A crise vai chegar?

Edicao Atual - A crise vai chegar?

Editorial

O mundo vive momento de incerteza com os recentes acontecimentos na economia nos Estados Unidos.

É inevitável, devido à interdependência da economia, que reflexos de acontecimentos em qualquer parte do Planeta tenha conseqüências globais maiores ou menores, dependendo da importância do autor da proeza. Desta vez, como o agente é a maior potência econômica mundial, os cuidados têm que ser redobrados.

A pergunta é: o Brasil será atingindo por isso?

Como resposta, com certeza pode-se responder que já foi. Entretanto, aparentemente, neste instante a economia brasileira está mais bem preparada para enfrentar turbulências, mesmo como as da crise atual. Os jornais diários informam que o governo já está tomando medidas para manter o mercado abastecido de crédito, principalmente para o setor exportador, e acompanhando a atividade do setor financeiro mais de perto para evitar surpresas desagradáveis.

A duração da crise é imprevisível. A fase aguda deve se estender por um ou dois meses; as seqüelas, sim, essas podem se estender por meses ou mesmo alguns anos, como as de outras que experimentamos no passado, e das quais não temos mais lembrança, felizmente.

Esta edição de Cosmetics & Toiletries Brasil tem a eficácia dos cosméticos como tema – os cosméticos têm que cumprir o que prometem. Entretanto, outros assuntos de interesse também estão presentes: ingredientes naturais e orgânicos, estabilidade de filtros solares e um interessante artigo reportando resultados de cuidados cosméticos durante a gestação.

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

 

Cosméticos Verdadeiramente Orgânicos - Monica Bispo (Treinamento e Consultoria em Cosméticos)

Produtos orgânicos e naturais têm atraído o interesse de consumidores preocupados com a preservação do meio ambiente. Neste artigo, a autora descreve o estágio atual das regulamentações, da disponibilidade de matérias-primas e das atividades de P&D de produtos cosméticos orgânicos nos principais mercados, incluindo o Brasil.

Los productos orgánicos y naturales han atraído el interés de los consumidores preocupantes con la preservación del ambiente. En este artículo el autor describe la etapa actual de las regulaciones, de la disponibilidad de la materia prima y de las actividades de I&D de los productos orgánicos cosméticos en los mercados principales, incluyendo el Brasil.

Organic and natural products have attracted the interest of consumers worried with the environment preservation. In this article the author describes the actual stage of the regulations, the raw material availability and the activities of R&D of organic cosmetics products in the main markets, including Brazil.

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Estabilidade de Filtros Orgânicos à UV - Jennifer Jesus de Freitas, Karina Paese e Sílvia Stanisçuaski Guterres (Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)

Os filtros solares perdem grande parte de sua capacidade fotoprotetora após exposição à radiação UV. Portanto, é necessário avaliar a integridade molecular destas substâncias, a garantia de sua eficácia e a segurança dos consumidores.

Los filtros solares pierden gran parte de su capacidad fotoprotectora después de la exposición a la radiación UV. Por lo tanto, es necesario evaluar la integridad molecular de estas sustancias, la garantía de su eficacia y la seguridad de los consumidores.

To guarantee constant efficacy, the sunscreens should not be altered by sunlight exposure. Commercial sunscreen formulations lose a large part of their photoprotection capacity after exposure to the UV radiation, thus is needed to assess the molecular integrity of these agents, ensuring their efficacy and safety of consumers.

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Ativos Naturais Específicos para Cosméticos Masculinos - David Boudier, Christelle Estruc, Nathalie Guichard, Catherine Soulihé e Bigitte Closs (Departamento de P&D, Silab - França)

Para atender às necessidades dos homens para o tratamento da pele, foram desenvolvidos dois ativos naturais. Um é rico em oligopeptídeos purificados da Annona squamosa que revitaliza e favorece a coesão e, a função de barreira da epiderme masculina. O outro é extraído do Cicer arietinum que estimula a neo-síntese da ATP e a regeneração mediante a atividade da creatina quinase. Os efeitos foram avaliados por técnicas usuais

Para tomar el cuidado de las necesidades del cosmético de los hombres, fue desarrollado dos ingredientes naturales. Uno es rico en oligopeptides purificados del Annona squamosa que revitaliza y favorece la función de la cohesión y de la barrera de la epidermis masculina. El otro se extrae del Cicer arietinum siembra, estimula el neosynthesis del ATP y su regeneración por medio de actividad de la cinasa del cretine. Los efectos fueran evaluados por técnicas generalmente

To take care of men’s cosmetic needs, two natural ingredients were developed. One is rich in purified oligopeptides of Annona squamosa that revitalizes and favors cohesion and barrier function of male epidermis. The other is extracted from Cicer arietinum seeds, stimulates the ATP neosynthesis and its regeneration by means of cretine kinase activity. The effects were evaluated by usual techniques

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Poder Hidratante da Aloe vera em Diferentes Veículos - Patrícia Mitie Okamoto (Faculdade de Farmácia, Universidade Anhembi-Morumbi)

Neste trabalho, a autora pesquisou a eficácia do extrato de Aloe vera como hidratante, além de avaliar e comparar, clinicamente, o poder hidratante em diferentes veículos.

En este trabajo la autora investigo la eficacia del extracto de Aloe vera como hidratante, además de evaluar y comparar, clínicamente, el poder hidratante en diferentes vehículos.

In this paper the author searched the effectiveness of the extract of Aloe vera (Aloe barbadensis leaf extract) as moisturizer, beyond evaluating and comparing, clinically, the moisturize power in different vehicles.

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Delineamento Científico de Acompanhamento Gestacional - Maria Goreti de Vasconcelos, Andrea Biolcati Falasco e Rosemeire Fernandes da Mata (Centro Técnico da VitaDerm Cosmética Hipoalergênica)

Este artigo apresenta um programa de acompanhamento gestacional dirigido ao profissional da área de estética para cuidar de mulheres grávidas, como uma maneira de auxiliá-las na manutenção da saúde, beleza e melhora da qualidade de vida durante o período de gestação.

Este artículo presenta un programa de acompañamiento gestacional dirigido a los profesionales del área de estética para cuidado de mujeres embarazadas, como manera de auxiliarlas en la manutención de la salud, la belleza y la mejora de la calidad de vida durante el periodo de gestación.

This article presents a gestational accompaniment program to the professional of the aesthetic area for taking care of pregnant women, as way of assists them in the maintenance of the health, beauty and improves of the quality of life during the period of gestation

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Assuntos Regulatórios por Luiz Brandão

Notificação de produtos de grau 1

A notificação de produtos cosméticos classificados como grau de risco 1 foi normatizada pela RDC 335 de 22 de julho de 1999. De lá para cá, passados 6 anos, essa norma foi substituída pela Resolução RDC 343 de 13 de dezembro de 2005.

Na vigência da primeira norma as notificações eram analisadas pela Anvisa e recebiam sua “aceitação” via Diário Oficial, inicialmente, e posteriormente eram publicadas no sítio da Anvisa. O fato da Anvisa analisar as notificações oficializava o procedimento e poucas dúvidas surgiram nesse período quanto a classificação do grau de risco dos produtos.

Entretanto, com a publicação da RDC 343/05 não houve mais a obrigatoriedade de análise das notificações, o que provocou abusos por parte de algumas empresas do setor regulado.

Em recente seminário patrocinado pela Anvisa (realizado em Brasília em 17 de abril deste ano), foram apresentados os dados que iremos discorrer a seguir.

Auditoria em notificação de produtos de grau 1

A Anvisa iniciou auditoria visando coibir possíveis abusos em produtos notificados (Grau de risco 1). Nos três primeiros meses deste ano foram auditados 284 produtos, dos quais 191 foram indeferidos. A relação dos primeiros 23 produtos cancelados encontra-se no link: http://www.anvisa. gov.br/divulga/noticias/2008/ 250608_3.htm

Devido a esse grande número de processos de notificação feitos indevidamente a Anvisa, iniciou no mês de junho o cancelamento de notificações de produtos.

Os primeiros produtos foram aqueles para uso íntimo, classificados como de grau de risco 2 e que não poderiam ter sido notificados, como se fossem de grau 1.

Essa auditoria será de caráter permanente e outros produtos poderão ser cancelados como por exemplo: produtos para celulite, estrias, caspa, entre outros, classificados como de grau 2.

Os fabricantes estão sujeitos às penalidades da lei 6437/ 77, que estabelece as infrações sanitárias. Dentre as sanções previstas pela legislação estão multas que variam entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão.

Por meio de uma rápida pesquisa realizada no dia 12 de agosto na área de produtos notificados, no sítio da Anvisa, encontramos os resultados que constam da tabela.

Todos esses produtos são classificados como grau de risco 2 e foram notificados indevidamente.

É preciso lembrar que todas as recomendações publicadas nos últimos meses, nesta coluna, sobre registro de produtos grau de risco 2, valem também para as notificações de produtos grau de risco 1.

Para evitar o cancelamento de notificações, recomendase reler os textos que temos apresentado nesta coluna e ter sempre em mente que num processo de notificação é necessário tomar os mesmos cuidados que se toma no processo de registro de produtos grau de risco 2.

Freqüência de termos não-adequados em produtos notificados
Termo pesquisado Respostas encontradas
Anti-sinais 6
Caspa 3
Celulite 2
Creme alisante 1
Dandruff 1
Estrias 7
Firmador 6
Infantil 4
Kids 31
Queda 11
Rugas 2
Sensitive Skin 2
Sensível 14
Talco anti-séptico 1
Wrinkle 7

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

BPFeC: benefício ou empecilho?

O leitor poderá ficar chocado ao ler o título desta coluna, mas acredite, é uma dúvida que cada vez mais ocorre no dia-a-dia das empresas.

A principal argumentação é o comportamento de muitos administradores que ao manifestarem o desejo de implantar um processo das BPFeC (Boas Práticas de Fabricação e Controle) em suas empresas, colocam tantos obstáculos que a impressão que fica é exatamente que a sua implantação se trata de um empecilho e não um benefício.

Podemos citar como impedimento colocado de início, a impossibilidade e ou dificuldade de que outras áreas da empresa participarem do processo, que devido a natureza de suas atividades, poderiam sofrer impacto negativo com a prática das BPFeC.

Causa espanto, também, a freqüência com que o treinamento de colaboradores é realizado sem que existam condições para a obtenção de resultados ou pelo menos tenham sido previstas anteriormente ao treinamento.

Quando mencionamos condições, estamos falando do conjunto de recursos necessários para a efetiva aprendizagem da atividade tais como equipamentos, documentos, utensílios e, fundamentalmente, o comprometimento do treinando com o objetivo do treinamento.

Os equipamentos têm impacto no treinamento por que sua condição inadequada, seja de funcionamento, seja na realização da atividade de limpeza e higienização, impossibilitam a execução de forma correta da atividade.

Podemos exemplificar, citando o caso da máquina de envasar que não permite, por suas condições de manutenção, um regime de operação contínuo sem gotejamento de produto, queda de frascos, etc, que obriga o operador a estar, a todo momento, limpando recipientes, esteiras, etc. E em alguns casos, até mais pessoas são alocadas na linha para suprir os defeitos do equipamento.

Outra das dificuldades encontradas, devido à resistência dos administradores, é quanto às condições de trabalho dos equipamentos devido a serviços de manutenção inadequados, pois muitas vezes impedem a realização dos procedimentos de higienização devido à realização de soldas emergenciais em pontos de vazamento, as quais se transformam em focos permanentes para a formação de bio-filme.

Outra argumentação que ouvimos contra a implantação das BPFeC é que a empresa possui toda a documentação do tipo dossier, planilhas de testes, relatórios e demais requisitos explicitados na legislação, de acordo com as normas das BPFeC, e, portanto, não necessita de outras providências.

Quando abordamos o conceito de higiene e limpeza com os responsáveis, em geral, eles nos apresentam imediatamente as tabelas de atividades para comprovar a conformidade. Entretanto, ao realizarmos uma rápida visita aos vestiários dos colaboradores para checar a aplicação do conceito de higiene e limpeza (comportamental) num local que é estritamente requerido, percebemos que a prática é diferente do discurso.

Diante disso, questionamos: Como pode alguém trabalhar de forma segura, do ponto-de-vista de higiene e limpeza, se o local de próprio uso não segue esses conceitos e é mantido em péssimas condições; e pior ainda, com a conivência da administração? Exemplos: encontramos calçados sobre armários, toalhas úmidas penduradas, recipientes para coleta de papel toalha (que em geral estão transbordando) sem considerar entupimentos de sanitários, torneiras vazando, etc.

Outra barreira que se coloca é a eterna desculpa da falta de recursos econômicos para efetivar a prática das BPFeC. E a explicação que se dá é de que quando a empresa crescer estas não-conformidades serão sanadas. Nessas ocasiões, vem à lembrança aquele ditado popular: “pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”.

Mais uma das dificuldades para obstrução ao efetivo exercício das BPFeC resulta das divergências documentais entre o que é informado e o que é executado.

Deixamos para o final a indagação que talvez seja a mais importante: Como fica a cabeça do colaborador ao ser solicitado a praticar as BPFeC quando as condições reais de trabalho são diametralmente opostas às preconizadas pelas normas?

Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

SACs: mudanças à vista

Você alguma vez já desistiu de reclamar ou obter maiores informações sobre um produto ou serviço quando o meio de comunicação com a empresa fornecedora era através de um SAC?

Os canais de relacionamento entre fornecedor e consumidor – que ficaram amplamente conhecidos por SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) – surgiram após a edição do Código de Defesa do Consumidor para harmonizar e equilibrar o relacionamento entre as partes por meio de transparência e respeito às necessidades do consumidor, e proteção de seus interesses econômicos.

Entretanto, diversas empresas deixaram este serviço muito a desejar, fazendo com que o consumidor muitas vezes desistisse de seus direitos para não se estressar com o atendimento.

Diante deste contexto, muitas entidades de defesa do consumidor passaram a defender esta causa e como
resultado, no último de 31 de julho, o presidente da República assinou o Decreto n°6.523/2008, que fixa normas gerais sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC.

As novas regras estabelecidas pelo Decreto, que entra em vigor no próximo mês de dezembro, irão valer para diversos setores, como telecomunicações, planos de saúde, bancos, aviação civil, TV por assinatura, energia elétrica e saneamento.

Dentre as novidades, vale destacar:

Art. 3º - As ligações para o SAC serão gratuitas e o atendimento das solicitações e demandas previsto neste Decreto não deverá resultar em qualquer ônus para o consumidor.

Art. 4º - O SAC garantirá ao consumidor, no primeiro menu eletrônico, as opções de contato com o atendente, de reclamação e de cancelamento de contratos e serviços (...)

Art. 5º - O SAC estará disponível, ininterruptamente, durante vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana, ressalvado o disposto em normas específicas.

Art. 7º - O número do SAC constará de forma clara e objetiva em todos os documentos e materiais impressos entregues ao consumidor no momento da contratação do serviço e durante o seu fornecimento, bem como na página eletrônica da empresa na Internet(...)

Art. 9º - O atendente, para exercer suas funções no SAC, deve ser capacitado com as habilidades técnicas e procedimentais necessárias para realizar o adequado atendimento ao consumidor, em linguagem clara.

Art. 10 - Ressalvados os casos de reclamação e de cancelamento de serviços,o SAC garantirá a transferência imediata ao setor competente para atendimento definitivo da demanda, caso o primeiro atendente não tenha essa atribuição.

§ 1º - A transferência dessa ligação será efetivada em até sessenta segundos.

§ 2º - Nos casos de reclamação e cancelamento de serviço, não será admitida a transferência da ligação,
devendo todos os atendentes possuir atribuições para executar essas funções.

§ 3º - O sistema informatizado garantirá ao atendente o acesso ao histórico de demandas do consumidor.

Art. 12 - É vedado solicitar a repetição da demanda do consumidor após seu registro pelo primeiro atendente.

Art.17 - As informações solicitadas pelo consumidor serão prestadas imediatamente e suas reclamações, resolvidas no prazo máximo de cinco dias úteis a contar do registro (...)

Art. 18 - O SAC receberá e processará imediatamente o pedido de cancelamento de serviço feito pelo consumidor (...)

Para que as normas sejam efetivamente respeitadas, a rede de Procons será acionada para garantir o direito dos consumidores que utilizam os SACs das empresas. Se não forem cumpridas, além do Procon, o consumidor poderá recorrer ao Ministério Público e à Defensoria Pública.

As empresas que não observarem as novas regras estarão sujeitas a multas que variam de R$ 320,00 a R$ 4,8 milhões.

Antonio Celso da Silva
Embalagens por Antonio Celso da Silva

Controle de qualidade

Tenho ministrado palestras, cursos sobre o tema embalagens, mas o que mais me chama a atenção é a falta de conhecimento sobre Controle de Qualidade.

O que acontece na prática é que as empresas nascem normalmente pequenas onde a grande preocupação é colocar o produto no mercado. As vendas começam tímidas, e o resultado de um bom trabalho é o aumento destas vendas. Só após o produto já estar no mercado é que vem a preocupação com o Controle da Qualidade.

Existem também as empresas que iniciam produzindo pequenas quantidades para terceiros. O passo adiante é procurar clientes com maior demanda e isso passa obrigatoriamente pela necessidade da implantação do Controle de Qualidade.

De uma maneira ou de outra, na sua grande maioria, os responsáveis pela empresa não sabem por onde começar, o que controlar, como controlar, etc.

Diante deste quadro, cabe mais uma vez abordar o assunto, porém desta vez sob o ângulo de quem tem essas dúvidas. Obviamente que, não se sabendo por onde começar, torna- se necessário a contratação de um profissional especializado. Começa aí o primeiro grande problema, pois esse tipo de profissional é escasso no mercado. O caminho mais curto e mais barato é contratar um consultor.

Enquanto não se contrata um consultor e para ajudar quem quer começar um trabalho de Controle de Qualidade de embalagens, aqui vão algumas importantes dicas:

- Definir um plano de amostragem, e o mais usado é o Military Standard 105 D.

- Definir o Nível de Qualidade Aceitável (NQA), que está relacionado com a classificação dos tipos de defeitos que são três: defeito crítico, defeito grave ou maior e defeito mínimo ou menor.

Portanto, NQA são números que definem a aprovação ou reprovação de um lote e que por sua vez, classificam a gravidade do defeito. Quanto menor o NQA mais grave é o defeito. Assim, o NQA mais usado pela indústria cosmética e fornecedores de embalagens é 0,25 para defeito crítico, 1,5 para defeito maior e 4,0 para defeito menor.

Para melhor entender essa classificação podemos definir defeito crítico como aquele que impede o uso da peça, coloca em risco a saúde do consumidor, impede a informação legal e é passível de autuação por parte dos órgãos legais (Inmetro, Anvisa, Procon). Defeito grave ou maior é aquele que denigre a imagem da empresa e causa problemas na linha de produção. Defeito menor ou mínimo é aquele que os técnicos percebem, porém passa despercebido pelo consumidor. Ainda não existe uma legislação que defina o plano de amostragem ou classifique os tipos de defeitos de acordo com sua gravidade. Essa classificação é feita pela empresa sempre em conjunto com o fornecedor.

Os bons fornecedores já têm implantado seu plano de amostragem, seus NQAs e sua classificação de defeitos, porém como não existe uma legislação específica, pode haver divergência entre o que o fornecedor tem implantado e o que as empresas exigem. Importante ressaltar que o NQA adotado pela empresa, precisa ser igual ou menor ao do fornecedor, sob pena dos defeitos passarem na amostragem do CQ do fornecedor e não passar depois no CQ da empresa.

Os defeitos também são classificados como visuais (conhecidos como atributos) e dimensionais. Defeitos visuais como o próprio nome diz são aqueles perceptíveis aos olhos, ou seja, em relação a um padrão, é a diferença de cor, borrado, amassado, falha de impressão, pintas, etc. Defeitos dimensionais são aqueles que divergem do tamanho padrão pré-estabelecido por uma especificação técnica. Esse tamanho pode ser altura, largura, profundidade, diâmetro interno, diâmetro externo, peso, volume, etc.

A parte mais difícil numa implantação de Controle de Qualidade é a classificação do tipo de defeito, quando se trata de defeito por atributos, considerando que para o defeito dimensional não há dúvida, pois existem parâmetros numéricos que os define.

As embalagens também são classificadas por famílias normalmente são plásticos, vidro, papel, metais, válvulas e diversos. A classificação do defeito bem como o NQA definido pela empresa deve ser o mesmo para todas as famílias.

Finalizando, abordei apenas de maneira superficial os pontos mais importantes numa implantação de Controle de Qualidade, espero ter ajudado a mostrar o caminho para as empresas que queiram iniciar esta atividade.

Fragrâncias por Carmita Magalhães

Eu respiro, então eu cheiro

Deveria dar continuidade ao tema da última edição sobre águas de colônia, mas resolvi deixar para a edição seguinte, por duas razões:

A primeira é que diariamente as pessoas me pedem conselhos para aprender a cheirar ou, para ser mais sincera, para aprender a falar sobre perfumes. O que me chamou a atenção foi que até hoje eram só conselhos profissionais, mas recentemente várias pessoas, sem ligação com a perfumaria, começaram a me procurar solicitando conselhos para “aprender cheirar”.

A segunda é que muitas dessas pessoas são pais conscientes que estão preocupados com a educação dos filhos. Criança não espera, cresce rápido e assimila bem mais rápido ainda.

Por essa razão, o título do tema que eu vou tratar nesta oportunidade é “Eu respiro, então eu cheiro”. Isso é uma certeza!

Entretanto, existem pessoas que perderam completamente a capacidade olfativa, são os portadores de anosmia total. Outras são capazes de perceber apenas certos odores, anosmia parcial.

Pensando bem, eu tenho sim facilidade de falar de odores com segurança. Isso porque cheiro com consciência, concentração, regularidade, repetição. Não é só uma profissão, é uma diversão diária! Cheiro não só com o nariz, mas também com os olhos, com a boca, com o ouvido, com as mãos. Cheiro com emoção! Não cheiro somente 8 horas por dia, cheiro 24, cheiro na rua, na empresa, nas viagens, na feira (frutas, legumes), no mercado (especiarias), no jardim (grama cortada, rosa)... Não presto atenção somente nos cheiros bons (café fresco, bolo saindo do forno), mas também nos ruins (poluição, gasolina, gás)... Cada dia eu trabalho a minha memória olfativa, cada dia eu acrescento uma novidade, passoa- passo. Por isso consigo falar coisas básicas, complexas, intensas e lindas, porque eu cheiro com todos os meus sentidos! Acho que é isso o que as pessoas querem, sobretudo os pais: aprender, ensinar e falar sobre cheiros.

O que eu posso propor é um método básico de aprendizagem olfativa. Simples, divertido, para crianças e adultos praticarem no dia-a-dia. Proponho que sigam a minha experiência pessoal, que pode não ser a melhor, mas sem dúvida me ajudou a tornar perfumista. Antes de eu mergulhar no mundo da perfumaria, já gostava e já tinha um conhecimento olfativo bem desenvolvido, graças ao meu ambiente familiar e, assim, pude passar de aluna dos meus pais a professora de muitos leitores.

Para aprender a cheirar é necessário conhecer e comparar diversidades sensoriais, ter o seu tempo para poder cheirar, ver, provar, escutar, tocar.

Para ensinar, os pais devem somente despertar a curiosidade, mostrar novidades, orientar as descobertas, porém, devem deixar a criança construir uma reflexão própria, mesmo que lentamente.

Para isso acontecer é só compartilhar:

- Momentos da vida de todos os dias. Por exemplo, brincando de reconhecer os cheiros das frutas, das especiarias ou das flores, na feira, no mercado, no jardim.

- Quando assar um bolo come tar sobre o cheiro dele antes, durante e ao final do seu preparo e, sobretudo, quando comer.

- Incentivar a prestar atenção ao redor. Saber quando uma fruta está verde, madura ou mesmo passada. Cheirar em todas as fases.

- Vivenciar experiências diferentes. Por exemplo, na horta, o cheiro da terra seca, o cheiro da terra molhada; nas caminhadas, os cheiros de umidade na sombra das árvores e o cheiro da caatinga seca quando não tem essa mesma umidade.

O que é preciso saber:

- Notas básicas olfativas: verdes, aromáticas, frutais (cítricos, frutas vermelhas, frutas exóticas, frutas amarelas), florais (rosa, jasmin, lírio, etc.), madeiras, especiadas (cravo, canela, noz-moscada, etc), animálicas...

- Notas complexas olfativas: como “gourmand”, uma palavra muito comum, usada para falar de perfumes com conotações doces, que lembram sobremesas.

Nesse primeiro momento, não é preciso conhecer cheiros abstratos, como fougère, âmbar, aldeídico, pois só semeará confusão e dúvidas. Um conselho para os pais que trabalham no ramo, não tentem ensinar esses acordes complexos, deixe para a criança, quando na fase adulta, se ela tiver interesse pelo ramo da perfumaria e por sua história.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Jogo do mercado consumidor

A Teoria dos Jogos, amplamente divulgada pelo filme “Uma Mente Brilhante”, preconiza que as relações humanas podem ser entendidas através do conceito que define um “jogo”. A amplitude que a teoria veio ganhando desde a segunda metade do século XIX com as idéias de Augustin Cournot e suas aplicações no universo econômico, se tornou notória com John Von Newmann (o mesmo do projeto Manhattan) autor do livro “Teoria dos Jogos e Comportamento Econômico”, publicado em 1944. No entanto, o grande avanço veio com John Nash quando propôs o que veio a ser conhecido como “Equilíbrio de Nash”.

Desde então, o tema Teoria dos Jogos passou a ser uma cadeira dentro dos cursos de Economia. A teoria é definida como o estudo das decisões em situação interativa onde a decisão de um jogador afeta a decisão dos demais. Diante deste postulado, fica evidente que a teoria se aplica a todos os campos do cotidiano humano onde ocorrem interações. Um jogo é uma abstração teórica da realidade, um modelo, e uma vez entendido pode-se através dele inferir a realidade. É definido quando há um conjunto de jogadores (agentes econômicos), regras definidas, resultados possíveis (payoff) e um conjunto de ações (estratégias) tomadas pelos jogadores que dão contorno ao jogo. Com isso, um jogo serve para responder a pergunta: Qual a melhor estratégia a adotar que garanta a maximização dos meus ganhos, dentro das regras definidas, levando em conta as possíveis ações dos demais jogadores?

Dispensa dizer que esta é uma resposta de difícil articulação. É necessário estudo, raciocínio e experiência para se chegar a uma conclusão adequada, a uma solução ótima. O mercado consumidor também é um jogo, onde os jogadores assumem os papéis de consumidores e fabricantes (agentes econômicos), tem regras de mercado definidas (demanda e oferta), resultados esperados (satisfação de consumo e expectativa de vendas) e estratégias tomadas (poupar e comprar à vista, marketing intensivo, etc).

O mercado, como todos os jogos, explora a mesma característica humana que se faz presente em todos os processos de decisão: a noção de preferências individuais que nos força a agir racionalmente no sentido de maximizar o nosso ganho independente do benefício do outro. Em outras palavras, a teoria dos jogos indica que a maximização total para um jogador caminha no sentido contrário da maximização dos demais jogadores. Há necessidade de um equilíbrio, pois um jogo onde somente o mesmo jogador tem os seus objetivos

maximizados desestimula os outros jogadores a continuar no jogo, e sem jogadores não há jogo, pois não faz sentido fazer parte de um jogo onde nunca, ou na maior parte das vezes, não se obtém a maximização dos seus ganhos, mesmo que parcialmente.

Da teoria à prática. Imagine um mercado onde exista apenas um consumidor de creme dental e um único fabricante. A maximização total do consumidor é ter o produto no menor preço possível, com a maior qualidade imaginável, no maior prazo de pagamento exeqüível, enquanto o fabricante objetivará a venda do produto no maior preço possível, com o menor custo que se possa conceber e de preferência com pagamento antecipado. Fica fácil ver que esta relação é de difícil estabilidade. Logo o consumidor deixará de ter interesse no produto ou o fabricante de fabricá-lo. O consumidor com receio de não ter mais o produto se predispõem a abrir mão de parte da sua maximização (por exemplo: prazo).

Caso o consumidor não perceba uma reação favorável do fabricante, pode não haver uma segunda compra e o jogo encerra com prejuízo para ambos (sem produto e sem venda). O mesmo acontece caso o fabricante abra mão de parte da sua maximização (por exemplo: liberando crédito) e não sinta uma contra-partida satisfatória do consumidor. Não haverá mais fabricação e o jogo encerra com o mesmo prejuízo para ambos. Imagine, porém que ambos se correspondam satisfatoriamente, cada um abrindo mão de parte das suas maximizações. Nesse caso ambos saem ganhando e o jogo vai se renovando. Um jogo com viés virótico tende a se extinguir facilmente, enquanto práticas simbióticas conferem vida longa
ao jogo. Extrapole agora o exemplo para um mercado com um fabricante (monopólio) ou com poucos fabricantes (oligopólios) e tente imaginar quais seriam as estratégias adotadas pelos consumidores.

No entanto, o mundo real, em uma economia aberta, envolve muitos fabricantes e consumidores, além de produtos concorrentes e substitutos. Portanto há interações muitíssimo mais complexas com leque infinito de estratégias adotadas no sentindo de maximizar os ganhos por ambas as partes. Apesar da complexidade do cenário, as interações são previsíveis, desde que entendamos o “jogo”.

Um pouco de economia na vida dos homens de marketing e P&D é importante para se entender a dinâmica do mercado.


Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Sol e saúde: mitos e verdades

O sol nos últimos anos vem sendo considerado um vilão que causa envelhecimento e câncer de pele além de queimaduras, alergias e também baixa de resistência imunológica.

Esta constatação é baseada em milhares de estudos controlados e consolidados e em centenas de evidências clínicas como, manchas, rugas, flacidez e tumores.

Considerando estas evidências, os dermatologistas vêm há muitos anos insistindo na importância do uso do filtro solar, assim como numa atitude mais cuidadosa em relação à exposição ao sol.

Quando isto parecia estar realmente sendo incorporado, começam a aparecer na mídia reportagens que realçam as vantagens do sol.

Estas grandes vantagens são relacionadas ao potencial da radiação UVB de ativar a vitamina D existente na pele.

É bastante conhecida a importância da vitamina D na saúde dos ossos e para evitar raquitismo e osteoporose.

Na pele, existe uma pré-vitamina D que necessita da radiação UVB para ser absorvida pela pele.

Além dos benefícios que a vitamina D causaria nos ossos, também evitaria o acontecimento de alguns tipos de câncer (intestino, mama, próstata) e também da diabete.

É muito importante entender pelo menos 3 pontos em relação a esta controvérsia.

1. A vitamina D pode ser ativada pelo sol, mas também pode ser suplementada.

Alimentos com cálcio ou vitamina D e também comprimidos com a mesma, normalizam rapidamente os níveis desta vitamina. Também é importante saber que pequena quantidade de exposição solar é suficiente, mesmo com filtro solar já é possível ativar a vitamina D.

2. Os estudos que preconizam o benefício do sol em relação ao aparecimento do câncer são observacionais e não levam em conta inúmeros outros fatores como: latitude, hábitos, idade, alimentação, ambiente, temperatura.

3. É sabido que o sol através da radiação ultravioleta causa efetivamente câncer de pele e envelhecimento.

Alerta

Realçando muito as vantagens do sol, sem enfatizar sua parte negativa é fácil que ocorram erros de interpretação.

O sol não evita outros tipos de câncer.

O sol não evita diabete.

O sol não promove a saúde dos ossos.

O sol não evita fraturas e osteoporose.

O sol em pequenas quantidades ativa a absorção de vitamina D, e que esta sim, pode estar associada às afirmações anteriores.

No entanto, a ativação/absorção isolada da vitamina D também não é suficiente para estas conclusões. Há dependência do nível de cálcio e ambos podem ser suplementados por alimentação ou comprimidos.

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Parabenos, seguros e pesquisados

Os parabenos, provavelmente, foram usados pela primeira vez como conservantes em produtos farmacêuticos e cosméticos nos anos de 1920-30, respectivamente. Quimicamente são classificados como ésteres pertencentes à série homóloga do ácido benzóico, esterificado no C-4, formando os derivados metil, etil, propil, butil, heptil e benzil-parabeno ésteres

Os derivados metil e propil têm sido considerados como os mais usados em produtos cosméticos pelas seguintes razões: largo espectro de atividade antibacteriana, a qual está relacionada ao comprimento da cadeia carbônica lateral e do coeficiente de partição determinado pela composição da formulação, são inodoros, insípidos e inertes, excelente estabilidade térmica e química na faixa de Ph 4,5/7,5,regulamentado pelos órgãos regulatórios e de baixo custo. A estabilidade térmica permite o processo de esterilização, sem perda significativa das atividades antimicrobianas e relativa estabilidade das ligações covalentes presente na formação de moléculas dos ésteres.

Os parabenos, individualmente ou em combinação, têm sido usados na maioria dos produtos cosméticos, nesta seqüência de prioridade: metil > etil > propil > butil > benzil-parabeno. Inúmeros benefícios têm sido atribuídos ao uso dos parabenos em preparações cosméticas.

Do ponto de vista regulatório a legislação vigente na Comunidade Européia permite o uso de parabenos em produtos cosméticos na concentração máxima de 0,4% para cada um de seus derivados e máxima para todos de 0,8% (EU
Cosmetic Directive 76/768/EEC).

Trabalhos têm sido publicados focando assuntos de interesse da academia, órgãos regulatórios e setor regulador, onde são abordados e revistos os ensaios necessários à avaliação de segurança dos parabenos utilizados em preparações cosméticas e outros usos, bem como a novas pesquisas, naturalmente, em razão da própria evolução dos conhecimentos adquiridos na área das ciências toxicológicas e afins.

Dados relativos à distribuição, absorção, metabolização e excreção são importantíssimos na avaliação de toxicidade do ingrediente cosmético (qualquer xenobiótico), pois a partir dos resultados obtidos com os ensaios desenvolvidos fluem dados para a avaliação deste e do produto final.

No caso dos produtos cosméticos a pele tem merecido especial atenção, pois, indubitavelmente, representa a grande área de exposição aos cosméticos. Os parabenos são bem absorvidos através da pele e, em seguida, metabolizados pelas esterases, de forma completa ou não, em razão de uma série de fatores inter-individuais e intrínsecos pertinentes a própria preparação. Estudos de metabolização in vitro mostraram que 30% do propil parabeno, aplicado na pele intacta de rato, foram absorvidos: esta concentração, após 8 horas, atingiu valores correspondentes a 60% (J Appled Tox 24:5- 13,2004, Int J Cosm S 29:361- 367, 2007, Bloch Pharmac 74:932-939, 2007).

Os parabenos quando aplicados na pele humana e de porcos-da-índia foram absorvidos e metabolizados, de maneira similar ao ácido 4-hidroxi- benzóico. Este trabalho deixa claro que os porcos-daíndia são adequados para a avaliação da absorção e metabolização dérmica dos parabenos, embora os perfis da carboxilase da pele humanos e porco- da-índia se diferem.(Tox and Appl Pharmacol 225:221- 228, 2007).

A avaliação de segurança dos parabenos foi discutida de maneira bastante criteriosa por Soni e cols., envolvendo o consumo, a exposição, dados bio-toxicológicos, observação em humanos, avaliação do risco e assuntos regulatórios e assuntos recentes, tais como atividade estrogênica, teratogenicidade e toxicologia da reprodução e desenvolvimento. Os autores concluíram: os parabenos fazem parte da história dos conservantes; a avaliação dos possíveis danos à reprodução e sugestão do potencial envolvimento dos parabenos no câncer de mama, com base nos estudos publicados e disponíveis, são duvidosos.

Protocolos e estudos bem delineados certamente trarão à tona o que a arte procura e espera das ciências toxicológicas - análise do risco x benefício e a segurança do usuário. (Chemical Research in Toxicology 19(8): 977-981, Food and Chemical Toxicology 43:985-1015, 2005).

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Eficácia de produtos capilares

Toda vez que precisamos avaliar o resultado de algum produto em relação a sua função estética ou cosmética, nos defrontamos com questões por demais subjetivas e que nos remetem a testes nem sempre padronizáveis ou de reprodutibilidade duvidosa.

Felizmente alguns desses ensaios já foram amplamente estudados e podem ser usados na nossa rotina de trabalho, especialmente quando do confronto por dúvidas em atributos. Falaremos, de modo didático, dos testes disponíveis no mercado brasileiro e internacional, de suas vantagens e de seus pontos fracos.

Testes subjetivos

Neste grupo podemos citar o painel treinado ou grupo de voluntários para avaliar, em condições normais de uso, a eficácia de determinado produto.

Um técnico especializado pode conduzir um teste de meia cabeça cujo protocolo deve ser bastante acurado como quantidade de produto aplicado, tempo de massagem, tempo de permanência no cabelo e tempo de enxágüe.

Em seguida são avaliadas as seguintes características:

1. Espuma característica do couro cabeludo, formulação (tensoativos) e água (mole ou dura)

2. Tipo de bolhas, duração, sensação ao toque

3. Detergência e limpeza

4. Facilidade de uso

5. Espalhamento do produto

6. Facilidade de eliminação pela água fria e morna

7. Tempo de secagem a frio e com secador

8. Sensação do cabelo e condicionamento

9. Brilho

Testes objetivos

• Instrumentais: Os testes instrumentais baseiam-se em provas feitas sobre cabelos padronizados (mechas).

Como há muitos vieses, é importante tomar alguns cuidados como:

1. Considerar a resposta de vários testes na avaliação final

2. Mechas certificadas não tratadas quimicamente, orientação da raiz à ponta e com ondulação natural

3. Medir a dimensão da fibra para estudos fibra-a-fibra

4. Confiabilidade na resposta

5. Relação quantidade aplicada e produto/cabelo baseado na condição teste realista ou exagerada

6. Distribuição uniforme do produto na mecha

7. Controle do tempo de contato do produto com cabelo

8. Enxaguar o cabelo com água corrente à temperatura Ambiente

9. Teste em temperatura e umidade controladas

10. Emprego de tratamento estatístico dos dados

• Ensaios mecânicos: O cabelo é um fio resistente que tem uma carga de ruptura de 12 kg/mm2. Podemos utilizar um dinamômetro adaptado para testar a tensão de ruptura, elasticidade, penteabilidade e desembaraçamento dos cabelos antes e depois da aplicação de algum produto.

• Sensores piezoelétricos: Para mimetizar uma análise sensorial podemos utilizar este tipo de instrumental, onde um sensor no braço mecânico entra em contato com a mecha estudada e reflete dados como percepção tátil, condicionamento, limpeza e rugosidade da superfície. O senão é que os resultados são expressos em valores arbitrários.

• Goniofotômetro: Para estudar o brilho que um ativo pode fornecer aos cabelos, precisa-se entender que brilho é reflexo de luz. Assim a regularidade da superfície e o ângulo de incidência (o mais próximo da reflexão da luz) vai fornecer maior brilho. O goniofotômetro é um detector móvel da luz refletida em vários ângulos do espectro de reflexão da amostra.

• Quantificação da perda de proteína: Utiliza-se este teste para verificar quanto o cabelo perdeu de proteína antes e depois de um tratamento. Fragmentos de mechas de cabelo padronizados, previamente tratados, são colocados em água destilada e é feita agitação em shaker. Após, é feita filtração e leitura da água de lavagem e a seguir estabelecesse a reação da proteína liberada com o reagente fosfomolibídico-fosfotungístico (Reagente de Folin-Fenol) em meio alcalino. O átomo de cobre se liga a quatro resíduos de aminoácidos, produto de cor azul e a leitura se faz no espectrofotômetro.

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Determina a forma do material (condições morfológicas da superfície do cabelo) e tamanho das partículas. É muito empregada para se estudar as escamas da cutícula da haste. As amostras devem ser espessas e não transparentes. A amostra é recoberta com película de carbono/ouro. A condução da corrente elétrica através de um alto vácuo passa através de um feixe de elétrons. O seu espalhamento é medido por um detector de imagem. Pode ser usado para se medir o efeito condicionamento (efeito suavizante), o reforço das escamas e a adesão ao folículo piloso.

• Microscopia de Força Atômica (MFA) Visualização microscópica de amostras em condições ambientais ou solução. Aplica-se na sonda que, ao contato físico com a amostra provoca uma deflexão da sonda que é medida pelo software do computador, criando uma imagem. Esta imagem reflete a distribuição de cargas elétricas e a força do sensor para percorrer a amostra.

Utiliza-se este teste para relacionar o efeito condicionante ou antiestático do produto capilar.






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