Neurocosméticos / Produtos Infantis / Congresso IFSCC

Edicao Atual - Neurocosméticos / Produtos Infantis / Congresso IFSCC

Editorial

Para não ser esquecido

Num clima de expectativa e perspectivas incertas, devido à crise que assola a economia mundial, a pergunta é:

- Esse fim de ano é para ser esquecido?

A resposta é:

- Não.

Justifico dizendo que períodos de dificuldade podem reverter em oportunidades, com o surgimento de novas idéias e atitudes. Portanto – e sem que isso represente um exercício de masoquismo explícito - devemos viver intensamente os momentos de crise, na busca de alternativas para os nossos negócios.   Mais uma vez, a Cosmetics & Toiletries (Brasil) está rica em seu conteúdo. A começar pela matéria de capa, com os neurocosméticos que já representam um passo à frente nos produtos de beleza. Na coluna da Abihpec, João Carlos Basílio dá algumas dicas para enfrentar a crise, enquanto Carmita Magalhães sugere outras, a respeito do que cheirar nesse final do ano. Como já é tradicional, nesta edição são publicados os abstracts de trabalhos apresentados no Congresso da IFSCC, os quais ressaltam, com muita ênfase, o “claim support”, revelando a grande preocupação com consumidores em todas as partes do mundo – e como disse Emiro Khury, “a distância entre os objetivos dos formuladores e os do público final está cada vez menor”. Outros assuntos interessantes são abordados nos artigos técnicos e nas demais seções. Tenho certeza de que são de seu interesse.

Boa leitura!
Hamilton dos Santos
Editor

Nanopartículas de Sericina no Tratamento Cosmético de Cabelos - Amanda G Marcelino, Marcos R Rossan, Maria HA Santana (Fac. de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas SP, Brasil) Jéssica EPS Silveira, Maria DCV Pereda, Cecília Nogueira (Chemyunion Química Ltda., Sor

A sericina, proteína globular da seda, foi utilizada no preparo de nanopartículas catiônicas (100 nm) para aplicação no tratamento cosmético dos cabelos. A superioridade dos cabelos tratados com as nanopartículas foi demonstrada por meio de análises sensorial, brilho, diminuição do volume e por meio das imagens de cabelo obtidas por SEM.

La sericina, proteína globular de la seda, fue utilizada en el preparo de nanoparticulas catiónicas (100 nm) para aplicación en el tratamiento de los cabellos. La superioridad de los cabellos tratados con las nanoparticulas hay sido demuestrado por medio de analisis sensoriales, brillo, disminuición del volumen y por medio de las imagens de cabello obtenidas por SEM

Silk sericin, a globular protein, was used in the preparation of cationic nanoparticles (100 nm) for application in hair cosmetic treatment. The superiority of the hair treated with nanoparticles was demonstrated through sensorial, brightness and volume decrease analysis and through the hair images obtained by SEM.

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Aspectos do Desenvolvimento de Cosméticos Infantis - Rita Isabel Carinhato (Biocenter Centro de Excelência de Qualidade em Microbiologia, São Paulo SP, Brasil)

A formulação de produtos para bebês e crianças exige cuidados especiais. Neste artigo a autora faz uma revisão de aspectos gerais e, principalmente, de ordem regulatória relativa à esses produtos.

La formulación de productos para bebes y niños exige cuidados especiales. En este artículo la autora hace una revisión de los aspectos generales y, principalmente, de orden regulatorio involucrados con estos productos.

The formulation of products for babies and children require special cares. In this article the author makes a review of the general aspects and, mainly, the regulatory ones related to these products.

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Aprimorando Sensorial de Óleos Vegetais com Adição de Silicone - Anne-Lise Girboux e Emilie Courbon (Dow Corning SA, Seneffe, Bélgica)

A adição de silicone aos óleos naturais pode reduzir a tensão superficial, melhorando a espalhabilidade. Esse processo permite o desenvolvimento de formulações com perfil sensorial aprimorado, além de expandir as oportunidades de uso para estes ingredientes naturais.

La adicción de la silicona a los aceites naturales puede reducir la tensión superficial y mejorar el esparcimiento. Este proceso permite el desarrollo de formulaciones con perfil sensorial aumentado, además de ampliar las oportunidades de uso para estos ingredientes naturales.

Adding silicone to natural oils can reduce surface tension thus improving spreading characteristics. This results in finished formulations with improved sensory profiles and in addition, expands on the opportunities for using these natural ingredients.

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Argilas e Argilominerais em Produtos Cosméticos: Talco - P Souza Santos, RA Hanna, AC Vieira Coelho(Escola Politécnica - USP, São Paulo SP, Brasil) Helena de Souza Santos (Instituto de Física - USP, São Paulo SP, Brasil)

Este artigo visa apresentar e discutir aspectos físico-químicos e estruturais das propriedades do mineral e da rocha “talco” que são pertinentes e fundamentais para o emprego desse material num grupo de produtos cosméticos.

Este artículo tiene el objetivo de presentar y discutir aspectos físicoquímicos y estructurales de las propiedades del mineral y de la roca “talco” que son pertinentes y fundamentales para el empleo de ese material en un grupo de productos cosméticos.

This article intents to present and discuss the physical-chemical and structural aspects of the mineral and talcum rock mineral related and necessary for this material use in certain kind of cosmetic products.

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Notícias da Abihpec por João Carlos Basilio da Silva

Remando contra a maré

Após um longo período sem escrever em revista alguma, volto para falar com você sobre o momento que estamos vivendo e as perspectivas do nosso setor até o final deste ano.

Ouço muitas pessoas comentarem “que nada mais nesse mundo me surpreende” mas, o que aconteceu no mundo dos negócios, em setembro e outubro, acho que nenhum de nós poderia sequer imaginar.

Temos ainda que nos preocupar com o que está por vir, pois provavelmente poderá nos pegar, caso não estejamos bem-preparados. Os rumores e o comportamento dos mercados, no mundo inteiro, mostram grandes volatilidades, mudanças radicais em seus procedimentos e perspectiva de recessão nos mercados dos países chamados de primeiro mundo. Sempre aprendi com a vida que, em momentos de crise, se soubermos entendê- la e também bem-interpretá- la, poderemos encontrar boas oportunidades para os nossos negócios.

O Brasil, através de diversos órgãos de pesquisa, está lançando no mercado resultados de pesquisas que mostram mudanças substanciais em nossa sociedade. Novas camadas sociais estão se inserindo no mercado de consumo. Mudanças significativas estão ocorrendo nas diversas faixas etárias da população brasileira. Hábitos de comportamento completamente diferenciados, até alguns anos adotados por grupos tão pequenos, que muitos de nós nem prestávamos atenção, hoje fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Estou me referindo ao número de casais jovens sem filhos, pessoas morando sozinhas,consumidores de meia idade com alta renda e por aí vai. Mudanças significativas em pessoas com idade acima de 50 anos, se comportando como se tivessem 30 (a Madonna é um bom exemplo).

Com todas essas informações disponíveis, a Abihpec, com o apoio da ABDI e do Sebrae, está lançando o primeiro Caderno de Tendências 2008/2009 no qual é possível encontrar todas essas e outras informações, com mais detalhes. O trabalho ficou muito bom: tenho certeza que você vai aproveitar muito e talvez possa desenvolver produtos para nichos de mercado que venham a ser importantes em seu faturamento no curto prazo. Esperamos que cumpra o papel de fonte inspiradora, principalmente para pequenas e médias empresas.

Com esse final de ano absolutamente imprevisível (enquanto escrevo o dólar está sendo cotado a R$ 2,35 e quando esta revista circular não faço a menor idéia de quanto estará), fica difícil falar em previsão do desempenho do setor. Porém, posso afirmar que a introdução da Substituição Tributária, principalmente em São Paulo, fará com que o crescimento do setor, que nos últimos 12 anos foi de 10,9% ao ano, deflacionado, fique abaixo da casa dos dois dígitos. Perdemos praticamente o mês de fevereiro, quando do início de sua vigência, pela necessidade de negociar, com clientes, a nova modalidade de cobrança de impostos implantada muito em cima da hora. Muitos tiveram o mês de março também parcialmente comprometido. Caiu o nosso índice de contratação de novos empregados, que historicamente esteve acima de 8,0% ao ano, para algo próximo da casa dos 3,0%, em um ano no qual economia vai fechar com o setor industrial tendo um dos melhores desempenhos nas últimas décadas.

O que fica claro agora, no momento que foi atribuída à indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos a responsabilidade pelo integral recolhimento de todos os impostos estaduais, é que esta é excessivamente alta. Para que você possa ter idéia, enquanto amargamos percentuais medíocres de crescimento, refletindo em menos emprego e menor desenvolvimento, a Secretaria da Fazenda aumentou a sua arrecadação no setor de HPPC em 211,7%, somente no primeiro semestre deste ano. O mês de junho deste ano comparado com o mesmo mês do ano passado teve crescimento de 606%.

Precisamos nos mobilizar para reduzir de forma significativa a carga tributária em nossa indústria. O Paraná encaminhou um projeto de Lei para a Assembléia Legislativa que vai nessa direção. O momento é este: não podemos continuar suportando impostos tão altos que acabam por inviabilizar nossas operações, seja no pequeno comércio ou mesmo em indústrias de médio porte. Vamos nos unir nesta grande cruzada.

Carlos Alberto Pacheco
Mercado por Carlos Alberto Pacheco

Valor de uso e valor real, semelhanças e diferenças

Em tempos de crises e oportunidades, como a que vivemos neste ainda não terminado ano de 2008, e que promete se arrastar por todo o ano que chega, reflexões sobre alguns conceitos de marketing se fazem necessárias a fim de verificar se estamos conseguindo enxergar, com a devida nitidez, o cenário que se apresenta no meio desta enorme cortina de fumaça.

Quando o assunto é o bolso, logo vem à mente a idéia de “valor de uso” e “valor real”. Embora ambas as palavras aparentemente acabem se encontrando para explicar um produto final, elas seguem por caminhos diferentes e acabam revelando conceitos muito distintos, embora extremamente ligados e, por isso, merecem a nossa consideração.

Sendo o produto um meio concreto de satisfazer as inesgotáveis necessidades humanas, forçosamente ele apresenta um valor de uso (intangível) e, uma vez que lança mão de recursos (material, tempo, expertise etc.), inegavelmente tem um custo, que gera um preço quando se agrega o lucro, e embora arbitrário e dependente do valor de uso, se traduz num valor numérico, quantitativo, chamado dinheiro, que é o seu valor real (tangível). O termo é infeliz, pois por “real” se entende algo absoluto, definitivo, claro, e o custo/preço de um produto não é de fato algo real.

De qualquer maneira, independentemente das nomenclaturas ora apresentadas, o fato é que um produto carrega inexoravelmente esta característica dualística em sua gênese: o tangível e o intangível, e que é impossível separá-las pois, no momento da escolha entre este ou aquele produto, estes conceitos estarão guerreando, a favor ou contra, dentro da mente do consumidor.

Por “valor de uso”, parte mais difícil de se definir de um produto, pode-se entender tudo aquilo que possa ser agregado ao que é valor para quem consome. Os apelos de marketing, nas cores dos produtos, podem invocar lembranças agradáveis, bem como o odor e o toque. Até o som das marcas e os logotipos em alguns casos podem ser agregados ao valor de uso para determinado grupo de consumidores. Jingles, peças publicitárias, personagens associados à marca são formas de fixar ou diferenciar o valor de uso de um produto e, quando bem colocadas, aumentam as chances de sucesso ou até mesmo a sua permanência no leque de compras do consumidor. Qualquer deslize, em algum destes pontos, pode enterrar de vez um produto.

Consegue o leitor imaginar uma propaganda semelhante à veiculada em 1976 pela marca de cigarros Vila Rica, onde Gérson, tricampeão da seleção brasileira de futebol, atirava ao ar em cadeia nacional a célebre frase “Você também gosta de levar vantagem em tudo, certo?” realizada por uma empresa que reza pela cartilha do politicamente correto ou socialmente responsável? Seria um contra-senso cognitivo com um
público que prestigia o bem-estar.

Um logotipo que lembre vagamente as formas da suástica nazista em um produto infantil ou embalagens que no seu formato remetam à idéia de edifícios similares a usinas nucleares não teriam vez num mundo moderno.

É importante estar atento a estes aspectos, principalmente em se tratando de marcas globais, a fim de não enfrentar barreiras do inconsciente coletivo do seu público alvo local. Esta é a função dos painéis de pesquisas realizados por grupos de pessoas de vários extratos sociais e de diversas formações culturais que no conjunto podem formar uma excelente amostra da cultura, usos e costumes locais.

Ao incluir pessoas de ambos os sexos evita-se a não-percepção negativa ou positiva que este grupo pode contribuir para o desempenho da marca, assim como ao reunir pessoas das várias faixas etárias contribui para avaliar os riscos de percepção da memória cultural deste mesmo público.

Entretanto, o “valor real” deve ser valorado de acordo com o “valor de uso”, pois uma percepção de “valor de uso” elevada pode significar por parte do consumidor uma predisposição positiva de desembolso maior pelo produto. É o caso do uso de personagens associados às marcas.

Consumidoras de artigos de escritório não se importam em pagar a mais por uma caneta, blocos de papel, réguas etc. se estes vierem estampados com os seus personagens favoritos, que remetam a um momento agradável da infância.

Mesmo que a estratégia não seja a de aumentar o “valor real” do produto, a mesma percepção pode dar vazão a várias estratégias de sua penetração no mercado.

Pensar em termos de “valor de uso” e “valor real” pode tirar os homens de marketing da mesmice de que apenas produto barato é o que se vende de fato, levando-os para um estágio criativo e inovador, além de assegurar um volume de dinheiro a mais no seu faturamento mensal.

Cristiane M Santos
Direito do Consumidor por Cristiane M Santos

20 anos de Constituição

Há pouco mais de 20 anos, o Brasil vivia um momento histórico: era promulgada a Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988.

Com todas as suas imperfeições - que materializaram os acordos possíveis e os ideais, muitas vezes utópicos, na época – esta Carta Magna foi, sem dúvida, um marco legal da democracia do país que acabava de sair de uma ditadura militar.

Apesar das barreiras impostas ao desenvolvimento econômico, transpassadas por tantas emendas, a nova Constituição propiciou ao país estabilidade política e garantia aos direitos fundamentais.

Dentre as grandes conquistas, podemos destacar:

- Voto direto para escolha do presidente da República – antes era eleito por deputados e senadores.

- Voto universal: inclusão dos maiores de 16 anos e dos analfabetos – até então só votavam os alfabetizados maiores de 18 anos.

- Direito de receber um salário mínimo na velhice ou em casos de incapacidade, mesmo sem ter contribuído para a Previdência Social – além disso, foi instituído um salário mínimo como valor-base recebido pelos aposentados.

- Redução da carga horária de trabalho de 48 para 44 horas semanais; abono de férias e extensão da licença maternidade.

- Instituição da Defensoria Pública (direito de se ter um defensor pago pelo Estado) e maior poder ao Ministério Público (que pôde investigar melhor os crimes de corrupção).

- Separação, autonomia e igualdade entre os três Poderes: Legislativo (definir as leis), Executivo (executá-las) e Judiciário (cuidar para que sejam respeitadas).

- Liberdade sindical – antes só era possível se juntar a sindicatos aprovados pelo governo.

- Obrigatoriedade do Estado de aplicar um percentual do seu orçamento em Educação e Saúde – criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

- O racismo tornou-se crime inafiançável.

- Maior proteção ao meio ambiente: os agressores passaram a ser responsabilizados.

- Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Além dos então “novos” direitos elencados, destaco o artigo 5º, inciso XXXII, que reza:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXII – O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.

A partir daí, foi implementada no Brasil a defesa do consumidor, matéria que foi posteriormente regulamentada pela Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

A Constituição Federal garantiu ao Código de Defesa do Consumidor o status de uma ordem pública e de interesse social – o que significa ser inderrogável mesmo por vontade dos interessados em determinada relação de consumo.

Durante esses últimos 20 anos, mais de 62 emendas foram incorporadas ao texto original, muitas criadas para corrigir os erros econômicos - que impediriam o crescimento do país – e garantir a exploração de nosso imenso potencial econômico.

E analisando todas as suas conquistas e imperfeições, a Constituição Federal de 1988, sem dúvida, foi funcional e fundamental para a construção do Brasil em que vivemos hoje.

Assuntos Regulatórios por Luiz Brandão

Usando as listas proibidas e restritiva

Uma das dificuldades no momento da preparação do processo para a notificação ou registro de produto está na exata verificação das listas proibida e restritiva, oficializadas pelas RDC 48/2006 e RDC 215/2005, respectivamente.

Nesta oportunidade, vamos analisar alguns erros cometidos por quem atua nessa área.

A lista “proibida” na União Européia apresenta 1.328 itens, enquanto somente 421 “substâncias” estão listadas no Dicionário do CTFA e no Inventário Europeu (CosIng).

Essa lista contém alguns itens que podem não ficar muito claros quanto à sua aplicabilidade.

Exemplos:

- Células, tecidos e produtos de origem humana (cells, tissues or products of human origin): Cocodimonium Hydroxypropyl Hydrolyzed Hair Keratin, Hair Extract, Hair Keratin Amino Acids, Human Oligopeptide-1, Human Placental Enzymes etc.

Nesse caso, quando aparece a expressão “human” fica claro a origem humana; porém, quando aparece a expressão “hair” isso não acontece. “Hair” em inglês significa cabelo humano. Em português, cabelo pode ter uma definição mais ampla, incluindo pêlo de animais.

- Glicocorticóides (Glucocorticoids): Hydroxycortisone Succinate, Hydrocortisone Acetate. Somente alguém familiarizado com farmacologia ou química farmacêutica poderia identificar esses ingredientes como glicocorticóides.

- Dialcanolaminas secundárias e seus sais (Secondary alkyl and alkanolamines and their salts): DEA-Cetyl Sulfate, DEA-Cocoamphodipropionate, DEA-Dodecylbenzenesulfonate etc.

- Nonylphenol [1]; 4-Nonylphenol, branched [2] (somente na lista européia): Nonoxynol-1, Nonoxynol-10, Nonoxynol- 10 Carboxylic Acid etc.

- Selênio e seus compostos, com exceção do dissulfeto de selênio sob as condições estabelecidas em outras listas de substâncias (Selenium and its compounds with the exception of selenium disulphide under the conditions set out under reference n. 49 in annex III, Part 1): Saccharomyces/Selenium Ferment, Saccharomyces/Zinc/Magnesium/Calcium/Germanium/ Selenium Ferment, Selenium Aspartate etc.

Igualmente na lista “restritiva”, a União Européia apresen- ta 184 “itens”, enquanto 306 “substâncias” estão listadas no Dicionário do CTFA e no Inventário Europeu (CosIng). Como no caso anterior, a descrição do item não é muito específica, exemplos:

- Dialquilamidas e dialcanolamidas de ácidos graxos (Fatty acid dialkylamides and dialkanolamides): Cocamide DEA, Almondamide DEA, Oleamide DEA, Olivamide DEA etc.

- Monoalquilaminas, monoalcanolaminas e seus sais (Monoalkylamines, monoalkanolamines and their salts): Ethanolamine, Ethanolamine Thioglycolate, Aminoethyl Propanediol, Aminomethyl Propanediol, Aminomethyl Propanol etc.

- Trialquilaminas, trialcanolaminas e seus sais (Trialkylamines, trialkanolamines and their salts): Triethanolamine, TEA-Dodecylbenzenesulfonate, TEA-Lauryl Sulfate etc.

- Poliacrilamidas (Polyacrylamides): Acrylamide/Sodium Acryloyldimethyltaurate Copolymer, Acrylamide/Sodium Acryloyldimethyltaurate/Acrylic Acid Copolymer, Acrylamidopropyltrimonium Chloride/Acrylamide Copolymer, Polyacrylamide etc.

Além desses ingredientes, temos uma lista que a princípio não idenficariamos como sendo poliacrilamidas: Polyquaternium- 5, Polyquaternium-32, Polyquaternium-33, Polyquaternium- 39, Polyquaternium-43, Polyquaternium-53, Polyquaternium- 63, Polyquaternium-7. Meu conselho é para cada matéria-prima nova fazer uma análise para saber se algum dos ingredientes (se for mistura de ingredientes) está contemplado nas listas, tanto no Brasil como na Europa. Isso tudo para que, se no futuro, a empresa for exportar, não tenha necessidade de modificar as fórmulas e registrar/notificar novamente o produto fabricado com elas.

Em conjunto com a Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC) estaremos fazendo a atualização do Índex ABC – 2.ª edição (2000). As empresas-fabricantes ou distribuidoras de matérias-primas que não receberam comunicado da ABC solicitando o envio de lista de ingredientes, poderão fazê-lo através do e- mail diana@abc-cosmetologia.org.br, até 15 de dezembro de 2008.

Carlos Alberto Trevisan
Boas Práticas por Carlos Alberto Trevisan

Custo versus benefício

O título desta coluna, aparentemente, pode ser considerado estranho quando se trata das Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFeC). Alguns até poderão dizer que há alguma incongruência nessa afirmação, pois a aplicação das boas práticas sempre irá trazer benefícios.

Embora seja defensor dessa tese, até por dever de ofício, fiquei pasmo quando, durante uma apresentação da técnica das BPFeC, um participante, ao avaliar algumas das recomendações que fiz, reagiu com o seguinte comentário:

- Mas antes da sua implantação deve se levar em conta o custo versus benefício.

Após alguns instantes, para que pudesse me recuperar do susto, respondi:

- Mas qualidade não é benefício.

Cito este acontecimento como testemunho do que venho afirmando na maioria dos textos desta coluna.

Quando afirmo convicto que as BPFeCs quando são implementadas na maioria das empresas o são por imposição dos órgãos reguladores, muitos discordam dizendo que não é verdade.

Nossa experiência mostra que a maioria das empresas ainda tem uma noção distorcida da realidade quando dizem que como não recebem reclamações de seus clientes, ou se recebem são em número estatisticamente não-relevante, o nível de qualidade de seus produtos está adequado.

A tendência de se considerar os valores financeiros requeridos pela implantação das BPFeCs como custo está ainda muito arraigada; a tal ponto de ao visitar uma empresa e comentar as necessidades de adequação, invariavelmente, as perguntas são:

- Temos mesmo que fazer isso?

- Qual o dispositivo legal que nos obriga a cumprir essa exigência?

Ou escutamos afirmações do tipo:

- Faz tanto tempo que não recebemos inspeção sanitária e, quando da última vez, nada foi comentado.

- Estamos no início, mas quando a empresa crescer faremos o que for necessário.

Voltando ao custo versus benefício, ainda estamos pesquisando para encontrar uma justificativa de como alguém em sã consciência pode considerar a utilização dessa ferramenta como apenas custo que não traz benefício.

Com freqüência converso com profissionais das várias áreas do comportamento na tentativa de encontrar uma justificativa para essa atitude, mas até o presente momento não foi possível.

A justificativa mais plausível é que as pessoas, quer na sua individualidade, quer quando personificam a empresa, não admitem que seu trabalho não seja de boa qualidade.

Esta consideração foi comprovada por mim quando, em conversa com o proprietário de uma empresa, ele afirmou:

- A operação na minha empresa já alcançou alto nível de qualidade e estou satisfeito com isso. Se eu participasse de cursos e seminários sobre esse tema estaria dando testemunho perante os meus concorrentes de que o nível de qualidade da minha empresa ainda não é o suficiente.

Pode o leitor avaliar o que senti ao ouvir este impropério?

Se o prezado leitor considera esta narrativa um exagero de minha parte e algo incomum, posso afirmar de que se trata de um conceito generalizado e, muitas vezes, aceito por pessoas envolvidas em supostos programas da qualidade.

O quadro fica ainda mais crítico quando colaboradores da empresa estão participando de treinamento e no intervalo se aproximam e comentam:

- Que bom se meu chefe ouvisse isso...

Quando ouço essa afirmação, o primeiro impulso contido é de dizer ao interlocutor para que vá buscá-lo, mas a prudência me impede de fazer isso.

Portanto, prezado leitor, ainda ficou alguma dúvida se é custo ou é benefício?

Denise Steiner
Temas Dermatológicos por Denise Steiner

Manchas

Não há dúvida de que as manchas de pele são causadoras de sérias angústias durante quase todas as fases da vida, pois influenciam na aparência da pessoa. Todos nós buscamos cuidar da estética em vista da sua crescente valorização, havendo grande preocupação com relação às manchas de pele.

As manchas dividem-se em escuras, como melasma e melanose, e castanhas, pretas ou brancas, como vitiligo e micoses. A melanose solar ou senil apresenta manchas de cor castanho-claro, escura ou negra, principalmente no dorso das mãos, braços, antebraços e face. São decorrentes do aumento da ação cumulativa do sol na pele, observadas em pessoas claras após a terceira década de vida.

A recomendação é usar filtro solar várias vezes ao dia para evitar que as manchas apareçam. Quando elas já se fazem presente, cremes à base de ácidos, agentes clareadores e peelings são tratamentos interessantes para sua retirada. Para eliminar as marcas da pele, o laser também é um método eficaz.

Melasma ou cloasma é uma alteração da pele caracterizada por manchas escuras que ocorrem na face, quase sempre em mulheres. Surgem após exposição solar, gravidez ou terapia hormonal. Tendência genética e característica racial influenciam no aparecimento do melasma. São freqüentes as manchas nas maçãs do rosto, testa, nariz, lábio superior e têmporas. O tratamento implica o uso de bloqueadores solares potentes e substâncias despigmentantes como hidroquinona e ácidos. Peelings superficiais podem colaborar no processo. Facilita a penetração dos despigmentantes e removem o pigmento da pele.

Outro tipo comum de mancha são as brancas decorrente de uma infecção causada por um fungo chamado Malassezia furfuur. A doença apresenta manchas de cor variável, assintomáticas e com leve descamação na superfície. O fungo produz uma substância de ação tóxica que destrói o pigmento da pele temporariamente. Freqüente em regiões de clima quente e úmido acomete adultos de ambos os sexos e está associada à umidade, o uso de roupas sintéticas, praias, piscinas e estresse.

Combater a umidade e utilizar antifúngicos tópicos e sistêmicos acabam com o problema. Como as manchas podem persistir por meses após o tratamento, a repigmentaçao deve ser estimulada pela exposição à luz solar.

Um dos tipos mais preocupantes é o vitiligo. Difícil de tratar, são manchas acrômicas (sem cor), de tamanho e forma variados, que se espalham por todo o corpo sem apresentar nenhum outro sintoma. É resultante de um defeito na célula que produz a melanina, o chamado melanócito. Não é contagioso e acomete pessoas de todas as idades, com maior incidência entre os jovens. Traumas físicos e/ou emocionais parecem ter papel fundamental no vitiligo. Não é raro o doente relatar o surgimento das primeiras manchas após choques emocionais graves. Observa- se uma relação direta entre o estresse e o aumento do número de manchas brancas. O curso da doença é imprevisível. A repigmentação espontânea das lesões poderá ocorrer em 10 a 20% dos pacientes.

Medicações tópicas e de uso sistêmico são utilizadas com o propósito de estimular os melanócitos.

Cremes com corticóides e banhos de luz têm bons resultados a longo prazo. Drogas que regulam a imunidade da pele têm sido usadas topicamente com resultados promissores. O uso de cosméticos para disfarçar as manchas é comum. Permitem excelente resultado estético e melhor convivência social com a doença, atenuando os efeitos emocionais negativos.

As manchas senis são manchas brancas em gotas de 2 a 5 mm de diâmetro e ocorrem em áreas expostas da pele pela ação cumulativa da luz solar, após os 30 anos. Surgem principalmente nos membros superiores e inferiores, com evolução crônica, sem tendência à malignidade.

O tratamento é difícil. Estimular a coloração da pele com terapias à base de nitrogênio líquido e microabrasão da pele são as opções possíveis para tentar reverter o quadro. O ideal é prevenir novas manchas usando protetor solar de amplo espectro.

Fragrâncias por Carmita Magalhães

Bom cheiro para você!

Mais uma edição, mais um especial, pois este período do ano é um momento importante! Compartilhar, comemorar, festejar, em família ou entre amigos a chegada do Natal e a virada do ano.

Então, uma vez mais, vou deixar para a próxima edição a sequência da coluna sobre as Águas de Colônias... e espero que você me perdoe.

Para mim a chegada do final do ano é um momento importante e paradoxal. De um lado pode-se dizer que é uma passagem de tradições, emoções e lembranças através das festas de final de ano. Este é um momento de felicidade, que é dividido com pessoas queridas. Por outro lado, é o período da chegada de muitas novidades, que movimentam o comércio, trazendo diversas inovações na moda, na perfumaria, etc.

Nesse momento podemos exercitar o nosso “nariz”, seja através das lembranças olfativas da nossa infância, dos nossos costumes e gostos pessoais. Cada um com a sua experiência de vida deveria relembrar...

Somos alunos e professores ao mesmo tempo! Aprendemos com os nossos ancestrais as estórias da família e ensinamos para os nossos filhos e sobrinhos, acrescentando mais sabedoria.

Aproveite o Natal para relembrar sensações, uma vez que é um período farto em termos olfativos. Podemos cheirar produtos de qualidade, que não estão presentes no nosso diaa- dia, seguindo o lema: eu existo, eu respiro!

Imagine a multidão de novas sensações.

No Natal, “existir” é ficar mais feliz, mais alegre, mais carinhoso, mais disposto, mais atento, mais alerta.

“Respirar”, aqui no Brasil, é aguardar a chegada do verão, é sentir o cheiro da chuva no fim de tarde, da terra molhada, dos verdes intensos da Mata Atlântica, da praia (protetor solar, caipirinha, batida de coco, picolé rochinha...), do café da manhã (café bolos e sucos fresquinhos, pão na chapa...), das frutas (frutas secas, uva, nectarina, ameixa, até as que temos somente nesta época, como a cereja) e outros cheiros presentes na farta mesa brasileira de Natal (peru, tender, pernil, rabanada, panetone, nozes, cassata, etc), das mesas floridas, da mesa da ceia...

Esses são alguns exemplos que obtive com meus amigos brasileiros. Pense nos cheiros do seu Natal... Por exemplo, os odores do meu Natal, são um pouco diferentes dos brasileiros, mas acho que vale a pena compartilhá-los com você: cheiros de inverno, lareira, maçãs assadas, rabanadas com açúcar e canela, pudim português, buche de Noel, fois gras, peru, pratos de frutos do mar, sobretudo ostras, vinho quente, marrom glacê, trufas de chocalate, castanhas assadas, frutas secas... Diria que o cheiro do Natal está enquadrado no tema gourmand (que em francês quer dizer guloso), ou seja, aconchegantes, doces, confortáveis.

Portanto, esse momento de compartilhar, é também de dedicar um pouco mais de atenção às sensações sensoriais, de se concentrar no olfativo, de prestar atenção ao arredor de você, nas coisas do dia-a-dia. Os cheiros que você descobre sozinho são os cheiros que ficarão guardados no seu inconsciente, os quais você sempre se lembrará.

A virada do ano é um momento de equilíbrio. Vale a pena realizar um balanço do ano, dos feitos, das realizações, de eleger seus novos objetivos e desejos. E, para quem tiver interesse, pode fazer esse mesmo exercício para os cheiros: o que eu sei, o que redescobri, o que aprendi e o que gostaria de aprender no próximo ano.

É um tempo para lembrar, analisar e progredir!

Como já comentei que essa época do ano nos coloca em contato com diversos cheiros e sensações, aproveite esse momento olfativo intenso!

Fazendo um apanhado do ano, falamos que perfumaria é antes de tudo comunicação, seja no trabalho ou no dia-a-dia, que todos sabemos cheirar e que o aprimoramento deste sentido depende da dedicação pessoal de cada um.

Então caro leitor, desejo a você um feliz fim de ano. Aproveite todos os momentos de confraternização para aumentar ou confirmar o seu vocabulário olfativo!

Nos vemos no ano que vem, com novos capítulos olfativos.....

Un Joyeux Noel et une Bonne Annee 2009!

Dermeval de Carvalho
Toxicologia por Dermeval de Carvalho

Cosmético seguro - não faça pequenos planos

O uso de produtos cosméticos está presente ao longo dos séculos, enriquecido com historias, fatos hilariantes, curiosos e inacreditáveis (à luz do atual conhecimento científico) não constituem novidade àqueles que vêm trabalhando na área. O preparo do “cosmético da época”, por parte dos povos bizantinos, entre outros, mostrava a grandeza do empirismo, a crença na alquimia e a busca da preparação desejada, hoje ricamente rubricado como pesquisa e desenvolvimento.

Sem dúvida a beleza, a aparência pessoal e a sensação de bem-estar - hoje tipificados como parte integrante da qualidade de vida - já eram razão e motivo de forte interesse daqueles povos, mas a segurança, embora não documentada, não os preocupava.

Vejamos: conforme relatado em um dos mais antigos documentos - no Papiro de Ebers (1500 a.C) - alguns venenos já foram citados como metais pesados e plantas, provavelmente ingredientes utilizados nas primeiras preparações cosméticas. A História da Toxicologia reconhece Hippocrates (400 a.C), Theophrastus (370-286 a.C), entre outros, como parte do acervo científico e cultural das Ciências Toxicológicas.

A Idade Média marca a presença de Madame Toffana e sua clássica preparação cosmética - água de Toffana – que continha arsênico; na idade tida como a do esclarecimento científico, princípios e fundamentos da toxicologia, vários nomes poderiam ser citados, mas o imortal pronunciamento de Paracelsus (1493-1541): “All substances are poison; there is none which is not a poison. The right dose differentiates a poison from a remedy”, tem sido consagrado pelo tempo e se aplica, conseqüentemente, a qualquer situação onde ocorre a exposição.

A moderna Toxicologia cresceu, de forma assustadora, a partir da Segunda Guerra Mundial, graças à Toxicologia Analítica, mecanismos de ação dos xenobióticos e estudos interativos. A Toxicologia do século XXI constitui-se como desafio ao conhecimento das respostas celulares, permitindo à Ciência desvendar como os agentes ambientais, vistos de forma global, podem caminhar pelos trilhos que conduzem à toxicidade, resultando efeitos adversos a saúde (Toxicity testing in the 21st century - A vision and a strategy, The National Academies Press, Washington D.C., 2007).

A integração multiprofissional e multidisciplinar, a crescente interação entre sociedades científicas afins, a percepção de que as moléculas utilizadas em produtos cosméticos devem ser tratadas à semelhança daquelas usadas para outros fins têm permitido o conhecimento de parâmetros essenciais na avaliação de toxicidade do ingrediente cosmético. A título de ilustração, recente publicação divulga trabalho onde discute com riqueza científica os prováveis mecanismos envolvidos nos processos de irritabilidade cutânea, resultantes da exposição a peles sensíveis (Dieamant e cols., Neuroimmunomodulatory compound for sensitive skin care, International Journal of Toxicology 134(16): 28-39, 2008).

Toda a evolução do conhecimento, envolvendo segurança, seria em vão se não houvesse plena integração acadêmica, órgãos de fomento à pesquisa, órgãos regulatórios e setor regulado. A academia - o conhecimento científico - cujos resultados devem ser expressos na forma de publicações em revistas de impacto científico. Aos órgãos regulatórios competem o difícil e necessário mister de assegurar e garantir a saúde dos usuários. O setor regulado, do que sabemos, tem procurado estar pronto ao entendimento e parcerias com os órgãos de regulamentação, academia e agências de fomento, inclusive motivando reuniões técnicas e científicas de alto alcance.

Para fins de harmonização, estudos regulatórios comparativos, entre organismos de diferentes países, deve ser objeto de constante preocupação, se possível com a mesma velocidade que se pratica a comunicação eletrônica, pois o que se discute hoje em pesquisa e desenvolvimento poderá, no dia de amanhã, ser produto acabado, estar do outro lado do globo, porém os desdobramentos sanitário e econômico não podem ser meras expectativas (Comparative study on cosmetic Legislation, European Commission, DG, 2004).

Valcinir Bedin
Tricologia por Valcinir Bedin

Neurocosméticos e produtos capilares

A pele é dotada de um sistema particular e efetivo de comunicação e controle cuja função é proteger o organismo do meio ambiente. Este sistema engloba um outro sistema altamente denso e especializado de nervos autônomos e sensoriais distribuídos por todas as camadas da pele. A informação que passa por essa rede é processada no sistema nervoso central e pode produzir uma reação inflamatória, por meio da propagação dos impulsos. A atividade de resposta de um nervo pode ser determinada por neuropeptídeos liberados e receptores das estruturas-alvo correspondentes.

A beta-endorfina é um neurotransmissor peptídeo produzido sua maior parte no sistema nervoso central onde promove efeito analgésico e sensação de euforia quando ligado a receptores opiáceos. Já está provado que existe um sistema complexo e funcional de receptores de endorfina na pele. A beta-endorfina estimularia a migração de queratinócitos e estaria envolvida nos processos de reparação de feridas. Estariam também envolvidas no processo de bronzeamento. A importância do papel dos hormônios sobre os neurônios e sua correspondente reação química tem causado muito interesse na indústria de cosméticos. As recentes descobertas de que não somente o sistema nervoso central, mas também a pele é influenciada por beta-endorfinas e receptores opiáceos levaram ao desenvolvimento de novos ativos que têm propriedades semelhantes às da endorfina. Em 2007, no programa do Encontro Anual da Sociedade Norte-americana de Químicos Cosméticos, em Nova York, foi feita a primeira menção oficial a uma nova categoria de cosméticos, denominada “neurocosméticos”. Isso se deveu ao fato de os profissionais terem descoberto o sistema nervoso cutâneo.

Mas, afinal, o que é realmente um neurocosmético? É um produto que contém substância ativa cujo alvo são as terminações nervosas sensíveis ao calor, frio, dor, prurido e pressão. Esses receptores enviam sinais por meio de fibras da pele para a coluna e, em seguida, para o córtex cerebral.

Como exemplo mais simples temos o etanol, que age por meio da evaporação, criando uma sensação de frio. Outros compostos, como o éter ou aldeído acético, são até mais potentes. Entretanto, a evaporação é um modo de ação que não qualifica estes materiais como neuroativos.

Cosméticos agem sobre neurônios há muito tempo. O efeito refrigerante do mentol é um exemplo. O mentol, que age sobre termorreceptores para dar a sensação de frio, também pode causar a sensação de dor ou calor. Da mesma forma, a capsaicina pode causar sensação de calor. Obviamente, inúmeros ingredientes químicos podem desencadear impulsos nervosos.

Hoje temos as neurotrofinas, uma família de fatores de crescimento polipeptídeos. O mais importante membro desta família é o Fator de Crescimento Nervoso (NGF, sigla em inglês), necessário para a sobrevida de algumas classes de neurônios, incluindo alguns da pele. Testes mostraram que fatores neurotróficos, derivados do cérebro, regulam alguns mecanoreceptores cutâneos. Uma vez que a preservação da rede neurocutânea é benéfica para a pele, esta preservação é o local lógico da ação dos neurocosméticos.

Sabe-se que o NGF, como quase todos os compostos bioquímicos na natureza, diminuem sua atividade com o tempo. Acetilcolina, dopamina, adrenalina e serotonina são alguns exemplos de químicos neuroativos.

Peptideos biomiméticos, produzidos sinteticamente, podem replicar uma seqüência pequena, mas ativa, de aminoácidos neuromoduladores e torná-los disponíveis na derme. Uma vez que os dipeptídeos podem ser atacados por enzimas da pele, dipeptídeos decarboxilados têm sido usados para evitar esta destruição enzimática, enquanto mantêm a atividade semelhante dos neuropeptideos naturais. Algumas empresas já têm utilizado estes peptídeos em seus produtos finais, alguns em combinações com extratos vegetais e botânicos. Ainda não temos notícia da utilização dos neurocosméticos nos processos de tratamento dos problemas capilares, mas nos parece ser só uma questão de tempo.

Entender os processos do envelhecimento cutâneo e dos cabelos ainda está longe do fim, mas as possibilidades de se criar produtos novos e mais eficazes parece ser interminável. Os neurocosméticos são apenas um passo nessa direção.

Antonio Celso da Silva
Embalagens por Antonio Celso da Silva

Filtro de luz nas embalagens

O fim do ano se aproxima: Natal, Ano Novo, perspectiva de vendas melhores e, em conjunto, o verão. Tempo de muita luz e temperaturas elevadas.

Com os dias quentes e ensolarados, duas preocupações são comuns para os fabricantes de cosméticos: uma é a queda da viscosidade dos produtos, em função do aumento da temperatura ambiente. A outra é com relação à estabilidade da cor dos produtos, principalmente naqueles em que a embalagem é transparente, notadamente shampoos, condicionadores, sabonetes líquidos e loções hidratantes.

A preocupação com a queda de viscosidade existe; no entanto, não para aquelas empresas nas quais seus formuladores tiveram o necessário cuidado de submeter seus novos produtos aos testes de estabilidade. Esses testes garantem que as características do produto não sejam alteradas no Nordeste brasileiro a 40oC, ou no Sul, a 10oC, ou seja, a natural queda da viscosidade, em função da temperatura ambiente, não pode comprometer a eficácia ou a segurança do produto.

Com relação à estabilidade da cor, a preocupação é um pouco maior, embora também se façam necessários os testes de compatibilidade da embalagem com o produto durante o processo de desenvolvimento. Um dos pontos de avaliação no teste de compatibilidade é exatamente a estabilidade da cor, em presença direta de luz artificial e luz solar. Nesse aspecto, as empresas que atuam no mercado porta-a-porta levam alguma vantagem, pois não têm seus produtos expostos nos pontos de venda, muito deles sofrendo a ação direta e forte da luz solar ou da luz artificial nas vitrines.

Para manter a cor do produto existe o caminho químico, ou seja, a incorporação de filtro de luz na formulação do produto. Este caminho é muito utilizado e eficaz; porém, como conseqüência, ocorrem as incompatibilidades desses filtros, considerando que eles fazem parte da fórmula do produto. Um outro problema é que esses filtros normalmente têm uma determinada coloração que, inevitavelmente, acaba também colorindo levemente o produto.

O outro caminho, que vem sendo cada vez mais utilizado para manter a cor do produto, é a adição de filtros de luz na embalagem. Óbvio que a necessidade de filtro de luz é somente nas embalagens transparentes, na sua maioria PET (polietileno tereftalato) ou PVC (cloreto de polivinila). Além de evitar as incompatibilidades químicas, se comparado com o filtro no produto, é um excelente apelo de marketing e comprovadamente muito eficaz.

Em se optando pela adição de filtro de luz na embalagem são necessários alguns cuidados prévios:

- Fornecedor – Procure comprar a embalagem de um fornecedor que já trabalhe com essa tecnologia.

- Teste de eficácia - É importante fazer o teste de eficácia do filtro, usando-se vários e diferentes percentuais para detectar o mais efetivo na menor quantidade de uso porque o custo desses filtros pode inviabilizar o projeto.

- Cor - Alguns filtros deixam a embalagem ligeiramente azulada; outros amarelada. É preciso avaliar essa alteração de cor da embalagem com o produto no seu interior. Produtos de cor azul, por exemplo, podem externamente aparentar tons esverdeados se o filtro de luz conferir uma coloração amarelada à embalagem.

- Processo - O filtro pode ser adicionado durante o processo de sopro da embalagem e, neste caso, é de inteira responsabilidade do fabricante da embalagem manter a homogeneidade do filtro com os demais componentes durante o processo. O mais usual, no entanto, é o fabricante comprar a matéria-prima (PET, PVC etc.) já com o filtro incorporado.

- Controle de qualidade - Ainda não existe (ou pelo menos não conheço) um método – simples, eficiente, rápido e barato – para detectar o filtro de luz na embalagem, principalmente considerando-se o aspecto quantitativo; entretanto é um dos pontos que deve ser abordado e negociado com o fornecedor, pois ele pode orientar como fazer os testes no recebimento do lote.

Esses filtros são realmente eficazes; no entanto é preciso atentar para os cuidados mencionados anteriormente e não “comer” etapas durante a fase de testes, sob pena de não encontrar uma solução, mas sim ganhar um problema.






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