sabe, ainda não foi efetivado devido à crônica falta de pessoal, esta parece não ser prioritária, visto o baixo risco desses produtos.

Ao analisar essas resoluções, entendo que algo tem de ser feito rapidamente para evitar prejuízos por causa da demora na obtenção da AFE e da licença de funcionamento para indústrias, importadores e distribuidores dos produtos de HPPC, como tem ocorrido.

A visão que tenho hoje é que, paulatinamente, os produtos de HPPC, que hoje obrigados de registro, serão transformados em isentos de registro. Essa mudança irá ao encontro do entendimento técnico de nossos parceiros do Mercosul sobre o tema, assim como da visão da União Europeia, bloco econômico que fundamenta mais de 90% da regulamentação de produtos de HPPC adotada pela legislação brasileira.

A recente mudança dos produtos infantis para produtos isentos de registro (salvo alguns grupos, como protetores solares e repelentes de insetos), é mais um reconhecimento, pelo órgão regulador, de que esses produtos não oferecem riscos ao usuário quando é observada a regulamentação técnica em sua fabricação e o usuário segue as instruções para sua correta utilização.

Finalizando, as considerações que fiz aqui estão fundamentadas nos índices de reações adversas existentes, os quais consolidam minha posição de que os produtos de HPPC são de baixo risco e são confiáveis quanto às suas propostas de finalidade, efetividade e segurança.

Gestão em P&D por Wallace Magalhães

Alvo errado

Mirar no alvo errado é um perigo. Acertar, então, nem se fala. Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com cosméticos. Pois bem, vamos lá.

Certa vez, eu estava visitando uma indústria de porte médio e, ao falar com o proprietário sobre protocolos de testes, ele disse que em sua empresa o mais importante era faturar. Usavam formulações simples, o desenvolvimento era rápido, e não perdiam tempo com testes. De BPF, faziam somente o básico para não ter problemas com a Vigilância Sanitária. E falou isso com uma entonação que deu a entender que as BPF eram “só para inglês ver”. Resumindo, o objetivo da empresa, o seu alvo, era só o dinheiro do consumidor. Como um pouco antes tínhamos nos encontrado na recepção e ele havia me dito que estava chegando de uma clínica onde estava terminando um tratamento de saúde, eu, quase instintivamente, perguntei o que ele acharia se descobrisse que o médico que o tratava estava interessado somente no dinheiro dele. Houve um óbvio silêncio. Em seguida, ele disse que eram coisas muito diferentes. Mesmo sendo coisas bem diferentes, esta diferença não justifica o fato, porque é um erro primário. Como não seria produtivo insistir no tema, voltamos a falar de outros assuntos.

Este é o caso típico de se mirar no alvo errado. As empresas existem ou deveriam existir para, no final da linha, atender às necessidades de pessoas e não para arrecadar seu dinheiro.

Claro que elas precisam gerar faturamento e lucro para cumprir seu papel, mas esta necessidade deve ser vista como um resultado obtido pelo bom cumprimento daquilo que se propuseram a fazer. E isto não é só uma questão ética. Tem também um viés econômico e financeiro. Quando o consumidor perceber que o produto que adquiriu não é “lá grande coisa”, além de não comprá-lo novamente, ele irá sugerir às pessoas de seu círculo que também não o comprem, o que, na era da internet, pode afetar decisivamente a possibilidade de um crescimento sustentável. Mas não é só isso. O sistema de qualidade e as boas práticas, quando corretamente aplicadas, garantem um processo eficiente, com redução de perdas, custos e defeitos, gerando maior lucratividade. Quando existem “só para inglês ver”, os recursos aplicados em sua elaboração representam uma perda de dinheiro, porque não irão gerar nenhum ganho real de produtividade ou eficiência. Sem dizer que burlar a legislação, por si só, já é um risco considerável.

Os empreendedores que não têm formação acadêmica específica podem ter alguma dificuldade em compreender isto, fato que parece mais comum quando estes vêm de atividades puramente comerciais, como distribuidoras, por exemplo. Então a responsabilidade de tratar o assunto passa a ser do especialista, de formação técnica, que deve fazê-lo de forma eficiente. Não adiantam só discursos ou frases de efeito. A minha fala com o proprietário da indústria que relatei acima certamente não promoveu nenhuma mudança em sua mentalidade nem na condução da empresa. É preciso mais que palavras. Informações obtidas de fontes especializadas interpretadas à luz da realidade da empresa e apresentadas de forma sistemática à direção, a implantação de indicadores que demonstrem resultados afeitos à área técnica - como o nível de ocupação do pessoal e da capacidade instalada - e a adoção de uma postura que demonstre o compromisso com o resultado são atitudes que devem fazer parte da estratégia de correção de alvo. E a estratégia deve se apoiar em tecnologia e atender de forma inquestionável a legislação sanitária.

A área técnica tem ainda a obrigação de não mirar em alvo errado. No caso do P&D, quando este assume que a bancada é o único local de trabalho, comete este erro. O P&D deve formar e desenvolver, em conjunto com outras áreas, um cadastro técnico robusto e atualizado. A avaliação consistente dos atributos de formulações e produtos e o alinhamento das informações em formato estabelecido pela legislação devem ser cuidadosamente executados e armazenados, em formato padronizado. O comportamento do produto no mercado e os eventos de cosmetovigilância também devem ser acompanhados regularmente. Já o sistema de qualidade e a elaboração dos procedimentos de BPF devem ser estabelecidos não só para atender a legislação, mas também para promover um funcionamento eficiente, eliminando desperdícios, erros e travamentos desnecessários. Mudar o alvo de uma empresa não é tarefa simples, mas será inexequível somente para quem não estiver devidamente preparado.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Tricologia Halal

A religião muçulmana agrega em torno de 1,5 bilhões de pessoas espalhadas pelo planeta. São aproximadamente 25% de habitantes que seguem as recomendações ditadas por esta orientação, e, como hoje temos uma aldeia global onde as trocas são gerais e imediatas, é necessário que se conheça o que ela indica na nossa área de trabalho.

O termo Halal (em árabe, “permitido, autorizado”) se refere, no islamismo, a comportamentos, formas de vestir e de falar e alimentos que são permitidos pela religião, sendo o seu antônimo haram. Neste grupo de serviços, entram também os cosméticos para a pele e para os cabelos.

Geralmente no islã, cada objeto e ação são considerados permitidos a menos que exista uma proibição nas escrituras islâmicas. O termo é habitualmente usado nos países não islâmicos para se referir aos alimentos autorizados de acordo com a Sharia, ou lei islâmica.

Alimentos Halal são aqueles que os muçulmanos podem comer e beber segundo a lei islâmica da Sharia. Este critério especifica como os alimentos podem ser consumidos e como devem ser preparados. As fontes para determinar se uma comida ou bebida é autorizada no islã são o Alcorão, as tradições do profeta (hadith) e as formulações dos juristas. No Alcorão, pelo menos 24 versículos referem-se a prescrições no domínio alimentar.

Algumas das interdições alimentares do islã coincidem com as da lei judaica.

As carnes proibidas pelo islã são as de porco, das aves de rapina, do cão, da serpente e do macaco. O consumo de animais com garras, como leões e ursos, é proibido, bem como de animais considerados repulsivos (baratas, moscas etc.).

O sangue dos animais não deve ser consumido. Em contrapartida, todos os peixes são autorizados. No que diz respeito às bebidas, estão proibidas as que contenham álcool, como o vinho e a cerveja, pois considera-se que alteram a consciência do ser humano.

O abate só pode ser realizado por muçulmanos e, a frase “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais Misericordioso” deve ser dita antes do abate.

A caça está autorizada no islã, porém deve-se declarar a bismillah (“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso”) ao atingir o animal. Os animais sacrificados a outros deuses não devem ser consumidos.

Uma falsa impressão que pode ocorrer para muitas pessoas é que, no mundo muçulmano, não há espaço para cosméticos e que especialmente as mulheres desta religião não os consomem.

Existe aí um engano muito grande. Apesar da indumentária de países rígidos na religião, como a Indonésia, por exemplo, as mulheres consomem cosméticos como qualquer pessoa de outras crenças religiosas. Em que pese que o corpo não seja mostrado em público tanto quanto é permitido em outras religiões, a utilização de produtos para pele e cabelos vem crescendo muito dentro destes países.

As mulheres muçulmanas, assim como as de outras religiões, têm nos cabelos uma fonte de sensualidade muito grande, e o uso de produtos hair care é muito intenso.

Shampoos, condicionadores, finalizadores, alisantes e outros aparecem nos toucadores dessas mulheres. O que seria então um produto cosmético Halal? Ele teria que ter confirmados todos os ingredientes, as matérias-primas e os insumos como tendo origem Halal, bem como as normas de fabricação dos produtos finais teriam que ser avaliadas e consideradas permitidas.

Estes procedimentos devem ser certificados por agências autorizadas pela autoridade religiosa local, que emite um certificado de origem Halal para todas as etapas do processo de fabricação do medicamento ou cosmético.

No Brasil temos, não oficialmente, entre 800 mil e 1,5 milhão de adeptos desta religião.

Este número não parece muito alvissareiro quando falamos do mercado de produtos para cabelo, mas convém lembrar que o Brasil é um país exportador tanto de produtos quanto de tecnologias nesta área.

Sabemos que hoje há empresas brasileiras exportando para países como Egito, Arábia Saudita e Marrocos, mas o mundo muçulmano é muito maior e está aguardando estes produtos.

O conselho que damos é que cada empresa brasileira do setor procure saber qual é o caminho para a certificação Halal, o que não é muito complicado ou difícil, e se prepare para se abrir a este mercado.

Antonio Celso da Silva
Embale Certo por Antonio Celso da Silva

Embalagens que têm história

oderíamos dar para essa coluna também os títulos “Embalagens com valor agregado”, “Embalagens diferenciadas”, “Embalagens para encantar o consumidor” ou “Embalagens que contam uma história” e até usar o termo da moda “storytelling”.

Na verdade, o que me chamou a atenção foi um evento que participei na semana passada onde se percebia claramente os jovens palestrantes, com suas surradas calças jeans, tênis e camisas, tomando o lugar dos engravatados, de cabelos grisalhos e postura formal. Jovens inteligentes com domínio total do palco e do que falavam. Essa é a nova geração de executivos, descolados, sem medo e que sabem exatamente o que querem. A chamada geração Y.

Coitados de nós, “velhinhos”, décadas de experiência. Coitados nada! Temos que ser inteligentes e unir nossa experiência com a força e o dinamismo desses jovens talentosos. Burrice é ignorá-los.

Ainda falando do evento, várias foram as empresas que mandaram seus jovens apresentar seus lançamentos e suas inovações em cada segmento do mercado, sempre falando do produto, mas tendo a embalagem como foco principal do assunto.

Primeiro balde de água fria jogado por um desses jovens talentos: se você vai criar ou desenvolver uma nova embalagem e busca na concorrência algo para “chupinhar” com a arrogância de quem vai copiar, mas fazer melhor, começou errado! Aliás, quantos de nós não passamos por isso? O pessoal do marketing sai visitando lojas, compra tudo que achou bonito, traz para a empresa, coloca sobre uma grande mesa, e todos debruçados observando a concorrência iniciam o processo de criação de uma nova embalagem.

Ou mais do que isso, viajam pelo mundo e pagam excesso de bagagem, trazendo em suas malas produtos importados, produtos cujas embalagens chamaram a atenção.

Tudo isso não é fruto da minha vivência nas empresas por onde passei, mas foi dito por um jovem talento que palestrou no evento e ainda provocou a plateia: “Isso é o que vocês chamam de criação/inovação!”.

Outro jovem, na mesma linha de raciocínio e falando de um lançamento da sua empresa, mostrou as várias etapas da criação de uma embalagem para a qual a inspiração era uma semente que, obviamente, pelo seu formato, depois de transformada numa embalagem, não parava em pé. E ele perguntou: e precisa, isso é importante?! Será que o mais importante não é a história desse produto, e tão importante quanto o produto é a história dessa embalagem?

Sinceramente, saí desse evento com cócegas no cérebro e matutando...

São essas as mudanças que nos fazem ser contra e com certeza a razão de muitas empresas estarem morrendo.

E, como diretor da área técnica e industrial da minha empresa, jamais aceitaria fazer parte de um time que desenvolvesse uma embalagem que não para em pé.

Na verdade, a gente já começa errado quando pensa em desenvolver uma embalagem sem levar em conta o canal de vendas onde ela vai estar. Imaginem que, na venda emocional porta a porta, o olhar e a decisão de compra são bem diferentes do canal varejo ou do que está na moda, canal atacarejo (mistura de varejo com atacado), onde a embalagem solitariamente tem que chamar a atenção a ponto de impactar na decisão de compra daquele produto. Essa nova geração que palestra tão bem é a mesma geração que compra o produto, e a decisão de compra hoje é mais criteriosa, pois a informação está em todo lugar e ela tem acesso.

Não adianta lançar uma embalagem dizendo que é diferente, uma inovação, pois esse mesmo jovem que tem acesso rápido à informação, se descobrir que não é, vai desmentir rapidamente e, além de não comprar, já carimba aquela marca como um engodo e divulga isso nas suas redes sociais.

Um dos palestrantes explicou o seguinte: na empresa multinacional francesa na qual atua, o abraço é visto como algo meio antipático, comportamento típico do País. Bem diferente do Brasil.

Segundo ele, o abraço é genuinamente brasileiro, exemplificar isso numa embalagem faz com que essa embalagem tenha passado por uma criação, faz com que essa embalagem tenha uma história.

O que quero dizer com tudo isso é que não podemos ficar presos nas empresas sem sair pra ver o que está acontecendo lá fora e, quando eu digo lá fora, estou falando desses eventos que nos fazem pensar, nos fazem entender que, pode parecer clichê, mas fazer mais do mesmo é o início do fi m do negócio das empresas.

Participar de congressos e workshops abre a nossa cabeça e nos coloca frente a frente com o novo, mesmo que não concordemos com esse novo.

A embalagem tem história quando seu criador tem mente aberta e não se prende ao “time que tá ganhando não se mexe”.

A embalagem que tem história pode acabar não sendo diferencial de vendas, mas, no mínimo, vai arrancar a frase padrão do tipo: “Tão simples, por que eu não pensei nisso antes?!”

Se esse texto fez você repensar e ver a embalagem com outros olhos, já valeu a minha inspiração para escrevê-lo.

Por falar em evento, anote na agenda: no próximo dia 14 de agosto, acontecerá o Fórum de Embalagens para Cosméticos, organizado pela Associação Brasileira de Cosmetologia e coordenado por esse colunista.

Francine Leal Franco
Sustentabilidade por Francine Leal Franco

Regularização de produtos da biodiversidade

urante a vigência da Medida Provisória 2.186/2015 (MP), norma que regulamentou o acesso aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais e a repartição de benefícios, o conceito de acesso foi continuamente discutido, sendo alvo de diferentes entendimentos técnicos e jurídicos pelos usuários e pelos próprios Conselheiros do CGen.

O fato de ser uma normativa totalmente nova, sem o entendimento exato de quais setores efetivamente seriam atingidos pelas regras definidas, e a dificuldade de interpretação deixaram muitas empresas na irregularidade e colocaram a pesquisa e a inovação em ativos naturais brasileiros na “geladeira”.

Ainda assim, além da preocupação com a legislação, aliada ao fato de que muitas empresas possuem grandes iniciativas socioambientais, algumas empresas buscaram regularizar seus produtos junto ao órgão competente, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - CGen. Ocorre que a medida provisória não previu regras de regularização, o que gerou uma suspensão em massa dos processos e o primeiro movimento do órgão fiscalizador, o IBAMA, que autuou e multou essas empresas, na chamada Operação Novos Rumos.

Com isso, em 2011 foi publicada a Resolução nº 35, que possibilitava a regularização dos acessos realizados após a entrada em vigor da referida MP. Mas essa resolução permitia a regularização do acesso, o que dava à empresa a autorização pelo CGen, mas não eximia o IBAMA de cumprir com seu papel de fiscal da lei e autuar as empresas.

Em seguida, ocorreu a chamada Operação Novos Rumos II, que notificou e autuou diversas empresas nacionais e multinacionais por deixarem de repartir benefícios de produtos oriundos de acesso ao patrimônio genético e que não haviam tentado nenhum tipo de regularização junto ao CGen.

As multas giram em torno de trezentos mil reais por espécie (matéria-prima) utilizada pela empresa.

Pode-se dizer que, também em virtude da Operação Novos Rumos, houve um grande movimento dos usuários e pesquisadores da biodiversidade brasileira em buscar um cenário legal que trouxesse segurança jurídica para trabalharem com esses ativos. Com o nascimento da Coalizão Empresarial pela Biodiversidade, as empresas em constante diálogo com o governo obtiveram êxito na alteração do regime jurídico de acesso e repartição de benefícios no Brasil. Em 2015, a Lei da Biodiversidade entrou em vigor com conceitos mais claros, regras facilitadas e procedimentos menos burocráticos.

Mais importante que isso, a nova lei trouxe o benefício da regularização sem aplicação das sanções previstas da revogada medida provisória, possibilitando o cancelamento dos autos de infração bem como o perdão de 90% a 100% das sanções aplicadas.

Isso quer dizer que todas as empresas que foram autuadas pelo artigo 18 do Decreto 3459 (“deixar de repartir benefícios”), caso optem pela regularização nos termos da lei 13.123/2015, terão seus autos de infração cancelados e as multas integralmente perdoadas.

E você pode fazer o mesmo, pois a isenção ou a inaplicabilidade das multas estendem-se aos usuários que não tiveram autos de infração lavrados pelo IBAMA. Isso porque, após o prazo legal de regularização, o IBAMA poderá voltar a autuar, baseado no fato de que estão sujeitos às sanções legais aqueles que deixarem de se regularizar no prazo previsto. As novas multas podem alcançar um teto de dez milhões de reais.

Sobre a regularização em si, as pessoas físicas e jurídicas que realizaram atividades em desacordo com a MP 2.186/01 terão 1 ano a partir da disponibilização do cadastro - SisGen (06/11/2017 a 06/11/2018) para regularizar-se e adequar-se aos novos procedimentos. Um Termo de Compromisso com a União, representada pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, deverá ser firmado para assegurar, dentre outros requisitos, a repartição de benefícios referente ao tempo em que o produto desenvolvido tiver sido disponibilizado no mercado, no limite de até cinco anos anteriores à celebração do Termo de Compromisso.

Em novembro de 2017, o Ministério do Meio Ambiente - MMA publicou a Portaria 442/2017 com os modelos de Termo de Compromisso (TC) possíveis, quais sejam:

- Acesso ao patrimônio genético - PG com exploração econômica e repartição de benefícios na modalidade não monetária.

Acesso ao patrimônio genético - PG com exploração econômica e repartição de benefícios na modalidade monetária.

Darei prosseguimento a este assunto na próxima coluna.

Luis Antonio Paludetti
Manipulação Cosmética por Luis Antonio Paludetti

Henrique

Naquela manhã, Henrique levantou-se no horário de costume, sempre achando que era cedo demais para alguém sair da cama. Levantou-se, abriu a janela e viu que, diferentemente do que sempre acontecia naquela época do ano, a cidade não estava com o tempo carrancudo, e um céu completamente azul insistia em atravessar o espaço entre os prédios.

Embora não tivesse ido dormir tarde, sentia-se sonolento e, definitivamente, aquele não era um dia para sentir-se assim. Olhou para o criado-mudo ao lado da cama e o seu Sistema Pessoal de Manipulação de Medicamentos estava lá, pronto e à espera de sua solicitação. Tocou então o leitor biométrico do SISMA (como o sistema era carinhosamente chamado pelos usuários) e relatou que estava sentindo-se sonolento.

A máquina perguntou-lhe se a sonolência era por ele ter dormido tarde ou outro motivo e, como ele respondeu que era por outro motivo, a máquina silenciou e emitiu alguns ruídos e algumas luzes. Ele sabia que, embora as luzes fossem a parte perceptível do processo, a máquina já o estava diagnosticando, tentando delinear a natureza de sua sonolência. Após alguns segundos, a máquina dispensou três pequenos selos biocompatíveis impregnados de substâncias químicas que o ajudariam a sentir-se mais ativo e lhe explicou como utilizá-los.

– SISMA, disse ele, hoje tenho um grande encontro com uma pessoa que conheci nas redes sociais. Não sei se estarei pronto para o que pode acontecer, então, você poderia preparar alguns selos para garantir a minha vitalidade numa eventual relação sexual?

Como num passe de mágica, as luzes piscaram novamente e, da mesma forma que antes, a máquina dispensou dois selos com substâncias químicas e instruções para usar o selo azul.

– Ah, SISMA, depois do café da manhã vou treinar e preciso de alguns suplementos pré-treino e outros pós-treino, poderia prepará-los para mim?

Depois de algumas horas de treinamento, Henrique retornou para casa, ingeriu os selos para o pós-treino e vestiu-se para o encontro no parque. Antes de sair, porém, solicitou ao SISMA que lhe preparasse mais alguns selos de uso geral e um selo para esquecimento, caso fosse necessário.

Em todos os seus 40 anos de vida, Charlote nunca tinha encontrado alguém como ele. Ela tinha a impressão de que, realmente, ele a compreendia em suas necessidades mais profundas. Olhou para seu smartphone e percebeu que estava quase no horário de sair.

Em frente ao espelho, percebeu que algumas rugas marcavam-lhe o canto dos olhos, o que na sua idade era bem natural. Sentiu também um pouco de ansiedade sobre como seria este encontro pelo qual tanto aguardara e pensou que precisava garantir que seria atraente para ele. Olhou para a pequena máquina que ficava ao lado de seus perfumes e tocou em seu leitor biométrico. O SISMA imediatamente entrou em modo on-line e aguardou as instruções de Charlote:

– SISMA, preciso de algo para reduzir estas rugas nos cantos dos olhos, alguma coisa para deixar meus lábios um pouco mais carnudos e, um pouco de hormônios para garantir que eu esteja pronta para o que der e vier…

Como era de seu procedimento padrão, o SISMA piscou suas luzes alguns minutos, emitiu alguns ruídos e, após alguns segundos, liberou um selo vermelho para os lábios, um selo amarelo para as rugas e um selo lilás com os hormônios adequados. Charlote pegou os selos, aplicou-os nos locais apropriados e continuou se vestindo para o encontro. Antes de sair, como sempre fazia, pegou seus pertences e alguns selos extras que o SISMA sempre preparava para uso eventual.

No horário combinado, Charlote e Henrique se encontraram sob a marquise principal do parque da cidade. Entreolharam-se e perceberam que eram quem esperavam que fossem, exatamente como quando conversavam pelas redes sociais. Charlote sentiu-se um pouco tímida e, sem que Henrique percebesse, ingeriu um selo para reduzir um pouco a timidez. Começaram a conversar sobre suas vidas, sobre seus trabalhos. Sorriram, tomaram sorvete. Logo perceberam que possuíam grande afinidade.

Entretanto, algo lhes faltava naquele momento. Não entendiam bem ao certo, mas logo perceberam que haviam esquecido de pedir para o SISMA preparar selos para sentir a felicidade.

Um homem bem-vestido, limpo e saudável passava por ali, percebeu que estavam mexendo com selos e dirigiu-se até eles.

- Perdão. Será que não poderiam ajudar um pobre homem que não possui recursos para adquirir um SISMA?

Charlote e Henrique olharam para o mendigo e pensaram “Meu Deus, como alguém consegue viver sem um SISMA?”.

Entreolharam-se e, voltando-se para o mendigo, disseram-lhe que não tinham selos para lhe dar. Constrangidos com o fato e inconformados por terem se esquecido de pegar os selos da felicidade, perceberam que seu possível relacionamento havia ruído. A menos que fossem até o SISMA, não havia nada que podia ser feito para salvar aquele encontro.

Trocaram um olhar de tristeza e fizeram a única coisa que fazem as pessoas neste momento: deram as costas e cada um ingeriu um selo de esquecimento.

Este conto foi escrito no Dia do Uso Racional de Medicamentos.

É uma reflexão sobre a sociedade atual, sobre o que pode acontecer se não tomarmos cuidado, sobre estarmos nos transformado em uma sociedade de “drogados com prescrição”.

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