“Nem tudo que reluz....”

Edicao Atual - “Nem tudo que reluz....”

Editorial

A Pátria está salva. No mundo econômico brasileiro atualmente só se fala do tal do “investiment grade” atribuído ao Brasil por uma agência americana que mede o risco dos investimentos. Em outras palavras, na opinião dessa agência, agora o nosso país é confiável e seguro para receber aportes de investidores estrangeiros. Agora somos um país “sério”.

De fato, o cenário econômico nacional, sob alguns aspectos, tem-se mostrado estável e fortalecido a cada dia, apesar das ameaças do aumento da inflação e das pressões reais da crise internacional.
Tudo isso faz aumentar o apetite dos investidores que buscam um porto seguro para os seus capitais.

À primeira vista esses capitais seriam bem vindos se por aqui procurassem oportunidades de investimentos produtivos, com criação de novos negócios que gerassem parcerias com empresas nacionais, novas oportunidades de trabalho, que contribuíssem para o progresso e desenvolvimento do país.

Mas não, esses capitais chegam aqui na forma de investimentos transitórios e fugazes. Buscam o lucro fácil, rápido e garantido proporcionado por taxas de juros estratosféricas como as praticadas no Brasil - uma das maiores do mundo. Como conseqüência, quando aqui chegam, provocam desequilíbrios no câmbio, com alteração da paridade de nossa moeda, e quando saem causam outros desequilíbrio no sistema financeiro. Trocando em miúdos, esse não é o caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável que se busca há muito tempo.
Então, vale o dito da sabedoria popular de que “nem tudo que reluz é ouro”.
Mas, sustentabilidade, outro termo atual, é o tema da matéria de capa desta Cosmetics & Toiletries (Brasil). Na matéria procuramos avaliar os compromissos da indústria de cosméticos com a sustentabilidade ambiental e as ações por ela desenvolvidas.

Proteção ao meio ambiente também é tema do 22º. Congresso Brasileiro de Cosmetologia, do qual estamos publicando os abstracts das apresentações e programa completo.

Ligado ao mesmo assunto, apresentamos o polímero compostável como alternativa para embalagens ecológicas para cosméticos na entrevista do Embale Certo.

Artigos sobre produtos para skin care e encapsulamento de ativos fazem parte da pauta científica.

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Peptídeos, aminoácidos e proteínas no tratamento da pele? - Karl Lintner, PhD Sederma, Yvelines, França

Aminoácidos, peptídeos e proteínas são muitas vezes confundidos como um único tipo de ingrediente. Nesse artigo, o autor descreve a definição de cada um, sua origem e fabricação, e os seus usos nos produtos cosméticos.

Los aminoácidos, péptidos y proteínas son muchas veces confundidos como un único tipo de ingrediente. En este artículo, el autor describe la definición de cada uno, su origen y fabricación, y sus usos en los productos cosméticos.

Amino acids, peptides and proteins are too often bunched together as a single entity of cosmetic ingredients. In this article the author describes each one of its definitions, the origin and manufacturing, and its use in the cosmetics products.

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Aplicações dos retinóides em Cosmetologia - Janete Silva e Carlos Maurício Barbosa Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Os retinóides desempenham um papel importante na regulação da homeostasia em diversos níveis, em particular na manutenção e diferenciação dos epitélios. Em Cosmetologia, têm sido usados na prevenção e na atenuação de sinais resultantes do crono e do fotoenvelhecimento cutâneo, na eliminação de hipo e hiperpigmentações localizadas, na celulite e também na realização de peelings.

Los retinoides ejercen un papel importante en la regulación de la homeostasia a diversos niveles, como, por ejemplo, en la manutención y diferenciación de los epitelios. En Cosmetología son utilizados para prevención y atenuación de señales visibles resultantes del crono y fotoenvejecimiento cutáneo, para eliminación de hipo e híperpigmentaciones
cutáneas, en celulitis y en la realización de peelings.

Retinoids carry out important functions on the regulation of homeostasis at distinct levels, particularly in the maintenance and differentiation of epithelia. In the field of Cosmetology
they have being used for prevention and attenuation of visible signals due to chrono and photo-aging, elimination of skin local hypo and hyperpigmentations, in cellulite and in
peeling procedures.

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Corantes Encapsulados para Mimetizar a Pele - Thomas Rabe, Sarah Vickery, Paul Wildgust e Adriana Altuve The Procter & Gamble Co., Hunt Valley, MD, Estados Unidos Karen Kalla e Steve Page The Procter & Gamble Co., Cincinnati, OH, Estados Unidos Stephen Jones Ciba specialty Chemicals,

No presente estudo, os pesquisadores examinam os benefícios de usar corantes orgânicos encapsulados em bases cosméticas, inclusive sombras do croma mais elevado com opacidade ajustável, maior variação de coloração da base de maquiagem e um perfil otimizado de energia de superfície para pele.

En este estudio, los investigadores examinan los beneficios de usar colorantes orgânicos encapsulados en bases cosméticas, incluso sombras de croma más elevado con opacidad ajustable, mayor variación de coloración de la base de maquillaje, y un perfil optimizado de energía de superficie de la piel.

In the present study, researchers discuss the benefits of using encapsulated oganic colorants in cosmetic foundations, including higher chroma shades with tunable opacity, incresead color variation of the foundation, and a surface energy profile optimized to skin.

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Hidrogéis de Quitosana:Estrutura e Aplicações Tópicas - Renata V. Contri, Nataly M. Siqueira e Silvia S. Guterres Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRS, Porto Alegre, RS, Brasil

Quitosana, um derivado da quitina, é um polímero catiônico biodegradável e mucoadesivo. Reticulações entre cadeias poliméricas individuais permitem a formação de hidrogéis. Este artigo revisa a estrutura e aplicações tópicas desses hidrogéis em distribuição transdérmica e local de droga, e na reconstituição da pele.

Quitosana, un derivado de la quitina, es un polímero catiónico biodegradable y mucoadhesivo. Las reticulaciones entre las cadenas poliméricas individuales permiten la formación de hidrogeles. Este artículo revisa la estructura y aplicaciones tópicas de tales hidrogeles en la distribución transdermal y local de la droga, y en la reconstitución de la piel.

Chitosan, a chitin derivative, is a biodegradable and mucoadherent cationic polymer.Crosslinks between individual chitosan polymer chains allow the formation of hydrogels. This article reviews the structure and topical applications of such hydrogels in transdermal and topical drug delivery and in skin wound healing process.

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Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Clientes difíceis

Não adianta tentar fingir que não existem ou que você em algum momento também não foi um. Sobre o que falamos desta vez? “Clientes difíceis”. O filósofo comunista Satre disse determinada vez que “o inferno são os outros”. Clientes difíceis irão fazer você se sentir desta maneira. Apesar desta desconfortável característica, eles também são clientes: pessoas com necessidades a serem satisfeitas como todas as outras, apenas expressando-as de uma forma que você ainda não descobriu qual o melhor modo de atendê-las.

No entanto, veja o lado bom deste grupo de clientes tão evitado pelo mercado: a concorrência neste nicho é menor. As objeções deste grupo de clientes são comuns a todos os vendedores. Portanto fique tranqüilo, pois todos os seus concorrentes estarão no mesmo barco que você, e uma vez que a necessidade de consumo é premente e inevitável de ser satisfeita, mais cedo ou mais tarde terão que ceder à compra. Nesta hora é que entra o fator decisivo para você ser o escolhido: as habilidades para tratar este grupo.

Falando sobre o assunto, Donald Moine e Ken Lloyd, no arrasto dos lançamentos de muitos best sellers lançados na idade de ouro (1990) dos livros de auto-ajuda, lançaram no mercado um dos seus mais famosos livros “Ultimate Selling Power”, não disponível em português. Eles são também autores de um outro livro muito conhecido aqui em “Campeões de Vendas”, sendo uma leitura obrigatória para os ambiciosos vendedores B2B, mas com lições valiosas para quem quer entender a psique do consumidor.

No primeiro livro propuseram uma classificação deste grupo de clientes, que no meu ponto de vista é muito mais didática do que prática, porém interessante para podermos identificar alguns dos nossos clientes e algumas maneiras de se lidar com eles.

Há clientes que se assemelham a “tanques de guerra hostis”. Em virtude da inevitável sobrecarga de trabalho, agem sempre com muita rapidez e acreditam que a vida é uma questão de saber quem vive e quem morre. Portanto, brigar os faz se sentir bem, e não raro atacam o seu produto e a você em particular, colocando as suas competências em xeque. Neste caso o autor recomenda a tática de não se intimidar. Eles não gostam de fornecedores fracos. São como gatos – não comem ratos mortos, precisam sentir o prazer da luta. É importante dar-lhes espaço para que eles se sintam no comando, mas se posicione e chame-os pelos nomes e nunca demonstre insegurança, do contrário, você estraga a brincadeira.

Há os “reclamões”. Nunca estão e nem estarão satisfeitos, pois para eles este é um mundo desconhecido – o da satisfação – e nem objetivam isto. Sempre buscam explicar o que há de errado, e não raro têm uma visão holística dos erros globais que traduzem para o particular. A estratégia recomendada é de não buscar o que não vai se conseguir, a satisfação. Não permita que o infindável ciclo de reclamações contamine o seu ânimo em atendê-los. Ouça, repita com as mesmas palavras deles as reclamações, e concorde apenas com as que têm nexo. Faça parte do jogo, mas lembre-se que isto é um teste para ver o seu senso de lógica. Por fim, se estiver
seguro de que você pode atendê-los, desafie-os com a frase: “... suponha que o senhor tenha o que quer ...”. Neste momento, de modo gentil você os coloca numa posição delicada, onde a resposta só pode culminar em uma porta aberta para a proposta.

Agora entram os “silenciosos”. Estes são concisos e de difícil tradução. Preferem o anonimato como estratégia de se manterem no comando. Aqui o confronto direto como preencher o silêncio deles ou criticar a pouca interação fará com que eles sejam mais taciturnos e se recolham como animais acuados. Como em geral são inseguros, e muitas vezes esta é a razão do mutismo, vale a pena arrancá-los do seu ambiente físico e colocá-los em outro mais confortável.

Na outra ponta existem os “sabe-tudo”. Estes adoram falar e se julgam os experts em qualquer tema, mesmo que tenham lido apenas duas linhas sobre o assunto. A necessidade aqui é mostrar o que sabem. Embaraçá-los ou querer pegá-los no contra pé é a pior abordagem. O caminho é elogiá-los pela sede de conhecimento e
municiá-los com informações a ponto de que eles o considerem uma fonte valiosa de saber.

No meio desta arena existem os “procrastinadores”. Indecisos na tomada de decisão irão adiá-las indefinidamente até que se sintam muito seguros. Aqui vale a pena descobrir onde estão os temores, mostrar casos de sucesso com outros clientes nestes pontos críticos, e ajudá-los a se desfazer do pesado fardo da decisão. Eles odeiam que outros tomem a decisão por eles e, portanto, é preciso que cheguem à conclusão por conta própria. Porém cabe a você pavimentar o caminho e construir as pontes de segurança.

Não existe uma divisão definitiva de clientes difíceis e muito menos uma fórmula mágica para tratá-los. O importante é saber que são uma fonte interessante de faturamento e, em muitos casos, pouco explorada. Portanto é bom se preparar para enfrentá-los.

Experimente as dicas e crie a sua própria estratégia.

Direito do Consumidor por Cristiane Martins Santos

Reciclagem: uma prática de sustentabilidade

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” (Artigo 225, Constituição Federal.)

Talvez, sem que nos déssemos conta, o conceito de desenvolvimento sustentável, criado na década de 1980 - com o intuito de se buscar soluções para deter o esgotamento dos recursos naturais devido à exploração descontrolada - deixou de existir somente em discussões teóricas e passou a fazer parte da nossa vida cotidiana.

A prática da sustentabilidade pode estar presente tanto em grandes estratégias empresariais como em pequenas ações individuais que, somadas, passam a trazer resultados coletivos.

A reciclagem é um bom exemplo de uma prática sustentável que pode ser feita de forma individual. No Brasil, esta prática traz resultados na esfera coletiva, que vão além das conseqüências ambientais.

O conceito de reciclagem pode ser definido como um processo que busca o reaproveitamento de material já utilizado, originando um novo produto.

Com a reciclagem podemos minimizar a quantidade de re resíduos que necessitam de tratamento final (aterramento ou incineração) e contribuir com o uso mais racional dos recursos naturais – que são finitos.

Os exemplos mais comuns de materiais reciclados são papéis, plásticos (garrafas PET), vidros (garrafas de cerveja, refrigerante etc.) e metais (latas de alumínio). Além desses, é possível reciclar óleos, pneus, tintas, tecidos, entulho proveniente da construção civil, entre muitos outros.

O Brasil apresenta elevados índices de reciclagem e desenvolve métodos próprios para incrementar essa atividade.

Segundo dados da ABRE (Associação Brasileira de Embalagem), 33% do papel que circulou em 2004 – a maior parte gerada por atividades comerciais e industriais - retornou à produção por meio da reciclagem. Esse índice correspondeu à aproximadamente 2 milhões de toneladas.

O índice de reciclagem das embalagens de vidro no Brasil representou 46%, totalizando 390 mil toneladas/ano. Nos Estados Unidos, esse índice está perto de 40% (2,5 milhões de toneladas), e na Suíça 92%.

Do segmento plástico, 16,5% dos plásticos rígidos e filmes são reciclados em média no Brasil, o que equivaleu a cerca de 200 mil toneladas por ano, em 2004.

De acordo com a Associação Brasileira de Alumínio e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade, o Brasil reciclou 94,4% de latas de alumínio para bebidas comercializadas no mercado interno, em 2006. Esse percentual representou 139,1 mil toneladas – o que corresponde a 10,3 bilhões de unidades ou 1,1 milhão de latas por hora.

Outros destaques na reciclagem brasileira, segundo a ABRE, são as embalagens tipo longa vida e PET – o Brasil é um dos líderes mundiais nesta reciclagem, chegando a superar o Japão, Austrália, Europa e Estados Unidos, em 2004.

Com os dados apresentados, pode-se concluir que o ato de reciclar traz resultados positivos no âmbito social, econômico e ambiental.

Sendo assim, vale a pena inserir esse conceito aos hábitos de todos os consumidores.

Padrão de cores de recipientes para reciclagem:
Amarelo: metal
Azul: papel
Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
Cinza: resíduo geral não-reciclável ou misturado ou contaminado impossível de ser separado
Laranja: resíduos perigosos
Marrom: resíduos orgânicos
Preto: madeira
Roxo: resíduos radioativos
Verde: vidro
Vermelho: plástico

Assuntos Regulatórios por Luiz Brandão

Registrando produtos cosméticos importados

Continuando com o tema Registro de Produtos, nesta oportunidade vamos falar de produtos importados.

A maior dificuldade na obtenção de informações sobre o produto, necessárias para o registro deve-se à desconfiança do fabricante no exterior.

Seguem informações obrigatórias para registro e composição do dossiê e que tem dado muita “dor de cabeça” aos importadores.

1 - Especificações técnicas organolépticas e físico-químicas de matérias-primas

Essas informações normalmente dependem do fabricante da matéria-prima e não do fabricante do produto acabado. Daí a dificuldade de repassar essas informações.

Se considerarmos que, à disposição do fabricante, existem hoje aproximadamente 15.000 ingredientes puros e aproximadamente 80.000 nomes comerciais incluindo as misturas, é muito difícil manter um banco de dados com toda essa abrangência.

Porém como existe a obrigatoriedade dessa informação para compor o dossiê, é importante a insistência junto aos fabricantes no exterior para que essas informações sejam repassadas.

2 - Especificações microbiológicas de matériasprimas

Pelo mesmo motivo acima exposto.

3 - Processo de Fabricação

O fabricante reluta em fornecer essa informação, alegando que é segredo de fábrica, pensando que com essa informação o produto poderá ser fabricado no Brasil.

4 - Pureza de substâncias de uso restrito (Res. 215/05)

Conforme especificado na tabela.

5 - Certificado de Venda Livre

Para os produtos importados deve ser apresentada a cópia autenticada do certificado de venda livre e este deve estar consularizado. Certificado em desacordo com o estabelecido acarretará indeferimento do processo, por não estar em conformidade com o item 16 do Anexo III e Anexo VII da Resolução 211/05.

O certificado de venda livre deve ser emitido por órgão oficial e não pelo fabricante.

No endereço abaixo encontra-se uma lista dos órgãos autorizados a emitir tais documentos:

http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/certificado/ venda_livre/index.htm

Vale lembrar que o nome que consta na rotulagem do produto deve ser igual ao nome do certificado. Parece óbvio, mas é muito comum esse tipo de divergência.

6 - Fórmula do produto Importado

A fórmula declarada nos Dados Técnicos deve estar em conformidade com a fórmula do produto importado. No caso de divergência, o processo será indeferido.

Caso a fórmula do produto importado não conste do Certificado de Venda Livre, esta deverá ser anexada
ao processo e deve estar devidamente consularizada.

A ausência da consularização acarretará indeferimento do processo, por estar em desacordo com o item 18 do Anexo III da RDC 211/05.

Vale lembrar que a soma dos valores indicados deve ser 100. Lembrete óbvio? Não. É mais comum do que parece.

7 – Testes

No caso de produto importado, a cópia do teste original deve estar assinada pelo responsável pela sua realização e a tradução deverá ser assinada pelo responsável técnico e pelo representante legal da empresa brasileira.

Mais informações no endereço: http://www.anvisa. gov.br/divulga/informes/2007/270407.htm

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Qualidade da comunicação nas BPF e C

Da nossa experiência na implantação do processo de Boas Práticas de Fabricação (BPF e C), por inúmeras vezes, nos defrontamos com dificuldades em obter o efetivo comprometimento dos colaboradores das empresas nessa tarefa.

Das várias hipóteses que formulamos para essa resistência, a que mais se mostrou responsável por esse não comprometimento foi a da comunicação.

A comunicação quando realizada por meios e formas adequadas tem impacto favorável no comprometimento dos colaboradores. Mas ao ser operada com qualidade, a comunicação atende aos anseios e as necessidades do colaborador. Uma vez que ao recebê-la, pelo teor da comunicação, o colaborador estabelece a natureza e define a sua extensão.

Uma grande não conformidade ocorre quando a comunicação é realizada fora da ocasião adequada, quando antecipada ou atrasada. A prática mostra que quando antecipada, a comunicação, muitas vezes, ao invés de auxiliar cria dificuldades para o colaborador que ao recebê-la, necessita prover uma área para armazená-la para sua recuperação posterior.

Outra não conformidade da comunicação é a sua disponibilização em quantidade e teor, relativamente, superior e excessivo ao solicitado. Ao afogar o colaborador com informações não solicitadas, o benefício esperado pode se transformar em motivo para seu desinteresse, pela impossibilidade de assimilação e utilizá-la na sua plenitude. Assim, disponibilizar a informação na medida correta e no momento exato deve decorrer das necessidades do colaborador.

Uma das formas que, acreditamos, poderá auxiliar a minimizar as dificuldades na comunicação é conseguir esclarecimentos junto ao usuário, tais como:

- Qual informação é necessária?

- Qual a fonte emissora dessa informação?

- Qual a melhor época para recebê-la?

- De que modo essa informação deve ser fornecida?

- Para onde deve ser enviada?

- Qual a finalidade dessa informação?

Para que tais questionamentos sejam atendidos é fundamental a existência na empresa de um Sistema de Comunicação.

O Sistema de Comunicação é um conjunto de procedimentos e de métodos que atendem às necessidades dos colaboradores.

Este sistema é efetivo quando:

- For mantido durante todo o tempo em condições de atender às necessidades de cada colaborador,

- Evoluir para atender as novas necessidades dos colaboradores,

- Registrar as diferenças encontradas e as atividades desenvolvidas para solucioná-las (rastreabilidade),

- Fornecer ao colaborador, com segurança, a comunicação no tempo adequado e qualidade desejada,

- Mantiver a comunicação atualizada,

- Avaliar, com periodicidade adequada, a qualidade da comunicação e os dados que a produz.

Devemos ressaltar que como qualquer processo da qualidade, o da comunicação necessita de manual de procedimentos e atividades.

A avaliação do sistema pode ser feita entre o descrito no manual e o efetivamente executado.

Devemos também considerar que a comunicação é o suporte dos processos da Qualidade e, portanto, é um processo laborioso que necessita ser aprendido.

De modo geral, a comunicação não é automática, não flui de forma natural, não tem características de facilidade, não tem resultados garantidos. Para que isso ocorra, é necessário que a percepção de facilidade e naturalidade da comunicação ocorra sem necessidade de mensurar a compreensão da mensagem e também como decorrência do seu envolvimento automático no processo.

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Avanços na área de Dermatologia

A área de Cosmiatria tem avançado a passos largos, aliando tecnologia à pesquisa para melhores resultados finais.

Em relação ao uso cutâneo de produtos tópicos, principalmente para o envelhecimento, surgem todos os dias ativos novos que precisam ser vistos de maneira crítica.

O ácido retinóico, já consagrado, tem embasamento científico suficiente para ser reconhecido como opção terapêutica para o tratamento do fotoenvelhecimento. Sua ação ao regularizar a formação da camada córnea, melhorando a proliferação dos queratinócitos e promovendo angiogênese e neocologênese revertem positivamente sinais do fotoenvelhecimento. A fronteira do conhecimento está no desafio de utilizá-lo sem que provoque irritação em posologias que tenham resultados. Produtos como tretinoína micronizada com liberação lenta e controlada provocam menos irritação e vem ao encontro das necessidades neste caso.

Em relação aos antioxidantes de uso tópico houve muito avanço nos últimos tempos. O maior conhecimento do processo de oxidação com a formação de cadeias superóxidas que desencadeiam uma cascata inflamatória com aumento de citoquinas e fatores tumorais leva ao desgaste e ao envelhecimento da cútis. Várias estruturas são atingidas como: vasos, células, fibras e DNA, favorecendo o envelhecimento e câncer de pele.

A vitamina C com seu efeito antioxidante é uma das representantes principais no arsenal de substâncias utilizadas para este fim.

A pele fotoenvelhecida apresenta inflamação crônica subclínica que representa um fator acelerador no envelhecimento. Neste processo inflamatório estão ativados vários mediadores que funcionam como estímulos provocativos e agressores. A idebenona, o ácido lipoíco e o chá verde, entre outros, são alguns dos ativos que despontam como potenciais agentes para o antienvelhecimento.

Estas substâncias, em especial o chá verde, vem sendo testada como antitumoral e faz parte de ensaios clínicos na quimio prevenção do melanoma.

Há inúmeros trabalhos que tentam padronizar as doses diárias e utilização para o uso dos antioxidantes no tratamento do envelhecimento cutâneo.

Os peptídeos também despontam como opção interessante no tratamento da pele fotodanificada. Estes são moléculas grandes de aminoácidos e podem ter funções diversas como: sinalizadores, carregadores e neuromoduladores.

Estas moléculas pela facilidade de penetração podem sinalizar e transportar substâncias para planos mais profundos da pele. E através de ação em neuro-hormônios, os peptídeos também podem modificar processos exacerbados de pele. Um dos representantes desse grupo é o hexapeptídeo denominado argireline [INCI: Aqua (and) Acetyl Hexapeptide 8].

No campo dos procedimentos de laser, a luz pulsada, ultra- som e radiofreqüência passam a fazer parte do dia- a-dia do dermatologista. A utilização da luz do laser e luz pulsada ao promover a fototermálise nos alvos específicos permite o tratamento de várias alterações dermatológicas.

Na depilação esta técnica já está consagrada assim como no tratamento de manchas e alguns tipos de vasos. E no tratamento do vitiligo e psoríase com aparelho que emitem comprimento de onda similar ao UVB também são utilizados. Neste campo, o conhecimento da física dos aparelhos que emitem luz é fundamental para a análise crítica e avaliação do custo/benéfico. Isto porque em algumas situações, a ação do laser pode ser similar
àquela de um peeling químico que tem custo bem menor.

Mas hoje em dia as tecnologias para melhorar a pele com menor efeito colateral continuam aparecendo. Neste sentido, aparelhos como laser de CO2 vêm sendo substituídos por outros não ablativos (não invasivos).

Já os tratamento de flacidez, lipodistrofia ginóide e gordura localizada são polêmicos tanto na ação como no resultado. Assim, estamos carentes de protocolos completos e controlados que mostrem resultados efetivos na correção destas alterações.

A terapia fotodinâmica nos últimos anos vem a ser a grande estrela na área da Dermatologia. O uso de substâncias como ácido amino levulínico espalhadas na pele identificase com alvos específicos que podem ser atingidos pela luz.

Aspectos de interação medicamentosa, penetração, tipo de pele, número de sessões e tipo de lesão precisam ser avaliadas em trabalhos multicêntricos. No momento a indicação formal da terapia fotodinâmica são as lesões pré-cancerosas e cancerosas (carcinoma basocelular).

A idéia de utilizar uma substância química que interaja nas células específicas e facilite a ação química e oxidante da luz é brilhante. Neste processo o paciente também evita cirurgias com corte e suas potenciais complicações.

Já existem trabalhos da terapia fotodinâmica para outras indicações como acne, doenças inflamatórias, queratose pilar e rosácea, entre outras.

A cada dia, temos inovações, mas cabe a nós a análise crítica e responsável para apontar os melhores caminhos para o nosso paciente.

Fragrâncias por Carmita Magalhães

Genealogia dos perfumes

Entre os assuntos da última edição, começamos a falar da interpretação da perfumaria por meio da genealogia dos perfumes.

Genealogia, palavra de origem grega, significa: genos (origem) e logos (ciência). Por definição, genealogia é a lista dos membros de uma família, a ciência que tem por objetivo a pesquisa das origens e estuda a composição da família.

A genealogia dos perfumes é, por conseqüência, o estudo dos perfumes através do tempo. É dividida em feminina e masculina e classificada em famílias e subfamílias, como as pessoas, com seus nomes e sobrenomes.

As genealogias são interpretações criadas por grupo de pessoas/empresas, por isso pode-se encontrar diferentes
estruturas, com pequenas variações, mas todas as interpretações foram ou são baseadas num tronco comum, numa realidade coletiva, reflexo da história e da evolução econômicasocial- cultural-geográfica-política. Por esse motivo, diz-se que a perfumaria está em constante evolução.

Esta é a razão pela qual cada Casa de Perfumaria tem suas genealogias próprias e, dependendo das características de cada mercado, pode-se encontrar genealogias adaptadas, como é o caso da perfumaria brasileira.

Portanto, quando o perfumista cria um perfume alcoólico é como se construísse uma história em volta de uma família. Chamo essa história de acorde principal.

Existem famílias femininas e masculinas. Cada família é dividida em subfamílias: verde, aromático, aldeídico, especiada, amadeirada, musc, frutal, floral, ozônica etc.

As famílias internacionais clássicas e modernas da perfumaria alcoólica são: cítrica, floral, oriental – âmbar - e chypre (as femininas); cítrica, fougère, oriental, chypre e madeira (as masculinas).

Como eu disse, o mercado brasileiro possui certas particularidades e, por esse motivo, as seguintes famílias podem ser consideradas como as principais: cítrica, floral, oriental (âmbar), chypre, musc, lavanda, fougère (entre os perfumes femininos); e cítrica, fougère, oriental, chypre e madeira (entre os masculinos).

É válido ressaltar ainda que:

1. As famílias clássicas são conseqüências do Velho Mundo. Temas muitas vezes difíceis de serem entendidos. Fougère significa samambaia; Chypre é o nome de uma ilha... É só estudando mesmo é que se consegue entender!

2. As famílias, como as subfamílias, não são estáticas, ocorre uma evolução através o tempo.

- O que faz aparecer novas famílias e novas subfamílias?

O próprio mercado, por meio de novas criações. É mais fácil serem criadas e reconhecidas novas subfamílias, ou seja, novas facetas (toques/notas) presentes em novos perfumes. Algumas dessas novas facetas poderão com o tempo se tornar famílias principais, como foi o caso da madeira (o primeiro perfume masculino com essa característica foi lançado há aproximadamente uma década e atualmente, após vários lançamentos - com as mesmas características -, a “subfamília” madeira foi promovida à “família”).

Portanto, uma nova família só nasce quando tem vários descendentes, quando passa do modismo à aceitação, ou seja, quando o consumidor recompra tais produtos por diversas vezes, garantindo o sucesso da família.

- O CK One é um bom exemplo da evolução da interpretação: já o vi classificado como chypre fresco, depois cítrico musc e, pessoalmente, o classifico como cítrico floral musc.

3. Na genealogia feminina brasileira, lavanda, musc e fougère são consideradas famílias. Na minha opinião é uma interpretação muito válida, pois quando comecei a estudar e mapear as principais colônias femininas brasileiras, tive alguma dificuldade.

Onde colocar todas as lavandas e muscs, grandes clássicos presentes até hoje na perfumaria brasileira? Não dava para encaixar mesmo. Também descobri que existiam alguns perfumes fougères femininos. Na perfumaria internacional, fougère é uma família somente masculina.

Além disso, eu aprendi que as brasileiras gostam e usam produtos masculinos. A resposta foi adaptar a genealogia clássica aos desejos brasileiros e construir uma genealogia especifica para o Brasil!

4. Geralmente, quando falamos em genealogia, nos referimos à perfumaria alcoólica, mas cada segmento pode ser mapeado. E por segmento também temos pluralidades:

- Pode ser por sexo (como vimos, na perfumaria fina/alcoólica temos genealogias femininas e masculinas), por marcas, por país.

- Se pensarmos no segmento de shampoos então mudanças são constantes, mas o processo é sempre o mesmo: avaliar os produtos selecionados, determinando a família e a subfamília de cada item, e assim mapear o conjunto. Para cada segmento existirão famílias e subfamílias diferentes. Por exemplo, uma das principais famílias do segmento de shampoos é o frutal.

As genealogias são montadas para explicar, entender e interpretar o mercado. Interpretar é dar um sentido às coisas (um significado e um fim), com certa liberdade de pensamento. E, assim, podemos dizer que o entendimento tem um “fim”, ele acaba no momento em que entendemos o sentido das coisas.

A interpretação pode gerar discussões infinitas. A interpretação depende da intuição de cada um, mas ela será sempre uma aposta que você terá que defender.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Cosméticos: aspectos toxicológicos e regulatórios

A ABC, Associação Brasileira de Cosmetologia, em agosto do ano passado, nos convidou para organizar um simpósio onde temas relacionados à toxicologia e assuntos regulatórios, abordando ingredientes e produtos cosméticos pudessem ser discutidos.

Não pensamos duas vezes: sentimos a viabilidade do projeto, traçamos diretrizes, planejamos parcerias e, prontamente, aceitamos o honroso convite. Nascia, então, o simpósio “Cosmético: aspectos toxicológicos e regulatórios”.

Aspectos toxicológicos e regulatórios: como abordálos? Segundo Casarett and Doull’s (The Basic Science of Poison, 1980), a Toxicologia pode ser conceituada como a ciência que estuda os efeitos adversos das substâncias químicas nos organismos vivos, enquanto que a abordagem regulatória assume o caráter legal das manifestações decorrentes dos efeitos adversos nos organismos vivos. A abordagem regulatória opera na coleta e ordenação de dados e na avaliação epidemiológica, bem como de outros parâmetros que permitem a tomada direta de decisões institucionais, visando dar proteção à saúde contra os perigos provenientes das substâncias químicas (www.nicnas.au e Toxic. Letters 126:145-153, 2002.

Para se conhecer um pouco mais sobre o assunto “Cosméticos: aspectos toxicológicos e regulatórios”, seguramente uma boa indicação é recorrer ao banco de dados da Embase http://excerptamedica.com, assim como publicações científicas como Regul. Toxicology and Pharmacol. 49:308- 315, 2007, Toxicology Letters 151:7, 2004, entre tantos outros títulos disponíveis.

Verificamos as dificuldades de acesso à literatura, em razão da carência de bibliotecas de qualidade, exceto aos pesquisadores localizados em universidades públicas e, até mesmo, a falta de conhecimento dos interessados na busca e no manuseio destas informações tem sido constatada.

Mas tornemos às possíveis dificuldades em responsabilidades.

A programação científica foi norteada com o objetivo de propiciar aos participantes a interação com tópicos relevantes e distribuídos de maneira seqüencial, didática, multidisciplinar e profissional.

Durante os cinco dias de trabalho em tempo integral, Princípios de Toxicologia, Toxicologia Analítica, Imunotoxicologia, Bioestatística, Testes para Avaliação de Toxicidade, Aspectos Patológicos, Teratogênese, Ensaios Pré-Clínicos e Clínicos, Assuntos Regulatórios e Éticos foram apresentados. A programação veio ao encontro de recente publicação da British Society of Toxicology que definiu áreas de atuação do Toxicologista.

Todos os assuntos apresentados durante as conferências pautaram-se pela lisura científica, onde a segurança estava acima de qualquer interesse ou hipóteses cientificamente infundadas sendo o lado regulatório destituído de qualquer vaidade dos segmentos envolvidos - regulador, regulado, sociedade científica e academia.

Recebemos 28 iminentes convidados das Universidades de São Paulo, Campinas, Júlio de Mesquita Filho, Federal do Rio de Janeiro e Bélgica, do ECVAM, de Centros de Pesquisas e dos Serviços especializados que durante 34 horas falaram sobre temas de toxicologia e assuntos regulatórios relativos a ingredientes e produtos cosméticos. Contamos com 101 participantes e superamos em cerca de 25% a previsão estabelecida.

A avaliação altamente positiva do Simpósio ficou evidenciada nas respostas dos participantes às perguntas formuladas, dado que para todas as perguntas formuladas, o grau de satisfação mostrou valores surpreendentes. Além do mais, nós que estivemos presentes desde a abertura ao encerramento observamos que a aderência de todos foi maciça, pois o número de assentos desocupados foi praticamente desprezível.

A ABC está convencida que o simpósio “Cosmético: aspectos toxicológicos e regulatórios”, original pela sua própria natureza e de relevante pioneirismo, trouxe enorme contribuição a esta importante área do conhecimento, bem como a sua realização somente se concretizou graças ao forte espírito de união de todos que nele acreditaram.

A difusão, divulgação e a transparente discussão de assuntos relativos à segurança de ingredientes e produtos cosméticos, seguramente, permite de agora para frente ver o tema de duas maneiras: antes e após a realização do simpósio “Cosmético: aspectos toxicológicos e regulatórios”.

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Produtos “naturais” para cabelos

Segundo as definições conhecidas, cosmético é tudo aquilo que é relativo à beleza humana. A palavra portuguesa “cosmético” deriva da palavra grega “ko•sme•ti•kós” que significa “hábil em adornar”. E há milhares de anos homens e mulheres utilizam cosméticos para se embelezar, como registrado quando arqueólogos encontraram em túmulos egípcios de aproximadamente 3.500 a.C. sinais do uso de pintura para os olhos e ungüentos aromáticos.

Para exemplificar, alguns produtos de higiene podem ser considerados cosméticos assim como uma substância ou tratamento aplicado à face ou a outras partes do corpo humano para alterar a aparência, para embelezar ou realçar o atrativo da pessoa. Nesse sentido, tais preparados podem ser aplicados tanto à pele, às unhas ou ao cabelo.

Assim, o termo cosmético designa substâncias de origens diversas, usadas sobre a pele e cabelos para limpar, suavizar, encobrir imperfeições e embelezar.

Na antiga Grécia, usavam- se óleos para banho e outros produtos de embelezamento, mas muitas mulheres sofriam de envenenamento por chumbo porque usavam máscaras faciais que continham esse metal, sendo que até hoje existem muitas discussões a esse respeito. Em Roma, fabricavam- se pós para tornar a pele mais alva, carvões para delinear os olhos e pintar cílios e sobrancelhas, carmim para as faces, produtos abrasivos para clarear os dentes etc. Os óleos consumidos eram produtos naturais, como os que se obtinham do azeite de oliva. Os perfumes, usados tanto por mulheres quanto por homens, eram extraídos de flores ou especiarias, com resinas naturais empregadas como fixadores. Atribui-se a Catarina de Medici a introdução do uso de perfumes na França.Cosméticos para o rosto, tinturas para o cabelo, perfumes e sais de banho já eram utilizados na Europa medieval. As civilizações orientais faziam amplo uso dos cosméticos, bem como os povos indígenas da América e da África.

Mas a extração dos princípios ativos de origem dita “natural” sempre foi o maior problema do seu uso, pois dela vai depender totalmente o resultado final. Dizer apenas que um produto foi extraído de uma planta ou de uma flor, sem sabermos qual foi o método utilizado para tal pode fazer com que, no produto final não exista nenhuma quantidade do princípio ativo mencionado.

No século XX, massificaram- se a produção e o uso de cosméticos, sobretudo graças ao aperfeiçoamento das embalagens e à promoção publicitária desses produtos. A moderna indústria de cosméticos fabrica uma vasta série de produtos e compreende diversas empresas com ramificações internacionais.

Entre as inovações da indústria de cosméticos destacam- se como expoentes deste século os produtos químicos para ondulação dos cabelos, os shampoos sem sabão, os laquês em aerosol e as tinturas de cabelo menos tóxicas, afastando aquele mito de que mulheres gestantes não poderiam fazer uso desses produtos.

A legislação varia de país para país, mas, como norma, procura atender à segurança dos seus usuários. Dessa forma, os principais testes empregados são referentes à irritação de tecidos, danos à visão e a toxicidade aguda e crônica.

Portanto quando falamos em produtos “naturais” temos que levar em conta todos esses fatores e não apenas o apelo mercadológico que existe neste setor. Nos Estados Unidos e na Europa a simples menção da palavra natural consegue ser uma ferramenta muito agressiva de marketing. O nosso trabalho, como especialistas neste setor é saber separar o joio do trigo, apresentando sempre estudos científicos sérios para comprovar a verdadeira origem de um determinado produto.

Antonio Celso da Silva
Embalagens por Antonio Celso da Silva

Reprovações e autonomia do Controle de Qualidade

O Controle de Qualidade (CQ) de embalagens não é algo que todas as empresas possuem. Entre as que têm implantado tal controle, mais da metade não utiliza especificações técnicas próprias, ou seja, usa aquelas que os fornecedores enviam.

Também são poucas as empresas com especificações próprias implantadas, cujo CQ não seja subordinado a uma área que sofra influência da área Comercial e das “urgências” da Produção.

Em resumo, são raras as empresas onde o CQ dispõe de autonomia não somente para aprovar lotes, mas também para reprovar, quando estes encontram-se fora das especificações.

Nas empresas de pequeno porte, principalmente naquelas onde os donos não respeitam os fluxos e atropelam todos os departamentos, uma reprovação só pode ser efetivada se a embalagem ou o produto da qual ela fizer parte não estiver em falta no estoque. Em outras palavras, primeiro vem o faturamento, depois a qualidade.

Com certeza serão empresas de vida curta, se não mudarem de atitude.

Não quero dizer com isso que nas grandes e boas empresas não se faça aprovação com restrição, ou não se use um lote de embalagem reprovado se houver necessidade e urgência. A diferença é que nessas empresas a decisão, orientação e acompanhamento vêm do CQ em conjunto com as demais áreas envolvidas, sempre tendo o bom senso como norteador deste trabalho.

O uso de lote reprovado ou uma aprovação com restrição só pode ser feito quando for possível realizar uma seleção prévia ou durante o envase, eliminando as unidades defeituosas detectados pelo CQ. Na verdade, não podemos dizer que será usado um lote reprovado, mas sim um lote retrabalhado.

O CQ opera quando o defeito estiver localizado. Citamos dois casos. Por exemplo, quando o defeito ocorre somente numa cavidade do molde (dimensional) ou numa das facas no caso de um cartucho (visual) é possível fazer a seleção, separando o número desta cavidade ou da faca. Mas jamais se deve fazer a seleção de um defeito que aparece aleatoriamente e que comprometa a funcionabilidade da peça.

Um lote de embalagem reprovado tem necessariamente um dos seguintes destinos:

- Reprovação e devolução do lote reprovado. Neste caso o CQ, após reprovar o lote, informa a decisão ao fornecedor e às demais áreas envolvidas, normalmente PCP e Compras. Estes providenciam e disponibilizam o lote reprovado para retirada pelo fornecedor. Importante notar que o lote, bem como as peças com defeito, sejam identificadas de acordo com o laudo e enviadas ao fornecedor.

- Aprovação com seleção prévia ou durante o envase e/ou montagem no caso de urgência e de possibilidade da seleção. Este processo pode ser feito com funcionários da própria empresa ou por funcionários enviados pelo fornecedor.

Importante ressaltar que se for uma seleção durante o envase é aconselhável que esta seja feita pelos próprios funcionários, que mesmo não estando familiarizados com esse tipo de trabalho (seleção em linha), foram treinados, são conhecedores e estão comprometidos com a GMP. O que não vai acontecer se a seleção em linha for feita por um funcionário do fornecedor que fabrica embalagens, mas não tem o conhecimento das regras para fabricar produtos.

Se for uma seleção prévia, ou seja, antes de ir para a linha de envase, esta pode ser feita tanto por funcionários da empresa como por funcionários enviados pelo fornecedor. Muitos fornecedores preferem tratar uma reprovação desta forma, para evitar que o lote seja devolvido, evitar os trâmites burocráticos de emissão de notas fiscais, e também o custo do frete.

É de suma importância que todo o processo seja coordenado pelo CQ, que só aconteça em casos de extrema necessidade e quando for possível fazer a seleção prévia. O risco é a exceção se transformar em regra, fazendo com que o CQ perca a responsabilidade e o controle da situação, pois este é o caminho mais curto para se perder a autonomia.






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